. O que são Células-Tronco?
São células jovens que apresentam a capacidade de auto-renovação (geram células filhas idênticas em forma e função a si próprias) e de originar todas as células do sangue.
Além disso, as recentes pesquisas mostram a possibilidade da Célula-Tronco regenerar outros órgãos e tecidos não pertencentes ao sistema sangüíneo.
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2. Qual é o uso real das Células-Tronco?
Atualmente, as Células-Tronco são utilizadas para recuperar o sistema hematopoético (células sangüíneas) de pacientes submetidos à quimioterapia e/ou à radioterapia. Nessas situações, a infusão das Células-Tronco é vital, uma vez que a quimioterapia e/ou a radioterapia também destrói as Células-Tronco do paciente.
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3. De onde podem ser obtidas as Células-Tronco?
As Células-Tronco podem ser obtidas de duas grandes fases do indivíduo:
Fase Adulta: Sangue de cordão umbilical, medula-óssea e sangue periférico mobilizado.
Fase Embrionária: Células contidas no blastocisto, estrutura formada nos primeiros dias após a fecundação.
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4. O que são células-tronco embrionárias?
São células encontradas no interior de embriões recém-fecundados, ou seja, dentro de uma estrutura denominada blastocisto, formada até 5 dias após o encontro do espermatozóide com o óvulo. A pesquisa destas células deve-se ao fato teórico de que possuem a potencialidade de formar praticamente todos os tecidos do corpo (multipotente). A lei de biossegurança aprovada no dia 2 de março de 2005 pelo Congresso Nacional, ainda aguardando sanção da Presidência da República, permite a pesquisa em células-tronco oriundas de fonte humana. Em virtude da complicada situação para sua obtenção, quando comparada à das células adultas (sangue de cordão umbilical, medula-óssea e sangue periférico), a lei de biossegurança, recém-aprovada, traz no seu Artigo 5º as regras para obtenção dos embriões humanos, a seguir transcritas:
“Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
I - sejam embriões inviáveis; ou
II - sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.
§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.
§ 3º É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática implica no crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.”
Fonte: Congresso Nacional
Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u67595.shtml
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5. A célula-tronco embrionária tem sido utilizada para o tratamento de doenças?
Comentário:
Desde o início das discussões sobre a lei de biossegurança, a Criogênesis tem participado no sentido de esclarecer o público quanto à real situação das pesquisas na área de células-tronco, seja embrionária ou adulta. Da mesma forma que a filosofia adotada pelo Instituto Nacional de Saúde do Governo dos Estados Unidos (NIH), claramente evidenciada no texto extraído da página oficial da entidade (abaixo transcrito), a Criogênesis deposita enorme confiança e investimento no potencial real e futuro das células provindas da fase adulta (sangue de cordão umbilical, medula óssea e sangue periférico). Em relação à fase em embrionária, aguardamos aprovação para que a nossa entidade também possa participar das pesquisas e trazer algum resultado nas próximas décadas.
“Scientists have been able to do experiments with human embryonic stem cells (hESC) only since 1998, when a group led by Dr. James Thompson at the University of Wisconsin developed a technique to isolate and grow the cells. Moreover, Federal funds to support hESC research have been available since only August 9, 2001, when President Bush announced his decision on Federal funding for hESC research. Because many academic researchers rely on Federal funds to support their laboratories, they are just beginning to learn how to grow and use the cells. Thus, although hESC are thought to offer potential cures and therapies for many devastating diseases, research using them is still in its early stages.
Adult stem cells, such as blood-forming stem cells in bone marrow (called hematopoietic stem cells, or HSCs), are currently the only type of stem cell commonly used to treat human diseases. Doctors have been transferring HSCs in bone marrow transplants for over 40 years. More advanced techniques of collecting, or "harvesting," HSCs are now used in order to treat leukemia, lymphoma and several inherited blood disorders.
The clinical potential of adult stem cells has also been demonstrated in the treatment of other human diseases that include diabetes and advanced kidney cancer. However, these newer uses have involved studies with a very limited number of patients.” (partes do texto foram negritadas sob responsabilidade exclusiva da Criogênesis).
Fonte: http://stemcells.nih.gov/info/health.asp
Diretoria Técnico-Científica da Criogênesis
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6. O que são células-tronco mesenquimais?
A célula-tronco mesenquimal (MSC) é encontrada primariamente na medula óssea e no sangue de cordão umbilical.
Possui a capacidade de gerar diferentes tecidos: ossos, tendão, cartilagem, tecidos adiposo e muscular, suporte medular e células neurais, colocando-se assim em evidência para procedimentos de engenharia de tecidos e suporte ao transplante de medula óssea.
Recentemente, a Prof. Dra. Mayana Zatz, Coordenadora do Projeto Genoma, sugeriu que os Bancos Privados e Públicos estocassem o tecido do cordão também. Segundo estudo publicado pela pesquisadora, o cordão umbilical apresenta uma grande quantidade de células-tronco mesenquimais.
Após a coleta do sangue e do tecido do cordão umbilical, a célula-tronco mesenquimal é purificada por meio de técnicas de cultivo. Além disso, o Grupo Criogênesis vem estudando, incansavelmente a expansão numérica deste tipo celular.
O uso clínico do Sangue de Cordão Umbilical em famílias sem risco definido é muito baixo. Embora a ciência demonstre um aumento na utilização clínica da Célula-Tronco do Sangue de Cordão Umbilical, grande parte ainda está na fase experimental e não deve ser especulado como tratamento disponível atualmente. Além disso, não podemos garantir o uso da Célula-Tronco Autóloga (do próprio paciente) em todas as doenças genéticas. Reiteramos nosso compromisso com a Ética e a Saúde Pública por meio da divulgação do Banco de Sangue de Cordão Umbilical Público e de informações cristalinas e precisas sobre o objetivo do Banco Privado.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Células-tronco (novidades)
são paulo / Células-troncoCELULAR RSS O Portal de Notícias da Globo
10/09/08 - 07h32 - Atualizado em 10/09/08 - 09h37
Justiça determina coleta de células-tronco de recém-nascido pelo SUS
Material foi coletado no parto, em São José do Rio Preto, interior de SP.
Irmã do bebê tem leucemia e pode ser salva com as células.
Do G1, com informações do Bom Dia São Paulo
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Uma decisão inédita da Justiça de São Paulo pode mudar a vida de uma família de São José do Rio Preto, a 438 km da capital. A mãe de um bebê recém-nascido teve autorização para que, durante o parto, fossem coletadas células-tronco do cordão umbilical. O procedimento foi custeado pelo Estado, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e trouxe esperança para a irmã da criança, que tem leucemia.
Entre o pedido e a decisão da Justiça foram 30 dias. O casal não poderia pagar pelo procedimento, que custa cerca de R$ 5 mil. O desfecho rápido surpreendeu a família.
O material coletado foi enviado para exame de compatibilidade em São Paulo. O resultado pode mudar a história da família.“Nós estamos muito alegres, muito esperançosos que vai dar tudo certo”, conta a mãe, Verônica Guilarduce.
Surpresa
A gravidez da pequena Sarah não foi planejada. Menos ainda o fato dela ter nascido exatamente um ano depois do diagnóstico de leucemia na irmã Júlia, de 8 anos.
“Depois de diagnosticada a doença, em dois meses eu engravidei. Quando eu fui no meu ginecologista, ele que me alertou, eu expliquei da Júlia. Ele falou assim ‘vai ser a cura da sua filha’”, conta Verônica. “Eu tenho esperança de que ela vai me curar dessa doença, se precisar”, conta Júlia.
O último passo antes de seguir para a sala de parto foi a assinatura dos papéis que autorizam a retirada do sangue do cordão. O médico de um laboratório especializado foi chamado para realizar a coleta.
O procedimento foi realizado logo após o corte do cordão. O material foi armazenado a uma temperatura de 100ºC negativos e poderá ser utilizado também para outros tratamentos num prazo de 20 anos.
Chance
A chance de compatibilidade entre as células tronco de Sarah e o sangue de Júlia é de 75%.“Existem vários casos de sucesso com esse tratamento, então é uma chance que ela vai ter”, explica o ginecologista Ricardo Garcia.
Agora, a família comemora a chegada de um novo filho e fica na expectativa do resultado da compatibilidade. “Tenho tanto a felicidade de ganhar mais um filho, como eu sei que há a possibilidade de curar a minha filha”, conta o pai das crianças, Ricardo Guilarduce.
Leia mais notícias de São Paulo
saiba mais
Exame de células-tronco de bebê sai em 15 dias
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Criogênesis - 08007732166
Células tronco - Brasil todo Coleta de Cordão e Sangue Umbilical
www.criogenesis.com.br
CCB - 0800.770.1112
Coleta de células-tronco de cordão umbilical em todo Brasil.
www.ccb.med.br
Células Tronco do Cordão
Umbilical. Olhe para o futuro. Conheça o Criobanco.
www.criobanco.com.br
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Dom, 25/01/2009 08h47
Com células-tronco, futuro da Medicina está chegando, diz cientista
Brasileiros entram em 'grupo de elite' ao produzir células sem embriões. Células podem se transformar em tecidos e remédios poderão ser criados.
Qui, 22/01/2009 10h52
Brasil entra na maior rede mundial de doadores de medula óssea
DOU publicou portaria que autoriza envio de amostras de células-tronco. As amostras enviadas podem ser de medula óssea ou sangue.
10/09/08 - 07h32 - Atualizado em 10/09/08 - 09h37
Justiça determina coleta de células-tronco de recém-nascido pelo SUS
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Irmã do bebê tem leucemia e pode ser salva com as células.
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Entre o pedido e a decisão da Justiça foram 30 dias. O casal não poderia pagar pelo procedimento, que custa cerca de R$ 5 mil. O desfecho rápido surpreendeu a família.
O material coletado foi enviado para exame de compatibilidade em São Paulo. O resultado pode mudar a história da família.“Nós estamos muito alegres, muito esperançosos que vai dar tudo certo”, conta a mãe, Verônica Guilarduce.
Surpresa
A gravidez da pequena Sarah não foi planejada. Menos ainda o fato dela ter nascido exatamente um ano depois do diagnóstico de leucemia na irmã Júlia, de 8 anos.
“Depois de diagnosticada a doença, em dois meses eu engravidei. Quando eu fui no meu ginecologista, ele que me alertou, eu expliquei da Júlia. Ele falou assim ‘vai ser a cura da sua filha’”, conta Verônica. “Eu tenho esperança de que ela vai me curar dessa doença, se precisar”, conta Júlia.
O último passo antes de seguir para a sala de parto foi a assinatura dos papéis que autorizam a retirada do sangue do cordão. O médico de um laboratório especializado foi chamado para realizar a coleta.
O procedimento foi realizado logo após o corte do cordão. O material foi armazenado a uma temperatura de 100ºC negativos e poderá ser utilizado também para outros tratamentos num prazo de 20 anos.
Chance
A chance de compatibilidade entre as células tronco de Sarah e o sangue de Júlia é de 75%.“Existem vários casos de sucesso com esse tratamento, então é uma chance que ela vai ter”, explica o ginecologista Ricardo Garcia.
Agora, a família comemora a chegada de um novo filho e fica na expectativa do resultado da compatibilidade. “Tenho tanto a felicidade de ganhar mais um filho, como eu sei que há a possibilidade de curar a minha filha”, conta o pai das crianças, Ricardo Guilarduce.
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Célula
A ORGANIZAÇÃO CELULAR DOS SERES VIVOS
A CÉLULA – SUA ESTRUTURA E SEU FUNCIONAMENTO:
Com exceção do vírus, todos os demais seres têm a sua estrutura baseada na célula.
Muitos são apenas unicelulares. Outros são pluricelulares. Mas, a despeito de certas diferenças, a arquitetura fundamental da célula se repete em todos os níveis de organização, tornando-a, indiscutivelmente, a UNIDADE DA VIDA. Na sua diminuta dimensão, a célula demonstra um admirável arranjo na disposição de microestruturas que representam os seus orgânulos, aos quais cabe a realização de importantes funções, como a síntese de proteínas, o determinismo genético, o armazenamento e a liberação de energia, a produção de substâncias que devem atuar no meio extracelular controlando as funções do organismo, ou até mesmo os cuidados em manter os equilibrios físico-químicos (equilibrio hidrossalino, equilíbrio ácido-básico) fundamental à preservação da vida.
CÉLULA PROCARIOTA E CÉLULA EUCARIOTA:
Em alguns organismos inferiores, podemos observar que a célula apresenta um núcleo individualizado, bem visível, em cujo interior se concentra o material genético. Pelo contrário, falta-lhe a membrana nuclear ou cariomembrana, pelo que o conteúdo nuclear se apresenta espalhado por todo o interior celular, dando a impressão de que a célula não possui núcleo. Em verdade, ela o possui. Apenas, ele não está individualizado. Encontra-se disperso ou difuso no citoplasma. A célula com essa característica é chamada célula procariótica, e os organismos que são formados por células desse tipo são os procariontes.
Bactérias e cianófilas (algas cianófilas) são procariontes. Os procariontes, nos anos mais recentes, foram desvinculados da natureza de animais e vegetais e classificados num reino especial só deles, que é o Reino Monera.
Todos os demais seres possuem células com núcleo bem individualizado, dotado de cariomembrana. Tais seres são chamados eucariontes, e suas células, visivelmente nucleadas, são qualificadas como células eucariotas.
PARTES DAS CÉLULAS:
MEMBRANA PLASMÁTICA: A membrana plasmática é formada por uma ampla camada lipídica, constituída de fosfolipídeos que mostram seus grupos polares (grupos hidrófilos, isto é, que têm atração por moléculas de água) voltados para as faces externa
e interna, portanto opostos, e os grupos apolares (hidrófobos) adjacentes. Mergulhadas nessa matriz lipídica encontram-se as moléculas de proteínas, com ampla capacidade de movimentação e deslocamento, cabendo-lhes papel de relevante importância na retenção e no transporte de outras moléculas através da membrana, entre os meios intra e extracelulares. As substâncias lipossolúveis atravessam a membrana passando direitamente através da dupla camada lipídica. As demais são transportadas pelas moléculas protéicas, que se movimentam como uma “roda d’água”, recolhendo-as de um lado e largando-as do outro. Íons e pequenas moléculas hidrossolúveis, inclusive a própria água, atravessam a membrana através de minúsculos canais formados pelas moléculas protéicas. Essa concepção de estrutura da membrana for batizada de mosaico fluido. A membrana plasmática representa a superfície da célula que possui adaptações especiais, que chamaremos de especializações da membrana e que passaremos a ver em seguida:
- Microvilosidades – São minúsculas expansões digitiformes (em forma de dedos) na
superfície da célula que se projetam para o meio extracelular, criando uma condição
de excepcional ampliação da área de absorção da célula dentro do mesmo limite de
superfície que ela já possuía.
Interdigitações – Representam um recurso para proporcionar a melhor ligação das
células entre si num tecido. Nesse caso, a superfície celular descreve saliências e reen-
trâncias que se encaixam perfeitamente nas saliências e reentrâncias das células vizinhas.
Desmossomos – São especializações da superfície celular destinadas também à maior
fixação de uma célula às células vizinhas. Parecem minúsculos “carrapatos” dispostos
a distâncias irregulares ao longo das membranas de separação de células contíguas.
Cílios e flagelos – Mostram-se como expansões celulares finas e muito móveis que
contribuem, por sua atividade, para a movimentação celular com deslocamento ou para proporcionar o aparecimento de correntes líquidas ao redor da célula.
ATIVIDADES DA MEMBRANA PLASMÁTICA:
O conjunto de substâncias que formam a matéria viva e ativa da célula recebe o nome de protoplasma. O protoplasma compõe-se de soluções coloidais, soluções químicas e suspensões. As soluções coloidais, por sua própria natureza, não atravessam as membranas semipermeáveis. Por isso, como a membrana plasmática é uma membrana semipermeável, não há condição para o extravasamento dos colóides citoplasmáticos para fora da célula. Sob esse aspecto, a membrana já começa a selecionar o que deve entrar ou sair da célula. Por outro lado, entretanto, a água e as soluções químicas podem atravessar a membrana facilmente, pelo fenômeno da DIFUSÃO SIMPLES. A difusão compreende a osmose e a diálise.
A osmose é a passagem de moléculas de água através de uma membrana semipermeável sempre no sentido do meio hipotônico, isto é, menos concentrado (onde, proporcionalmente, a quantidade de moléculas de água é maior por unidade de volume) para o meio hipertônico, ou seja, mais concentrado (no qual a quantidade de moléculas de água é menor por unidade de volume).
A diálise é a difusão de partículas do soluto das soluções químicas através da membrana plasmática. Essa passagem se faz sempre no sentido da solução mais concentrada para a solução menos concentrada.
Repare que, apesar de um aparente contraste no sentido em que se processam os fluxos na osmose e na diálise, eles obedecem igualmente às mesmas leis físicas da difusão (as partículas passam do setor onde é maior a sua energia cinética para o setor onde ela é menor).
Em função dessa atividade, dizemos que a membrana plasmática é dotada de Permeabilidade Seletiva, pois seleciona o trânsito de substâncias através da sua estrutura.
Além dos mecanismos de difusão, a membrana plasmática, na sua função de permeabilidade seletiva, faz uso de outros recursos, tais como a difusão facilitada, o transporte ativo e o transporte em bloco.
Na difusão facilitada participam moléculas especiais, de natureza protéica, integrantes da estrutura da membrana, que se ocupam de recolher pequenas moléculas e íons do meio extracelular e, através de movimentos em giros, com uma roda d’água, descarregá-los no meio intracelular (ou vice-versa). O importante, todavia, é que esse mecanismo acelera o transporte de substâncias através da membrana sem consumo de energia pela célula. A osmose, a diálise e a difusão facilitada constituem formas alternativas de transporte passivo, pois em nenhuma delas ocorre dispêndio de energia pela célula.
No transporte ativo já se observa o consumo de energia pela célula. Ele consiste na passagem de moléculas de um lado para o outro da membrana plasmática sempre contra um gradiente de concentração, isto é, contra as leis da difusão. A absorção de sais pelas raízes se processa habitualmente por transporte ativo. Isto quer dizer que, embora haja uma concentração maior dos sais intracelularmente do que no meio ambiente, ainda assim os sais continuam entrando nas células. Da mesma forma, a passagem da glicose para o interior das células, no nosso organismo, frequentemente se faz por transporte ativo. Para que esse fenômeno ocorra, participam moléculas protéicas especiais que agem como “transportadores”, aos quais, para fixarem a molécula ou íon a ser transportado, exigem uma reação de fosforilação, que implica dispêndio de energia pela célula.
No transporte em bloco, a bem dizer, não é uma atribuição exclusiva da membrana plasmática, mas ela está envolvida nesse fenômeno. Ele compreende o englobamento de partículas ou blocos de substâncias que, por seu volume acentuadamente grande, não poderiam atravessar a membrana plasmática sem rompê-la. Em tal condição, a célula promove modificações da sua superfície, mobilizando inclusive a membrana plasmática, no sentido de “englobar” o material a ser recolhido.
Mas esse fenômeno pode ocorrer, também, em sentido contrário, isto é, visando à eliminação de um bloco de material. Portanto, o transporte em bloco compreende a endocitose e a exocitose.
A endocitose de partículas sólidas recebe o nome especial de fagocitose. Amebas, leucócitos e macrófagos (estes últimos, células do tecido conjuntivo) realizam fagocitose, emitindo pseudópodos (expansões citoplasmáticas envoltas por membrana) que “abraçam” o material a ser englobado.
A 0endocitose realizada com o fim de englobar pequenas porções de substâncias líquidas recebe o nome de pinocitose. As células da mucosa intestinal praticam rotineiramente a pinocitose para a absorção de substâncias nutrientes resultantes da digestão alimentar.
A exocitose é um movimento contrário ao da endocitose e, portanto, destinado à expulsão de substância da célula. Ela se faz através do aparecimento de uma vesícula intracitoplasmática contendo material indesejável, que se desloca até a superfície da célula, tocando a membrana plasmática. Nesse ponto, a membrana se desfaz e a vesícula espulsa o seu conteúdo. As vesículas de eliminação são denominadas vesículas de clasmatose ou clasmocitose.
CITOPLASMA
É uma massa gelatinosa e homogênea, com uma estrutura complexa, onde existe uma emaranhada rede de canículos, que às vezes se alargam em bolsas achatadas e cisternas, formando o retículo endoplasmático. Todo esse sistema canicular é delimitado por membranas lipoprotéicas e os espaços que permeiam essa intricada rede são preenchidos por material que constitui o hialoplasma ou citoplasma fundamental. O espaço compreendido entre a membrana plasmática e a membrana nuclear chama-se citossomo, e nesse espaço, em meio à complexa trama do retículo endoplasmático existem estruturas chamadas: mitocôndrias, complexo de Golgi (ou aparelho de Golgi), cloroplastos, centríolo (ou centrossomo), lisossomos, peroxissomos, esferossomos, vacúolos e microtúbulos, bem como estruturas nucleares, como a cariomembrana (ou membrana nuclear), cromossomos e nucléolos.
Retículo Endoplasmático: É um sistema de canalículos que confluem para pequenos
vacúolos ou se abrem em bolsas achatadas ou cisternas, formando uma emaranhada
rede que ocupa a maior parte do citoplasma. Todo esse sistema é delimitado por mem –
branas lipoprotéicas. As principais funções do retículo endoplasmático é a produção de
proteínas e como via de transporte de substâncias de um ponto para outro no citoplasma
Complexo de Golgi: É uma região especial que se mostra como um empilhamento de
bolsas achatadas ou cisternas, rodeadas de pequenos vacúolos ou vesículas que se des-
prendem das bolsas por brotamento. Suas principais atividades são: síntese de esterói-
des, produção de glicoproteínas, acúmulo de proteínas sintetizadas no retículo endo-
plasmático para posterior eliminação através de vesículas de clasmocitose.
Mitocôndrias: São orgânulos citoplasmáticos encontrados em todas as células eucario-
tas. Suas formas e dimensões são variaveis, podendo ser arredondadas ou em bastone-
tes. As mitocôndrias desenvolvem importante atividade nos processos metabólicos ce-
lulares, pois a elas cabe a função de reprocessar a energia contida nas moléculas dos
compostos orgânicos obtidos pela alimentação, transferindo o acúmulo energético para
outras moléculas especializadas para armazenamento e liberação rápida de energia, re –
presentadas, principalmente, pelo ATP (Trifosfato de adenosina).
Plastos ou plastídeos: São orgânulos citoplasmáticos de estrutura membranosa dife-
renciados pela cor que revelam: cloroplastos (verdes), leucoplastos (brancos), cromo –
plastos (coloridos). São mais comuns em células vegetais contribuindo com a clorofila
na realização da fotossíntese.
Lisossomos: São minúsculas vesículas delimitadas por membrana lipoprotéica espa-
lhadas pelo citoplasma. Desempenham importante papel na realização do fenômeno de
digestão intracelular.
Peroxissomos: São pequeninas vesículas contendo enzimas oxidantes, delimitadas por
membrana lipoprotéica. É importante não confundir esses orgânulos com os lisossomos
pois não só são diferentes estruturalmente como também diferem no seu conteúdo. Os
peroxissomos possuem enzimas oxidantes, enquanto os lisossomos possuem enzimas
hidrolisantes.
Esferossomos: São orgânulos encontrados em células vegetais delimitados por mem-
brana lipoprotéica. Têm certa semelhança funcional com os lisossomos, pois também
encerram algumas enzimas hidrolisantes.
Vacúolos: São como orificios dentro da célula, às vezes com água e substâncias, que
“digerem ou excretam” substâncias. Existem três tipos de vacúolos: digestivos, pulsá-
teis ou vacúolos de suco celular.
Centrossomo: É uma estrutura não membranosa do citoplasma que tem papel impor–
tante durante as etapas de mitose orientando a distribuição de cromossomos para as cé-
lulas-mãe.
Microtúbulos: São estruturas protéicas distribuídas por todo o citoplasma, sem locali-
zação precisa. Têm grande facilidade de aumentar ou diminuir o seu comprimento rapi-
damente retraindo e arrastando os cromossomos para os pólos da célula.
NÚCLEO CELULAR
O núcleo é uma estrutura na maioria das vezes esféricas, delimitada por uma membrana dupla com numerosos polos e que se apresenta constante praticamente em todas as células, mesmo nas procarióticas, onde, ainda que difuso, não deixa de estar presente.
Os componentes gerais do núcleo são:
Membrana nuclear (cariomembrana ou carioteca): É uma membrana dupla,de natu-
reza lipoprotéica, com numerosos poros. Esses poros têm diâmetros consideráveis que permitem a passagem inclusive de macromoléculas, como proteínas e ácidos nucléicos.
Suco nuclear: O suco nuclear é um líquido claro, homogêneo, contendo água e proteí-
nas globulares, no qual se encontram mergulhados os filamentos de cromatina que for-
mam o retículo nuclear. Também nesse líquido ficam em suspensão os nucléolos e os
cromossomos, quando começam a se formar.
Retículo nuclear: É uma rede de filamentos delgados formados por uma substância
chamada cromatina. A cromatina, é uma proteína composta por grande número de ami-
noácidos ligados a um radical de ácido nucléico representado por uma molécula de
DNA.
Cromossomos: Quando a célula entra em mitose, os cromonemas assumem um novo
aspecto. Tomam o formato de uma “mola”, surgindo ao exame microscópico da célula
como cordões curtos e espessos. Possuem DNA na sua estrutura o que representa o
seu material genético, responsável pela transmissão dos caracteres hereditários de pais
a filhos.
Nucléolos: Os nucléolos verdadeiros ou plasmossomos são conglomerados de molécu-
las de RNAr (RNA ribossomal, isto é, RNA que entra na composição dos ribossomos)
na zona SAT de certos cromossomos, quando ainda desespiralados.
AS FUNÇÕES DO NÚCLEO:
O núcleo encerra nos seus cromossomos todo o material genético (representado por moléculas de DNA) que responde pela programação completa das atividades que a célula deverá desenvolver durante toda a sua vida. Os genes, que reconhecemos como os elementos responsáveis pelo determinismo genético na célula, nada mais são do que segmentos de moléculas de DNA. Os segmentos de DNA que constituem os genes têm a capacidade de controlar a formação de outras moléculas especiais, que são as moléculas de RNA, as quais, passando posteriormente ao citoplasma, vão comandar a síntese de proteínas. As proteínas que se formam nas células são todas elas previamente programadas pelos genes. A programação depende de um verdadeiro “código genético” estabelecido pela sequência de bases nitrogenadas do DNA. Mas a execução desse trabalho compete aos RNA. Muitas das proteínas formadas têm função simplesmente estrutural na célula. Mas outras, são enzimas ou proteínas de naturezas diversas, de cuja ação resultarão efeitos notáveis no comportamento celular ou orgânico do indivíduo. Diante disso, podemos concluir que o núcleo celular tem importância decisiva na vida e no comportamento da célula. Se ela o perde, evolui progressivamente para a morte. Mas, se após ter sido enucleada, nela for reimplantada um novo núcleo, ela continuará viva e poderá até se reproduzir.
A DIVISÃO CELULAR:
A divisão celular é o fenômeno pelo qual uma célula se divide em duas novas células. Isso pode representar fator importante no desenvolvimento de um organismo ou, simplesmente, constituir-se no único recurso de reprodução quando se trata de espécie unicelular.
Nos seres organizados, as células se reproduzem através de um mecanismo bem mais complexo, mais demorado, que envolve transformações citoplasmáticas e, sobretudo, profundas modificações nucleares. Esse processo de divisão celular em que o material genético se evidencia sob a forma de cromossomos e é criteriosamente distribuído às células-filhas recebeu o nome de mitose ou cariocinese.
Na mitose as células-filhas são idênticas às células-mãe, pois encerram o mesmo número de cromossomos que esta última possuía e contém a mesma programação genética. Assim, se a célula-mãe era diplóide (continha os cromossomos aos pares), as células-filhas também
o são. Se era haplóide (tinha apenas um cromossomo de cada tipo), o mesmo se repete nas células-filhas.
A meiose é um fenômeno bem mais complexo, com objetivos definidos bem diversos dos de uma simples divisão celular. A meiose é o processo pelo qual células diplóides podem originar células haplóides, o que se faz através de duas divisões celulares sucessivas, e que ocorre, na grande maioria das vezes, para a formação de gametas, e, em alguns casos, para a formação de esporos.
A mitose visa a reprodução celular com o fim de proporcionar o desenvolvimento do organismo e a renovação ou regeneração dos tecidos.
A meiose tem por principal objetivo formar células destinadas à reprodução da espécie, em recombinação gênica e, sobretudo, sem duplicar o cariótipo dos indivíduos a cada geração, o que fatalmente ocorreria se os gametas fossem diplóides.
A RESPIRAÇÃO CELULAR:
RESPIRAÇÃO AERÓBICA: As substâncias orgânicas (carboidratos, lipídios e proteínas) assimiladas pela célula devem ser consumidas por meio de complexas reações de oxidação. Através dessas reações, haverá a liberação de energia nelas contidas. E essa energia será utilizada para o trabalho celular (movimentos ciliares, flagelares e amebóides, contrações do citoplasma que promovem a ciclose, a síntese de ácidos nucléicos e de proteínas etc), bem como, para o trabalho orgânico (contrações musculares, ordens nervosas motoras, atividade intelectual, movimentos viscerais etc). O processo de degradação de tais moléculas ocorre no interior das células em 03 etapas distintas: a glicólise ou piruvato, o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória. A glicólise ou piruvato transcorre-se no interior do citoplasma. Já as duas outras etapas seguintes se processam dentro das mitocôndrias, notando-se que o ciclo de Krebs passa-se em meio à matriz mitocondrial, enquanto a cadeia respiratória se desenvolve ao nível das cristas mitocondriais, ou mais precisamente, nos corpúsculos elementares que ficam aderidos às cristas mitocondriais.
RESPIRAÇÃO ANAERÓBICA: Alguns poucos seres, na natureza, conseguem sobreviver em ambiente totalmente desprovido de oxigênio livre. Algumas bactérias, alguns fungos e os vermes intestinais têm essa habilidade. É evidente que, para viver, qualquer desses seres precisa de energia. Para obtê-la, ele terá de promover, a nível celular, a degradação das moléculasorgânicas, quebrando-lhes as cadeias de carbono. Vai daí que, também, tais seres realizam oxidações e liberam íons de H+. Se vivem em ausência de O2, então quem agirá com “aceptor de íons de hidrogênio” para eles, evitando-lhes a acidose metabólica? O aceptor final dos hidrogênios, nesse caso, não é o oxigênio. Em muitos desses seres, ele é um composto inorgânico, como um nitrato, um sulfato ou um carbonato. As bactérias denitrificantes do solo, por exemplo, aproveitam seu íons de H+ e respectivos elétrons combinando-os com nitratos provenientes do meio extra-celular.
FERMENTAÇÃO: A fermentação é uma forma especial de respiração anaeróbica. Tem, apenas, a particularidade de apresentar como aceptores finais dos íons hidrogênio não compostos inorgânicos, mas subprodutos da própria degradação das moléculas orgânicas, ainda, também, de natureza orgânica. Em outras palavras: o próprio ácido pirúvico, decorrente da degradação da glicose, age como aceptor dos H+, retirando-os de circulação. E, assim, conforme a arrumação dos hidrogênios na molécula do ácido pirúvico, ele poderá terminar decompondo-se em etanol (álcool etílico) ou passar a ácido lático.
A CÉLULA – SUA ESTRUTURA E SEU FUNCIONAMENTO:
Com exceção do vírus, todos os demais seres têm a sua estrutura baseada na célula.
Muitos são apenas unicelulares. Outros são pluricelulares. Mas, a despeito de certas diferenças, a arquitetura fundamental da célula se repete em todos os níveis de organização, tornando-a, indiscutivelmente, a UNIDADE DA VIDA. Na sua diminuta dimensão, a célula demonstra um admirável arranjo na disposição de microestruturas que representam os seus orgânulos, aos quais cabe a realização de importantes funções, como a síntese de proteínas, o determinismo genético, o armazenamento e a liberação de energia, a produção de substâncias que devem atuar no meio extracelular controlando as funções do organismo, ou até mesmo os cuidados em manter os equilibrios físico-químicos (equilibrio hidrossalino, equilíbrio ácido-básico) fundamental à preservação da vida.
CÉLULA PROCARIOTA E CÉLULA EUCARIOTA:
Em alguns organismos inferiores, podemos observar que a célula apresenta um núcleo individualizado, bem visível, em cujo interior se concentra o material genético. Pelo contrário, falta-lhe a membrana nuclear ou cariomembrana, pelo que o conteúdo nuclear se apresenta espalhado por todo o interior celular, dando a impressão de que a célula não possui núcleo. Em verdade, ela o possui. Apenas, ele não está individualizado. Encontra-se disperso ou difuso no citoplasma. A célula com essa característica é chamada célula procariótica, e os organismos que são formados por células desse tipo são os procariontes.
Bactérias e cianófilas (algas cianófilas) são procariontes. Os procariontes, nos anos mais recentes, foram desvinculados da natureza de animais e vegetais e classificados num reino especial só deles, que é o Reino Monera.
Todos os demais seres possuem células com núcleo bem individualizado, dotado de cariomembrana. Tais seres são chamados eucariontes, e suas células, visivelmente nucleadas, são qualificadas como células eucariotas.
PARTES DAS CÉLULAS:
MEMBRANA PLASMÁTICA: A membrana plasmática é formada por uma ampla camada lipídica, constituída de fosfolipídeos que mostram seus grupos polares (grupos hidrófilos, isto é, que têm atração por moléculas de água) voltados para as faces externa
e interna, portanto opostos, e os grupos apolares (hidrófobos) adjacentes. Mergulhadas nessa matriz lipídica encontram-se as moléculas de proteínas, com ampla capacidade de movimentação e deslocamento, cabendo-lhes papel de relevante importância na retenção e no transporte de outras moléculas através da membrana, entre os meios intra e extracelulares. As substâncias lipossolúveis atravessam a membrana passando direitamente através da dupla camada lipídica. As demais são transportadas pelas moléculas protéicas, que se movimentam como uma “roda d’água”, recolhendo-as de um lado e largando-as do outro. Íons e pequenas moléculas hidrossolúveis, inclusive a própria água, atravessam a membrana através de minúsculos canais formados pelas moléculas protéicas. Essa concepção de estrutura da membrana for batizada de mosaico fluido. A membrana plasmática representa a superfície da célula que possui adaptações especiais, que chamaremos de especializações da membrana e que passaremos a ver em seguida:
- Microvilosidades – São minúsculas expansões digitiformes (em forma de dedos) na
superfície da célula que se projetam para o meio extracelular, criando uma condição
de excepcional ampliação da área de absorção da célula dentro do mesmo limite de
superfície que ela já possuía.
Interdigitações – Representam um recurso para proporcionar a melhor ligação das
células entre si num tecido. Nesse caso, a superfície celular descreve saliências e reen-
trâncias que se encaixam perfeitamente nas saliências e reentrâncias das células vizinhas.
Desmossomos – São especializações da superfície celular destinadas também à maior
fixação de uma célula às células vizinhas. Parecem minúsculos “carrapatos” dispostos
a distâncias irregulares ao longo das membranas de separação de células contíguas.
Cílios e flagelos – Mostram-se como expansões celulares finas e muito móveis que
contribuem, por sua atividade, para a movimentação celular com deslocamento ou para proporcionar o aparecimento de correntes líquidas ao redor da célula.
ATIVIDADES DA MEMBRANA PLASMÁTICA:
O conjunto de substâncias que formam a matéria viva e ativa da célula recebe o nome de protoplasma. O protoplasma compõe-se de soluções coloidais, soluções químicas e suspensões. As soluções coloidais, por sua própria natureza, não atravessam as membranas semipermeáveis. Por isso, como a membrana plasmática é uma membrana semipermeável, não há condição para o extravasamento dos colóides citoplasmáticos para fora da célula. Sob esse aspecto, a membrana já começa a selecionar o que deve entrar ou sair da célula. Por outro lado, entretanto, a água e as soluções químicas podem atravessar a membrana facilmente, pelo fenômeno da DIFUSÃO SIMPLES. A difusão compreende a osmose e a diálise.
A osmose é a passagem de moléculas de água através de uma membrana semipermeável sempre no sentido do meio hipotônico, isto é, menos concentrado (onde, proporcionalmente, a quantidade de moléculas de água é maior por unidade de volume) para o meio hipertônico, ou seja, mais concentrado (no qual a quantidade de moléculas de água é menor por unidade de volume).
A diálise é a difusão de partículas do soluto das soluções químicas através da membrana plasmática. Essa passagem se faz sempre no sentido da solução mais concentrada para a solução menos concentrada.
Repare que, apesar de um aparente contraste no sentido em que se processam os fluxos na osmose e na diálise, eles obedecem igualmente às mesmas leis físicas da difusão (as partículas passam do setor onde é maior a sua energia cinética para o setor onde ela é menor).
Em função dessa atividade, dizemos que a membrana plasmática é dotada de Permeabilidade Seletiva, pois seleciona o trânsito de substâncias através da sua estrutura.
Além dos mecanismos de difusão, a membrana plasmática, na sua função de permeabilidade seletiva, faz uso de outros recursos, tais como a difusão facilitada, o transporte ativo e o transporte em bloco.
Na difusão facilitada participam moléculas especiais, de natureza protéica, integrantes da estrutura da membrana, que se ocupam de recolher pequenas moléculas e íons do meio extracelular e, através de movimentos em giros, com uma roda d’água, descarregá-los no meio intracelular (ou vice-versa). O importante, todavia, é que esse mecanismo acelera o transporte de substâncias através da membrana sem consumo de energia pela célula. A osmose, a diálise e a difusão facilitada constituem formas alternativas de transporte passivo, pois em nenhuma delas ocorre dispêndio de energia pela célula.
No transporte ativo já se observa o consumo de energia pela célula. Ele consiste na passagem de moléculas de um lado para o outro da membrana plasmática sempre contra um gradiente de concentração, isto é, contra as leis da difusão. A absorção de sais pelas raízes se processa habitualmente por transporte ativo. Isto quer dizer que, embora haja uma concentração maior dos sais intracelularmente do que no meio ambiente, ainda assim os sais continuam entrando nas células. Da mesma forma, a passagem da glicose para o interior das células, no nosso organismo, frequentemente se faz por transporte ativo. Para que esse fenômeno ocorra, participam moléculas protéicas especiais que agem como “transportadores”, aos quais, para fixarem a molécula ou íon a ser transportado, exigem uma reação de fosforilação, que implica dispêndio de energia pela célula.
No transporte em bloco, a bem dizer, não é uma atribuição exclusiva da membrana plasmática, mas ela está envolvida nesse fenômeno. Ele compreende o englobamento de partículas ou blocos de substâncias que, por seu volume acentuadamente grande, não poderiam atravessar a membrana plasmática sem rompê-la. Em tal condição, a célula promove modificações da sua superfície, mobilizando inclusive a membrana plasmática, no sentido de “englobar” o material a ser recolhido.
Mas esse fenômeno pode ocorrer, também, em sentido contrário, isto é, visando à eliminação de um bloco de material. Portanto, o transporte em bloco compreende a endocitose e a exocitose.
A endocitose de partículas sólidas recebe o nome especial de fagocitose. Amebas, leucócitos e macrófagos (estes últimos, células do tecido conjuntivo) realizam fagocitose, emitindo pseudópodos (expansões citoplasmáticas envoltas por membrana) que “abraçam” o material a ser englobado.
A 0endocitose realizada com o fim de englobar pequenas porções de substâncias líquidas recebe o nome de pinocitose. As células da mucosa intestinal praticam rotineiramente a pinocitose para a absorção de substâncias nutrientes resultantes da digestão alimentar.
A exocitose é um movimento contrário ao da endocitose e, portanto, destinado à expulsão de substância da célula. Ela se faz através do aparecimento de uma vesícula intracitoplasmática contendo material indesejável, que se desloca até a superfície da célula, tocando a membrana plasmática. Nesse ponto, a membrana se desfaz e a vesícula espulsa o seu conteúdo. As vesículas de eliminação são denominadas vesículas de clasmatose ou clasmocitose.
CITOPLASMA
É uma massa gelatinosa e homogênea, com uma estrutura complexa, onde existe uma emaranhada rede de canículos, que às vezes se alargam em bolsas achatadas e cisternas, formando o retículo endoplasmático. Todo esse sistema canicular é delimitado por membranas lipoprotéicas e os espaços que permeiam essa intricada rede são preenchidos por material que constitui o hialoplasma ou citoplasma fundamental. O espaço compreendido entre a membrana plasmática e a membrana nuclear chama-se citossomo, e nesse espaço, em meio à complexa trama do retículo endoplasmático existem estruturas chamadas: mitocôndrias, complexo de Golgi (ou aparelho de Golgi), cloroplastos, centríolo (ou centrossomo), lisossomos, peroxissomos, esferossomos, vacúolos e microtúbulos, bem como estruturas nucleares, como a cariomembrana (ou membrana nuclear), cromossomos e nucléolos.
Retículo Endoplasmático: É um sistema de canalículos que confluem para pequenos
vacúolos ou se abrem em bolsas achatadas ou cisternas, formando uma emaranhada
rede que ocupa a maior parte do citoplasma. Todo esse sistema é delimitado por mem –
branas lipoprotéicas. As principais funções do retículo endoplasmático é a produção de
proteínas e como via de transporte de substâncias de um ponto para outro no citoplasma
Complexo de Golgi: É uma região especial que se mostra como um empilhamento de
bolsas achatadas ou cisternas, rodeadas de pequenos vacúolos ou vesículas que se des-
prendem das bolsas por brotamento. Suas principais atividades são: síntese de esterói-
des, produção de glicoproteínas, acúmulo de proteínas sintetizadas no retículo endo-
plasmático para posterior eliminação através de vesículas de clasmocitose.
Mitocôndrias: São orgânulos citoplasmáticos encontrados em todas as células eucario-
tas. Suas formas e dimensões são variaveis, podendo ser arredondadas ou em bastone-
tes. As mitocôndrias desenvolvem importante atividade nos processos metabólicos ce-
lulares, pois a elas cabe a função de reprocessar a energia contida nas moléculas dos
compostos orgânicos obtidos pela alimentação, transferindo o acúmulo energético para
outras moléculas especializadas para armazenamento e liberação rápida de energia, re –
presentadas, principalmente, pelo ATP (Trifosfato de adenosina).
Plastos ou plastídeos: São orgânulos citoplasmáticos de estrutura membranosa dife-
renciados pela cor que revelam: cloroplastos (verdes), leucoplastos (brancos), cromo –
plastos (coloridos). São mais comuns em células vegetais contribuindo com a clorofila
na realização da fotossíntese.
Lisossomos: São minúsculas vesículas delimitadas por membrana lipoprotéica espa-
lhadas pelo citoplasma. Desempenham importante papel na realização do fenômeno de
digestão intracelular.
Peroxissomos: São pequeninas vesículas contendo enzimas oxidantes, delimitadas por
membrana lipoprotéica. É importante não confundir esses orgânulos com os lisossomos
pois não só são diferentes estruturalmente como também diferem no seu conteúdo. Os
peroxissomos possuem enzimas oxidantes, enquanto os lisossomos possuem enzimas
hidrolisantes.
Esferossomos: São orgânulos encontrados em células vegetais delimitados por mem-
brana lipoprotéica. Têm certa semelhança funcional com os lisossomos, pois também
encerram algumas enzimas hidrolisantes.
Vacúolos: São como orificios dentro da célula, às vezes com água e substâncias, que
“digerem ou excretam” substâncias. Existem três tipos de vacúolos: digestivos, pulsá-
teis ou vacúolos de suco celular.
Centrossomo: É uma estrutura não membranosa do citoplasma que tem papel impor–
tante durante as etapas de mitose orientando a distribuição de cromossomos para as cé-
lulas-mãe.
Microtúbulos: São estruturas protéicas distribuídas por todo o citoplasma, sem locali-
zação precisa. Têm grande facilidade de aumentar ou diminuir o seu comprimento rapi-
damente retraindo e arrastando os cromossomos para os pólos da célula.
NÚCLEO CELULAR
O núcleo é uma estrutura na maioria das vezes esféricas, delimitada por uma membrana dupla com numerosos polos e que se apresenta constante praticamente em todas as células, mesmo nas procarióticas, onde, ainda que difuso, não deixa de estar presente.
Os componentes gerais do núcleo são:
Membrana nuclear (cariomembrana ou carioteca): É uma membrana dupla,de natu-
reza lipoprotéica, com numerosos poros. Esses poros têm diâmetros consideráveis que permitem a passagem inclusive de macromoléculas, como proteínas e ácidos nucléicos.
Suco nuclear: O suco nuclear é um líquido claro, homogêneo, contendo água e proteí-
nas globulares, no qual se encontram mergulhados os filamentos de cromatina que for-
mam o retículo nuclear. Também nesse líquido ficam em suspensão os nucléolos e os
cromossomos, quando começam a se formar.
Retículo nuclear: É uma rede de filamentos delgados formados por uma substância
chamada cromatina. A cromatina, é uma proteína composta por grande número de ami-
noácidos ligados a um radical de ácido nucléico representado por uma molécula de
DNA.
Cromossomos: Quando a célula entra em mitose, os cromonemas assumem um novo
aspecto. Tomam o formato de uma “mola”, surgindo ao exame microscópico da célula
como cordões curtos e espessos. Possuem DNA na sua estrutura o que representa o
seu material genético, responsável pela transmissão dos caracteres hereditários de pais
a filhos.
Nucléolos: Os nucléolos verdadeiros ou plasmossomos são conglomerados de molécu-
las de RNAr (RNA ribossomal, isto é, RNA que entra na composição dos ribossomos)
na zona SAT de certos cromossomos, quando ainda desespiralados.
AS FUNÇÕES DO NÚCLEO:
O núcleo encerra nos seus cromossomos todo o material genético (representado por moléculas de DNA) que responde pela programação completa das atividades que a célula deverá desenvolver durante toda a sua vida. Os genes, que reconhecemos como os elementos responsáveis pelo determinismo genético na célula, nada mais são do que segmentos de moléculas de DNA. Os segmentos de DNA que constituem os genes têm a capacidade de controlar a formação de outras moléculas especiais, que são as moléculas de RNA, as quais, passando posteriormente ao citoplasma, vão comandar a síntese de proteínas. As proteínas que se formam nas células são todas elas previamente programadas pelos genes. A programação depende de um verdadeiro “código genético” estabelecido pela sequência de bases nitrogenadas do DNA. Mas a execução desse trabalho compete aos RNA. Muitas das proteínas formadas têm função simplesmente estrutural na célula. Mas outras, são enzimas ou proteínas de naturezas diversas, de cuja ação resultarão efeitos notáveis no comportamento celular ou orgânico do indivíduo. Diante disso, podemos concluir que o núcleo celular tem importância decisiva na vida e no comportamento da célula. Se ela o perde, evolui progressivamente para a morte. Mas, se após ter sido enucleada, nela for reimplantada um novo núcleo, ela continuará viva e poderá até se reproduzir.
A DIVISÃO CELULAR:
A divisão celular é o fenômeno pelo qual uma célula se divide em duas novas células. Isso pode representar fator importante no desenvolvimento de um organismo ou, simplesmente, constituir-se no único recurso de reprodução quando se trata de espécie unicelular.
Nos seres organizados, as células se reproduzem através de um mecanismo bem mais complexo, mais demorado, que envolve transformações citoplasmáticas e, sobretudo, profundas modificações nucleares. Esse processo de divisão celular em que o material genético se evidencia sob a forma de cromossomos e é criteriosamente distribuído às células-filhas recebeu o nome de mitose ou cariocinese.
Na mitose as células-filhas são idênticas às células-mãe, pois encerram o mesmo número de cromossomos que esta última possuía e contém a mesma programação genética. Assim, se a célula-mãe era diplóide (continha os cromossomos aos pares), as células-filhas também
o são. Se era haplóide (tinha apenas um cromossomo de cada tipo), o mesmo se repete nas células-filhas.
A meiose é um fenômeno bem mais complexo, com objetivos definidos bem diversos dos de uma simples divisão celular. A meiose é o processo pelo qual células diplóides podem originar células haplóides, o que se faz através de duas divisões celulares sucessivas, e que ocorre, na grande maioria das vezes, para a formação de gametas, e, em alguns casos, para a formação de esporos.
A mitose visa a reprodução celular com o fim de proporcionar o desenvolvimento do organismo e a renovação ou regeneração dos tecidos.
A meiose tem por principal objetivo formar células destinadas à reprodução da espécie, em recombinação gênica e, sobretudo, sem duplicar o cariótipo dos indivíduos a cada geração, o que fatalmente ocorreria se os gametas fossem diplóides.
A RESPIRAÇÃO CELULAR:
RESPIRAÇÃO AERÓBICA: As substâncias orgânicas (carboidratos, lipídios e proteínas) assimiladas pela célula devem ser consumidas por meio de complexas reações de oxidação. Através dessas reações, haverá a liberação de energia nelas contidas. E essa energia será utilizada para o trabalho celular (movimentos ciliares, flagelares e amebóides, contrações do citoplasma que promovem a ciclose, a síntese de ácidos nucléicos e de proteínas etc), bem como, para o trabalho orgânico (contrações musculares, ordens nervosas motoras, atividade intelectual, movimentos viscerais etc). O processo de degradação de tais moléculas ocorre no interior das células em 03 etapas distintas: a glicólise ou piruvato, o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória. A glicólise ou piruvato transcorre-se no interior do citoplasma. Já as duas outras etapas seguintes se processam dentro das mitocôndrias, notando-se que o ciclo de Krebs passa-se em meio à matriz mitocondrial, enquanto a cadeia respiratória se desenvolve ao nível das cristas mitocondriais, ou mais precisamente, nos corpúsculos elementares que ficam aderidos às cristas mitocondriais.
RESPIRAÇÃO ANAERÓBICA: Alguns poucos seres, na natureza, conseguem sobreviver em ambiente totalmente desprovido de oxigênio livre. Algumas bactérias, alguns fungos e os vermes intestinais têm essa habilidade. É evidente que, para viver, qualquer desses seres precisa de energia. Para obtê-la, ele terá de promover, a nível celular, a degradação das moléculasorgânicas, quebrando-lhes as cadeias de carbono. Vai daí que, também, tais seres realizam oxidações e liberam íons de H+. Se vivem em ausência de O2, então quem agirá com “aceptor de íons de hidrogênio” para eles, evitando-lhes a acidose metabólica? O aceptor final dos hidrogênios, nesse caso, não é o oxigênio. Em muitos desses seres, ele é um composto inorgânico, como um nitrato, um sulfato ou um carbonato. As bactérias denitrificantes do solo, por exemplo, aproveitam seu íons de H+ e respectivos elétrons combinando-os com nitratos provenientes do meio extra-celular.
FERMENTAÇÃO: A fermentação é uma forma especial de respiração anaeróbica. Tem, apenas, a particularidade de apresentar como aceptores finais dos íons hidrogênio não compostos inorgânicos, mas subprodutos da própria degradação das moléculas orgânicas, ainda, também, de natureza orgânica. Em outras palavras: o próprio ácido pirúvico, decorrente da degradação da glicose, age como aceptor dos H+, retirando-os de circulação. E, assim, conforme a arrumação dos hidrogênios na molécula do ácido pirúvico, ele poderá terminar decompondo-se em etanol (álcool etílico) ou passar a ácido lático.
Tecidos
A ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DOS SERES A NÍVEL SUPRACELULAR – OS TECIDOS
Tecidos são grupamentos de células diferenciadas, harmonizadas, e, às vezes, intimamente integradas com substâncias intercelulares atuando na realização de uma determinada função.
Na maioria dos tecidos, podemos distinguir dois componentes fundamentais: as células e a substância intercelular ou intersticial. A substância intersticial compreende um sistema líquido, semi-sólido ou mesmo sólido formado pela associação de diversos compostos e que se dispõe no espaço existente entre as células, no tecido.
Os tecidos animais são catalogados em 03 grupos:
Tecidos sem substância intercelular (tecidos epiteliais);
Tecidos com abundante substância intercelular (tecidos conjuntivos: conectivo, adiposo, cartilagionoso, ósseo, sanguíneo e tecido hemopoético);
Tecidos com células transformadas em fibras (tecidos musculares: liso, estriado esquelético, estriado cardíaco e tecido nervoso).
TECIDOS EPITELIAIS:
Os tecidos epiteliais ou epitélios são tecidos formados por células cúbicas, achatadas, cilíndricas ou prismáticas, sempre bem justapostas, sem guardar espaços livres entre elas, mostrando ausência ou quase ausência de substância intersticial.
Distinguem-se 02 tipos de epitélio: epitélios de revestimento e epitélios glandulares. Aqueles têm a função de proteção, isolando os tecidos mais internos do corpo e evitando o contato dos mesmos com os agentes externos do meio ambiente. Já os epitélios glandulares são formados de células com alta capacidade de secreção das substâncias.
Encontramos epitélios de revestimento principalmente na pele e nas mucosas. Eles não possuem vasos sanguíneos na sua estrutura. Por isso, suas células recebem oxigênio, água e nutrientes por difusão, a partir do tecido conjuntivo que sempre lhe fica logo abaixo. Da mesma forma os produtos de excreção, como o CO2, a uréia e outros, são conduzidos por difusão aos vasos sanguíneos do tecido conjuntivo.
As principais funções dos epitélios de revestimento são a proteção (epiderme e camada epitelial das mucosas), absorção (como sucede com o epitélio da mucosa intestinal) e as trocas gasosas respiratórias (como ocorre ao nível dos alvéolos pulmonares).
Os epitélios glandulares formam as estruturas das glândulas, como sucede com as glândulas mamárias, salivares, lacrimais, sudoríparas, sebáceas etc.
Por suas funções, as glândulas se dividem em:
Exócrinas: Também chamadas de glândulas de secreção externa, eliminam o seu conteúdo através de um duto ou canal para o exterior. Compreendem as glândulas sudoríparas, sebáceas, lacrimais, salivares, mamárias e outras.
Endócrinas: Não possuem canal excretor. Por isso, suas secreções, chamadas hormônios, só conseguem ser eliminadas através do sangue que passam pelos vasos que a atravessam. São, por essa razão, também conhecidas como glândulas de secreção interna. Representam exemplos a hipófise, a tireóide e outras.
Mistas ou afícrinas: Desempenham ao mesmo tempo uma função endócrina e uma
função exócrina. É o caso do pâncreas, que produz a insulina (um hormônio), pela sua
função endócrina, e o suco pancreático, pela sua função exócrina.
TECIDOS CONJUNTIVOS
O termo conjuntivo designa aquele que faz conjunção, isto é, liga uma coisa a outra, que junta duas coisas entre si. De fato, a função essencial de todos os tecidos conjuntivos é “preencher espaços vazios e juntar estruturas antes separadas por esses espaços”.
Existem diversas variedades de tecidos conjuntivos, mas em todos os tipos há uma característica comum: a presença de abundante substância intersticial ou intercelular.
Os tecidos conjuntivos compreendem: tecido conectivo, tecido adiposo, tecido cartilaginoso, tecido ósseo e tecido sanguíneo e hemopoético.
TECIDO CONECTIVO: É o principal tecido conjuntivo e protótipo de todo o grupo. Também conhecido com tecido conjuntivo propriamente dito ou pela sigla TCPD, apresenta diversos tipos de célula e grande quantidade de substância intercelular. As suas células mais comum são:
a)Fibroblastos – células grandes, de contornos irregulares, com ramificações que lhe dão
aspecto estrelado.
b)Macrófagos – são grandes e se movimentam por meio de pseudópodos, fazendo a fagocitose de micróbrios e células degeneradas do organismo. Pelo seu aspecto lembram muito os leucócitos do sangue. Quando sem atividade, mostram-se ovóides e, nessa circunstância, são conhecidos como histiócitos.
c)Plasmócitos – produzem anticorpos e atuam decisivamente no mecanismo imunitário do organismo.
d)Mastócitos – são responsáveis pela produção de heparina, um anticoagulante que impede a coagulação espontânea do sangue dentro dos vasos, o que seria de extrema gravidade para o indivíduo.
A substância intersticial do TCPD é rica em glicoproteínas e em fibras colágenas e fibras reticulares (formadas por numerosas fibrilas paralelas de uma proteína de grande resistência e elasticidade chamada colágeno). Mas, além dessas, também se encontram as fibras elásticas, que são finas e não formadas de colágeno, mas sim de outra proteína, a elastina. A quantidade e a disposição desses três tipos de fibra é que define o tecido conjuntivo em tecido conjuntivo frouxo (abaixo da epiderme na pele), tecido conjuntivo denso modelado (tendão de Aquiles, no calcanhar) e tecido
conjuntivo denso não modelado (na cápsula envoltora do fígado). Todos os 03 tipos de fibra são produzidos pelos fibroblastos.
TECIDO ADIPOSO: É o tecido gorduroso que se localiza abaixo da pele e se mostra muito desenvolvido em algumas partes do corpo, notadamente no abdome. No gado suíno, ele é conhecido com “banha ou toucinho”. É, na realidade, um reservatório de lipídios, que atua protegendo o organismo contra as perdas de calorias (é como um “colchão” ou isolante térmico a envolver o corpo). Além disso, também dispõe dos seu lipídios para as reações metabólicas, oferecendo um constante abastecimento energético para as atividade celulares. Como variedade de tecido conjuntivo, também é dotado daquelas diversidades de células e fibras mencionadas no tecido anterior. Todavia, há uma nítida predominância de células adiposas, que são células grandes, globosas ou ovóides, contendo grande quantidade de gordura no seu interior a ponto de deslocar o citoplasma e o núcleo para a periferia da célula.
TECIDO CARTILAGINOSO: É uma variedade de tecido conjuntivo destinada à função plástica ou modeladora, pois, face à sua consistência semi-rígida mas um tanto elástica, pode dar forma a certas partes do corpo sem lhes emprestar a rigidez característica dos ossos. O pavilhão da orelha, o septo nasal, os anéis cartilaginosos da traquéia, os discos intervertebrais e os meniscos das articulações são todos eles constituídos de tecido cartilaginoso. A célula cartilaginosa é chamada condrócito. Os condrócitos costumam reunir-se em pequenos grupos de duas, três ou quatro células, formando verdadeiros “ninhos de condrócitos” envoltos por uma fina cápsula resultante da condensação do material amorfo que forma a substância intersticial do tecido. Essa substância intercelular é rica em glicoproteínas e em fibras colágenas. À semelhança do que vimos com relação aos epitélios de revestimento, também o tecido cartilaginoso não é vascularizado, isto é, não possui vasos sanguíneos no seu interior. Por isso, as trocas respiratórias e metabólicas são feitas por difusão a partir dos tecidos vizinhos. Durante o desenvolvimento embrionário e na infância, o tecido cartilaginoso comumente se apresenta como percursor do tecido ósseo, sendo gradativamente substituído por este último. Assim, o tecido cartilaginoso procede em muitos casos como um “molde” que orienta o desenvolvimento ósseo.
TECIDO ÓSSEO: Este é o tecido conjuntivo com maior rigidez e que se destina essencialmente às funções de sustentação do corpo e proteção do sistema nervoso central. Na sua configuração, o tecido ósseo revela um grande número de células vivas chamadas osteócitos, situadas no interior de pequenas e alongadas lacunas – os osteoplastos. Estes, se comunicam uns com os outros por meio de delgados canais, formando uma vasta rede de canalículos que vão se abrir em condutos bem mais largos denominados canais de Havers. É de se reparar a imensa massa de substância intersticial sólida do tecido ósseo, rica em sais de cálcio e magnésio, notadamente fosfatos e carbonatos, além de considerável quantidade de uma proteína chamada colágeno, que fica separando os osteoplastos. Mas nem por isso os osteócitos contidos
no interior dos osteoplastos ficam ilhados. Através da vasta rede de canalículos que intercomunicam com os osteoplastos, e estes com os canais de Havers, há o intercâmbio gasoso e metabólico, que supre as necessidades vitais dessas células. No interior dos canais de Havers, correm vasos sanguíneos (capilares) e um filete nervoso, este último, responsável pela sensibilidade do osso. O oxigênio, a água e os nutrientes celulares atravessam as paredes dos capilares e, por difusão, o CO2 e os catabólicos decorrentes da atividade de tais células são descarregados nos capilares e podem, então, ser descartados do tecido. Ao longo de um osso, os canais de Havers, que se dispõem sempre no sentido do maior eixo do mesmo, se intercomunicam por meio dos canais de Volkmann, situados obliquamente ou transversalmente, e em cujo interior também correm capilares. Apesar de sua grande consistência, o osso não é quebradiço graças à presença de considerável quantidade de colágeno na sua substância intercelular.
Queimando-se o osso (calcinação do osso), o colágeno se destói. E aí os sais de cálcio puros conferem ao osso uma consistência tão friável (quebradiça) quanto à de um bastão de giz. Por outro lado, se descalcificarmos um osso, submetendo-o à ação prolongada de ácidos, a sua substância intersticial ficará reduzida apenas ao colágeno. Aí, o osso tomará consistência elástica, tão maleável que quase se poderá envergá-lo a ponto de tocar uma extremidade à outra. A formação do tecido ósseo recebe o nome de osteogênese e se faz à custa de células embrionárias chamadas osteoblastos, que se dividem numerosamente e se intercomunicam por longas expansões dos seus citoplasmas. Mais tarde, surge a substância intersticial rígida que as separa. Com a retração das expansões citoplasmáticas daquelas células, aparecem os canalículos que comunicam os osteoplastos.
TECIDO SANGUÍNEO E HEMOPOÉTICO: Vamos fazer distinção entre sangue e tecido hemopoético. O primeiro é um tecido inconsistente, no qual as células se dispõem de forma extremamente mutável em meio à grande massa intersticial líquida. Por isso, tem sido muito comum dizer-se que o sangue é um tecido líquido. O tecido hemopoético, ao contrário, é um tecido consistente, como todos os demais, dotado de células de natureza embrionária ainda bem diferenciadas, que tem por fim a formação dos elementos constituintes do sangue.
O sangue compõe-se de uma parte sólida, representada pelas células (eritrócitos, leucócitos e plaquetas (fragmentos de células)), e uma parte líquida denominada plasma.
Os eritrócitos (hemácias) – são as células sanguíneas vermelhas - possuem aspecto discóide, com nítida depressão na região mediana, o que lhes confere a aparência de uma lente bicôncava. É graças à forma bicôncava dos eritrócitos que a hemoglobina contida no seu interior se mantém de maneira homogeneamente distribuída nas proximidades da membrana plasmática, tornando os processos de “retenção” do oxigênio e de “descarte” do dióxido de carbono altamente eficientes. Na espécie humana e no indivíduo normal, cada milímetro cúbico de sangue contém cerca de 4,5 milhões de eritrócitos. Taxas de eritrócitos abaixo de 4.000.000/mm3são indicativas de anemia. A deficiência de ferro no organismo (o ferro entra na constituição da fórmula da hemoglobina) e de fatores estimulantes da hematopoese (formação de hemácias), como o ácido fólico e a vitamina B12, pode representar a causa desencadeante da
manifestação de uma anemia. A principal função dos eritrócitos é o transporte de gases pelo sangue, particularmente oxigênio e dióxido de carbono. O pigmento respiratório encontrado no interior dos eritrócitos é a hemoglobina. A hemoglobina contém, na sua molécula, um radical heme, com quatro grupos pirrólicos ligados a um átomo de ferro. Esse radical se mantém associado à cadeia protéica. O grupo heme tem alta afinidade pelo hoxigênio. Assim, ao nível dos pulmões, nos alvéolos, o oxigênio passa do ar alveolar para o sangue e se combina, numa ligação instável, com o radical heme. Surge, então, a hoxiemoglobina, que é transportada pelo sangue a todos os tecidos do corpo. Todas as células recebem, dessa maneira, a sua cota de oxigênio, já que, ao nível dos tecidos, pela diferença de tensão parcial desse gás, a oxiemoglobina desprende o oxigênio, ficando com seu radical heme novamente livre. O dióxido de carbono (gás carbônico ou CO2) se liga à molécula de hemoglobina formando a carboemoglobina. Essa ligação não se faz pelo radical heme, mas pela própria cadeia protéica da hemoglobina. A ligação é, igualmente, instável. De tal sorte que, ao nível dos alvéolos pulmonares, esse gás se desprende e é liberado para a expulsão pelo organismo.
Os leucócitos – são as células sanguíneas brancas - são bem maiores que as hemácias, porém muito menos numerosos do que elas. No sangue de uma pessoa normal, há cerca de 6.000 a 10.000 deles por milímetro cúbico. Taxas superiores a 10.000/mm3 caracterizam uma leucocitose, quadro clínico típico de infecção, que pode ser geral ou em algum local do organismo. O exagero monstruoso no número de leucócitos (80.000, 100.000/mm3) já fala a favor da leucemia, um estado patológico de degeneração neoplásica (câncer) dos tecidos hemopoéticos. A queda da taxa de leucócitos abaixo de 6.000/mm3 é sugestiva de uma leucopenia. Isso ocorre muitas vezes em consequência de intoxicações graves ou pelo uso indiscriminado de certos medicamentos. O grande papel dos leucócitos no sangue é o de atuarem na defesa do organismo contra o ataque de agentes estranhos, sejam eles micróbios ou simplesmente toxinas. Para exercer seu papel defensivo, os leucócitos constantemente atravessam as finas paredes dos vasos capilares, num fenômeno chamado diapedese. Eles passam pelo intersticio entre uma célula e outra da parede do vaso e vão exercer seu papel no tecido conjuntivo. Como não lhes é dada a condição de retorno direto ao interior dos vasos, eles são recolhidos pelos vasos linfáticos, transportados com a linfa e, juntamente com ela, descarregados de volta a circulação sanguínea, ao nível das veias subclávias. Só assim, eles retornam ao sangue. Há duas classes principais de leucócitos: granulócitos e agranulócitos.
Granulócitos: apresentam grânulos bem evidentes no seu citoplasma. Distinguem-se três tipos de granulócitos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. São responsáveis pela defesa do organismo, aumentando de número ou liberando substâncias para respostas alérgicas.
Agranulócitos: não apresentam grânulos notáveis em seu citoplasma. Há dois tipos de agranulócitos: monócitos e linfócitos. Os monócitos se desenvolvem em grandes células fagocíticas denominadas macrófagos, que podem ingerir bactérias e outras substâncias estranas ao organismo. Os linfócitos são importantes nas respostas imunológicas do corpo, inclusive a produção de anticorpos.
As plaquetas são fragmentos de células resultantes do desmembramento dos megacarióticos, células de origem embrionária econtradas na medula óssea vermelha. São delimitadas por fina membrana e contém microvesículas repletas de tromboplastima, enzima que, uma vez liberada, inativa a heparina, o anticoagulante fisiológico encontrado normalmente no sangue. Bloqueada a heparina, desencadeia-se o processo de coagulação sanguínea. Isso explica o papel que têm as plaquetas na coagulação do sangue. Na pessoa normal, as plaquetas apresentam um número aproximado de 250.000/mm3 de sangue.
O plasma é uma solução aquosa rica em sais, proteínas, lipídios, carboidratos, íons, vitaminas, anticorpos, hormônios e produtos de excreção , como a uréia, além de gases
respiratórios, como o oxigênio e o dióxido de carbono. No plasma, encontram-se o
fibrogênio, proteína globular, que sob a ação da trombina transforma-se em fibrina, proteína fibrosa, cujos filamentos longos se emaranham formando uma rede. Na rede de fibina encalham os elementos figurados do sangue, determinando o aparecimento do coágulo, que tampona a ruptura do vaso e, por coagulação sanguínea, impede o prosseguimento de uma hemorragia. Quando esse fenômeno ocorre dentro de um vaso íntegro, a coagulação intravascular já não tem o caráter de coibir uma hemorragia, e aí, então, assume gravidade considerável, pois o coágulo se constitui num “trombo”, que pode obstruir a circulação, num fenômeno conhecido como trombose.
OS TIPOS SANGUÍNEOS
SISTEMA ABO – Na espécie humana, existem os seguintes tipos de sangue em relação ao sistema ABO: grupo A, grupo B, grupo AB e grupo O. Cada pessoa pertence a um desses grupos sanguíneos.
Na maioria dos glóbulos vermelhos existem dois tipos de proteínas: o aglutinogênio A e o aglutinogênio B. Assim, o sangue foi classificado de acordo com essas proteínas:
Grupo A - possui aglutinogênio A,
Grupo B – possui aglutinogênio B,
Grupo AB – possui aglutinogênio A e B,
Grupo O - não possui aglutinogênios.
No plasma sanguíneo existem outras duas substâncias chamadas aglutininas:
Uma reage com o aglutinogênio A, recebendo o nome de aglutinina anti-A,
Outra reage com o aglutinogênio B, recebendo o nome de aglutinina anti-B.
As aglutininas não podem ficar junto ao seus aglutinogênios, isto é, o sangue que tem aglutinogênio A não poderá conter aglutinina anti-A, o sangue que tem aglutinogênio B não poderá conter aglutinina anti-B. Do contrário, ocorrerá a aglutinação (ligação ou união) dos glóbulos vermelhos.
No quadro abaixo você pode verificar o tipo de aglutinogênio e de aglutinina de cada grupo sanguíneo:
GRUPO
AGLUTINOGÊNIO
AGLUTININA
A
A
Anti-B
B
B
Anti-A
AB
A e B
Não possui
O
Não possui
Anti-A e anit-B
Veja a seguir as combinações adequadas para uma transfusão sanguínea:
GRUPO
PODE DOAR
PODE RECEBER
A
Ao grupo A
Ao grupo AB
Do grupo A
Do grupo O
B
Ao grupo B
Ao grupo AB
Do grupo B
Do grupo O
AB
Ao grupo AB
De todos
O
A todos
Do grupo O
SISTEMA RH:
O sistema Rh consiste num grupo de antígenos eritrocitários superficiais, e o anticorpo componente do sistema – anticorpo anti-Rh – não está normalmente presente no plasma. Para que haja produção de anticorpos anti-Rh deve ocorrer a sensibilização pelo antígeno-Rh. Assim como no sistema ABO, a pessoa com antígeno Rh não produzir anticorpos anti-Rh contra seu próprio antígeno. Tal sensibilização pode ocorrer quando a mãe sem antígeno Rh nos seus eritrócitos (designada Rh negativa), está gestando um feto que possui o antígeno (designado Rh positivo) herdado do pai. Neste caso, pode ser possível que alguns antígenos Rh do feto entrem na circulação através de rupturas na placenta e por meio disso sensibilizem a mãe pela estimulação da produção de anticorpos anti-Rh no seu plasma. Se após ter sido sensibilizada a mãe gerar outro feto Rh positivo, os anticorpos maternos podem entrar na circulação do feto, onde irão atacar e romper os eritrócitos fetais. Isto pode resultar na eritroblastose fetal, uma severa doença anêmica do feto. N verdade, apenas cerca de 05% das mães Rh negativas produzem anticorpos anti-Rh enquanto estão gerando um feto Rh positivo, e o primeiro bebê está quase sempre a salvo dessa doença, em gravidez posterior, os riscos são maiores, porque os sistema imunitário tem uma memória. Atualmente é possível, imediatamente após o parto, injetar mães Rh negativas com agentes que previnem ou limitam a sensibilização pelos antígenos Rh. Deste modo, o problema de incompatibilidade Rh entre mãe e feto tem diminuído muito nos últimos anos.
A Hemopoese: Os tecidos hemopoéticos se dividem em dois grupos: tecidos mielóides, encontrados na medula óssea vermelha, em meio ao tecido ósseo esponjoso e nas epífises ósseas; e tecidos linfóides, existentes nos órgãos linfóides.
Os tecidos mielóides formam os eritrócitos, as plaquetas e os leucócitos granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos). Os tecidos linfóides produzem os leucócitos agranulócitos (monócitos e linfócitos). Os demais tipos de leucócitos, têm uma expressão numérica muito reduzida.
TECIDOS MUSCULARES
Os tecidos musculares são tecidos cujas células, exageradamente alongadas e transformadas em fibras, têm a capacidade de contração e, por isso, podem promover movimentos do corpo.
Distinguem-se três variedades de tecidos musculares:
Tecido muscular liso
Tecido muscular estriado esquelético
Tecido muscular estriado cardíaco
Em todas as três variedades de tecidos musculares, a capacidade de contração é determinada por um mesmo mecanismo: a participação coordenada de moléculas de duas proteínas, a actina e a miosina, que se mostram como miofilamentos capazes de deslizar uns entre os outros, encurtando bruscamente o comprimento da fibra muscular.
Tecido muscular liso – Esse é um tecido formado de fibras fusiformes, dotadasde núcleo único, dispostas paralelamente, com alguma substância intercelular. ª fibra muscular lisa apresenta as seguintes carcterísticas:
a)o citoplasma é homogêneo e não revela estrias transversais;
b)como já foi dito, possui um núcleo apenas;
c)tem contração relativamente lenta e independente da vontade do indivíduo;
O tecido muscular liso é encontrado na estrutura dos órgãos ocos que desempenham atividades contrácteis, como o esôfago, o estômago, os intestinos, a vesícula biliar, a bexiga urinária, o útero, assim como também nas paredes das artérias e das veias. A contração desses órgãos é promovida pela musculatura lisa sob o comando do sistema nervoso autônomo.
Tecido muscular estriado esquelético – É o tecido que forma a grande massa muscular do corpo popularmente conhecida como “carne”. Esses músculos se inserem nos ossos e, por suas contrações e relaxamentos, determinam o movimento do corpo nas articulações. As fibras musculares estriadas esqueléticas apresentam as seguintes características:
a)são células cilíndricas extremamente longas, podendo atingir mais de 20 cm de comprimento, embora permaneçam microscópicas em virtude da sua espessura muito fina;
b)revelam numerosos núcleos, sempre periféricos e dispostos de espaço a espaço ao longo da fibra;
c)apresentam estrias transversais no seu citoplasma, o que justifica o nome que lhes foi dado;
d)têm contrações rápidas e voluntárias, isto é, dependentes da vontade do indivíduo, pois são controladas por nervos do sistema nervoso da vida de relação;
e)têm a capacidade de se hipertrofiar quando submetidas a exercícios forçados e de se atrofiar quando não são solicitadas por muito tempo. Entretanto, são células permanentes, já que não há reprodução das mesmas após concluído o desenvolvimento embrionário. Quando ocorre a morte de algumas dessas células, não há regeneração do tecido,ou seja, não há substituição por perda.As fibras musculares estriadas esqueléticas
acompanham o crescimento do indivíduo, desde o nascimento até a sua estatura definitiva.
f)possuem uma proteína especial – a mioglonina, muito sememlhante à hemoglobina, que age no transporte de oxigênio e lhes dá a cor vermelha.
Cada fibra muscular estriada é composta de um grande número de miofibrilas paralelas. A dissociação dessas miofibrilas revela que cada uma, por si só, é também, formada por um grande número de miofilamentos protéicos de actina e de miosina. Essas duas proteínas de dispõem organizadamente como filamentos longos, paralelos, esticados no sentido do maior eixo da célula, porém com tal arrumação que os miofilamentos de actina, que são finos, ficam em certa extensão intercalados com os miofilamentos de miosina, que são grossos. Resulta disso que, nesses trechos, a miofibrila mostra maior densidade óptica. Em outros trechos, os miofilamentos de actina se apresentam simples, não acompanhados paralelamente por miofilamentos de miosina. Então, nesses trechos, a densidade óptica é menor.
Esse fato ocorrendo com todas as miofibrilas num perfeito paralelismo determina que, em conjunto, toda a fibra muscular estriada exiba uma sucessão de discos escuros e discos claros, que respondem pelo seu estriamento. Cada disco claro mostra na sua região mediana uma discreta linha de maior densidade, que é a linha Z. O espaço entre duas linhas Z seguidas é o que denominamos Sarcômero, a unidade morfofuncional da fibra muscular estriada. O mecanismo da contração muscular se baseia no seguinte fato: a ordem motora para a contração é proveniente do sistema nervoso central e chega à fibra muscular através dos terminais axônicos dos neurônios de algum nervo. Esses
terminais penetram na fibra muscular, constituindo a placa motora e junção neuromuscular. O impulso nervoso nervoso que chega à placa motora condiciona a fibra muscular para a liberação de íons Ca++ e Mg++, os quais precipitam todo um mecanismo bioquímico de ativação enzimática ao fim do qual as moléculas de actina, que têm uma das extremidades livre, deslizam por entre as moléculas de miosina, como que se aproximando e procurando tocar as suas extremidades. Isso determina a aproximação entre as duas linhas Z mais próximas e, consequentemente, o encurtamento do sarcômero. Se todos os sarcômeros se encurtarem a um só tempo, a miofibrila obrigatoriamente também se encurtará. E, por consequência final, com o encurtamento de todas as miofibrilas, a fibra muscular (célula inteira) também sofrerá retração do seu comprimento. Quando todas as fibras de um músculo se encurtam, o que se pode esperar mesmo é a contração do próprio músculo.
Tecido muscular estriado cardíaco: O tecido muscular cardíaco é encontrado exclusivamente no coração, formando a estrutura da parede desse órgão. A parede do coração recebe o nome de miocárdio. Por suas características estruturais e funcionais, o tecido muscular estriado cardíaco se situa como meio termo entre o tecido muscular liso e o tecido muscular estriado esquelético. Suas características principais são:
a)células longas e cilíndricas cujas extremidades se encaixam parecendo uma dar continuidade a outra;
b)muitas células desse tecido são bifurcadas, isto é, se assemelham a uma forquilha;
c)embora as células desse tecido sejam estriadas, à semelhança do tecido esquelético, elas, geralmente, possuem apenas um núcleo, que é central (raramente alguma possui dois núcleos);
d)d)células dotadas de contrações rápidas e de ação involuntária (independente da vontade do indivíduo);
e)presença de discos intercalares, que correspondem ao ponto de contato da extremidade de uma célula com a extremidade de outra.
TECIDO NERVOSO
O tecido nervoso é um tecido praticamente presente em todas as partes do corpo. Afinal, ele tanto responde pela sensibilidade, que existe em qualquer órgão ou área do corpo, como comanda todas as atividades, quer sejam de um músculo, de uma glândula ou de uma víscera, como o estômago, o intestino, a bexiga urinária, a vesícula biliar etc.
No tecido nervoso devemos distinguir dois grupos de células com papéis nitidamente diferentes: os neurônios e as células da neuróglia. Os neurônios são as células nervosas propriamente ditas. E assim, são considerados porque efetivamente são eles que desempenham a função de transmitir impulsos nervosos da periferia para os centros superiores (tornando possível a sensibilidade ou percepção das coisas) ou dos centros nervosos para a periferia (determinando, com isso, a realização do trabalho muscular, glandular ou visceral). As células da neuróglia, também chamada glia, têm a função de
proteção, sustentação e até facilitar a difusão de metabólicos entre o sangue e os neurônios. Mas as células gliais não têm qualquer capacidade de transmitir um impulso nervoso.
O neurônio é a unidade morfofuncional do tecido nervoso. Na maioria das vezes, ele se mostra como uma célula estrelada, contendo um corpo – o seu centro-trófico ou pericárdio – e numerosas ramificações. Dentre estas, distinguem-se os dendritros, que são em grande número e extremamente ramificados, e um eixo único para cada neurônio longo, sem ramificações, a não ser uns terminais arborescentes na extremidade distal, que recebe o nome de axônio.
No centro-trófico do neurônio localiza-se o núcleo da célula. Os impulsos nervosos correm sempre orientadamente dos dendritos para o centro-trófico e deste para o axônio. Por isso, diz-se que os dendritos têm ação centrípeta, enquanto o axônio tem condução centrífuga. Esse sentido do fluxo nervoso é absolutamente invariável. Em nenhuma hipótese pode ocorrer o fluxo em sentido contrário.
O impulso nervoso ocorre em função de alterações que se processam no equilíbrio iônico ao nível da membrana plasmática do neurônio. Sabe-se que a quantidade de íons Na+ e K+ na face externa e na face interna da membrana do neurônio revela uma nítida diferença de distribuição e concentração entre essas duas faces. Assim, em estado de repouso da célula, há mais Na+ na face externa do que na interna e, inversamente, há mais K+ na face interna do que na externa. Todavia, a face externa se mostra mais eletropositiva do que a face interna, com uma certa “diferença de potencial”.
Quando o neurônio é submetido a um estímulo externo, há a passagem brusca de íons NA+ da face externa para a interna, aumentando a positividade dessa face em relação à externa e invertendo a polaridade da membrana. Considera-se que a face menos positiva se comporte perante a outra, por relatividade, como se fosse negativa. Essa inversão de polaridade da membrana age como um estímulo sobre a porção imediatamente seguinte dela, onde o fato
se repete. E, assim, surge um potencial de ação, que corre ao longo da membrana, caracterizando o que chamamos de fluxo ou impulso nervoso.
O fluxo nervoso passa de um neurônio a outro seguindo sempre o sentido: dendrito- centro-trófico- axônio- dendrito- centro-trófico- axônio e assim por diante. O ponto de contigüidade entre os terminais axônicos de um neurônio e as extremidades dendríticas do neurônio seguinte constitui uma sinapse nervosa. Ali não há continuidade das células, apenas contigüidade. Mas, no momento em que o potencial de ação atinge os terminais arborescentes do axônio, estes eliminam no espaço intra-sináptico uma substância, considerada neurormônio, chamada mediador químico da sinapse. Os mediadores químicos mais comum são a acetilcolina e a adrenalina. O mediador químico transmite o estímulo às ramificações dendríticas do neurônio seguinte, e o potencial de ação se repete neste último, prosseguindo seu trajeto pela cadeia de neurônios. Muitos terminais axônicos não fazem sinapse com extremidades dendríticas de outros neurônios, mas sim com a membrana do próprio centro-trófico de outros neurônios. Então, podemos distinguir sinapses axônio-dendríticas e sinapses axônio-corporais.
Além das sinapses neuro-neurais (de neurônio com neurônio), como acabamos de ver, existem sinapses neuro-musculares (as chamadas placas motoras, que já estudamos na parte referente aos tecidos musculares) e sinapses neuro-glandulares (pontos de
terminalização de axônios no interior de células glandulares, transmitindo-lhes ordens para a atividade secretora).
Alguns neurônios possuem o seu axônio descoberto, nu (axônio amielínico). Mas a maioria dos neurônios tem o axônio envolto por uma camada de mielina (fosfolipídio), constituindo a bainha de mielina e mais a bainha de Schwann. Esta última é formada por células que se agregam ao longo do axônio, chamadas células de Schwann. Durante o desenvolvimento do axônio, as células de Schwann expandem uma porção laminar da sua membrana que é rica em mielina e que, aos poucos, vai envolvendo o axônio, enrolando-se nele à maneira de um “rocambole”, até formar a bainha de mielina. Muito frequentemente, por fora da bainha de mielina e da bainha de Schwann, ainda se encontra uma bainha de células conjuntivas – a bainha conjuntiva ou endoneuro.
Tecidos são grupamentos de células diferenciadas, harmonizadas, e, às vezes, intimamente integradas com substâncias intercelulares atuando na realização de uma determinada função.
Na maioria dos tecidos, podemos distinguir dois componentes fundamentais: as células e a substância intercelular ou intersticial. A substância intersticial compreende um sistema líquido, semi-sólido ou mesmo sólido formado pela associação de diversos compostos e que se dispõe no espaço existente entre as células, no tecido.
Os tecidos animais são catalogados em 03 grupos:
Tecidos sem substância intercelular (tecidos epiteliais);
Tecidos com abundante substância intercelular (tecidos conjuntivos: conectivo, adiposo, cartilagionoso, ósseo, sanguíneo e tecido hemopoético);
Tecidos com células transformadas em fibras (tecidos musculares: liso, estriado esquelético, estriado cardíaco e tecido nervoso).
TECIDOS EPITELIAIS:
Os tecidos epiteliais ou epitélios são tecidos formados por células cúbicas, achatadas, cilíndricas ou prismáticas, sempre bem justapostas, sem guardar espaços livres entre elas, mostrando ausência ou quase ausência de substância intersticial.
Distinguem-se 02 tipos de epitélio: epitélios de revestimento e epitélios glandulares. Aqueles têm a função de proteção, isolando os tecidos mais internos do corpo e evitando o contato dos mesmos com os agentes externos do meio ambiente. Já os epitélios glandulares são formados de células com alta capacidade de secreção das substâncias.
Encontramos epitélios de revestimento principalmente na pele e nas mucosas. Eles não possuem vasos sanguíneos na sua estrutura. Por isso, suas células recebem oxigênio, água e nutrientes por difusão, a partir do tecido conjuntivo que sempre lhe fica logo abaixo. Da mesma forma os produtos de excreção, como o CO2, a uréia e outros, são conduzidos por difusão aos vasos sanguíneos do tecido conjuntivo.
As principais funções dos epitélios de revestimento são a proteção (epiderme e camada epitelial das mucosas), absorção (como sucede com o epitélio da mucosa intestinal) e as trocas gasosas respiratórias (como ocorre ao nível dos alvéolos pulmonares).
Os epitélios glandulares formam as estruturas das glândulas, como sucede com as glândulas mamárias, salivares, lacrimais, sudoríparas, sebáceas etc.
Por suas funções, as glândulas se dividem em:
Exócrinas: Também chamadas de glândulas de secreção externa, eliminam o seu conteúdo através de um duto ou canal para o exterior. Compreendem as glândulas sudoríparas, sebáceas, lacrimais, salivares, mamárias e outras.
Endócrinas: Não possuem canal excretor. Por isso, suas secreções, chamadas hormônios, só conseguem ser eliminadas através do sangue que passam pelos vasos que a atravessam. São, por essa razão, também conhecidas como glândulas de secreção interna. Representam exemplos a hipófise, a tireóide e outras.
Mistas ou afícrinas: Desempenham ao mesmo tempo uma função endócrina e uma
função exócrina. É o caso do pâncreas, que produz a insulina (um hormônio), pela sua
função endócrina, e o suco pancreático, pela sua função exócrina.
TECIDOS CONJUNTIVOS
O termo conjuntivo designa aquele que faz conjunção, isto é, liga uma coisa a outra, que junta duas coisas entre si. De fato, a função essencial de todos os tecidos conjuntivos é “preencher espaços vazios e juntar estruturas antes separadas por esses espaços”.
Existem diversas variedades de tecidos conjuntivos, mas em todos os tipos há uma característica comum: a presença de abundante substância intersticial ou intercelular.
Os tecidos conjuntivos compreendem: tecido conectivo, tecido adiposo, tecido cartilaginoso, tecido ósseo e tecido sanguíneo e hemopoético.
TECIDO CONECTIVO: É o principal tecido conjuntivo e protótipo de todo o grupo. Também conhecido com tecido conjuntivo propriamente dito ou pela sigla TCPD, apresenta diversos tipos de célula e grande quantidade de substância intercelular. As suas células mais comum são:
a)Fibroblastos – células grandes, de contornos irregulares, com ramificações que lhe dão
aspecto estrelado.
b)Macrófagos – são grandes e se movimentam por meio de pseudópodos, fazendo a fagocitose de micróbrios e células degeneradas do organismo. Pelo seu aspecto lembram muito os leucócitos do sangue. Quando sem atividade, mostram-se ovóides e, nessa circunstância, são conhecidos como histiócitos.
c)Plasmócitos – produzem anticorpos e atuam decisivamente no mecanismo imunitário do organismo.
d)Mastócitos – são responsáveis pela produção de heparina, um anticoagulante que impede a coagulação espontânea do sangue dentro dos vasos, o que seria de extrema gravidade para o indivíduo.
A substância intersticial do TCPD é rica em glicoproteínas e em fibras colágenas e fibras reticulares (formadas por numerosas fibrilas paralelas de uma proteína de grande resistência e elasticidade chamada colágeno). Mas, além dessas, também se encontram as fibras elásticas, que são finas e não formadas de colágeno, mas sim de outra proteína, a elastina. A quantidade e a disposição desses três tipos de fibra é que define o tecido conjuntivo em tecido conjuntivo frouxo (abaixo da epiderme na pele), tecido conjuntivo denso modelado (tendão de Aquiles, no calcanhar) e tecido
conjuntivo denso não modelado (na cápsula envoltora do fígado). Todos os 03 tipos de fibra são produzidos pelos fibroblastos.
TECIDO ADIPOSO: É o tecido gorduroso que se localiza abaixo da pele e se mostra muito desenvolvido em algumas partes do corpo, notadamente no abdome. No gado suíno, ele é conhecido com “banha ou toucinho”. É, na realidade, um reservatório de lipídios, que atua protegendo o organismo contra as perdas de calorias (é como um “colchão” ou isolante térmico a envolver o corpo). Além disso, também dispõe dos seu lipídios para as reações metabólicas, oferecendo um constante abastecimento energético para as atividade celulares. Como variedade de tecido conjuntivo, também é dotado daquelas diversidades de células e fibras mencionadas no tecido anterior. Todavia, há uma nítida predominância de células adiposas, que são células grandes, globosas ou ovóides, contendo grande quantidade de gordura no seu interior a ponto de deslocar o citoplasma e o núcleo para a periferia da célula.
TECIDO CARTILAGINOSO: É uma variedade de tecido conjuntivo destinada à função plástica ou modeladora, pois, face à sua consistência semi-rígida mas um tanto elástica, pode dar forma a certas partes do corpo sem lhes emprestar a rigidez característica dos ossos. O pavilhão da orelha, o septo nasal, os anéis cartilaginosos da traquéia, os discos intervertebrais e os meniscos das articulações são todos eles constituídos de tecido cartilaginoso. A célula cartilaginosa é chamada condrócito. Os condrócitos costumam reunir-se em pequenos grupos de duas, três ou quatro células, formando verdadeiros “ninhos de condrócitos” envoltos por uma fina cápsula resultante da condensação do material amorfo que forma a substância intersticial do tecido. Essa substância intercelular é rica em glicoproteínas e em fibras colágenas. À semelhança do que vimos com relação aos epitélios de revestimento, também o tecido cartilaginoso não é vascularizado, isto é, não possui vasos sanguíneos no seu interior. Por isso, as trocas respiratórias e metabólicas são feitas por difusão a partir dos tecidos vizinhos. Durante o desenvolvimento embrionário e na infância, o tecido cartilaginoso comumente se apresenta como percursor do tecido ósseo, sendo gradativamente substituído por este último. Assim, o tecido cartilaginoso procede em muitos casos como um “molde” que orienta o desenvolvimento ósseo.
TECIDO ÓSSEO: Este é o tecido conjuntivo com maior rigidez e que se destina essencialmente às funções de sustentação do corpo e proteção do sistema nervoso central. Na sua configuração, o tecido ósseo revela um grande número de células vivas chamadas osteócitos, situadas no interior de pequenas e alongadas lacunas – os osteoplastos. Estes, se comunicam uns com os outros por meio de delgados canais, formando uma vasta rede de canalículos que vão se abrir em condutos bem mais largos denominados canais de Havers. É de se reparar a imensa massa de substância intersticial sólida do tecido ósseo, rica em sais de cálcio e magnésio, notadamente fosfatos e carbonatos, além de considerável quantidade de uma proteína chamada colágeno, que fica separando os osteoplastos. Mas nem por isso os osteócitos contidos
no interior dos osteoplastos ficam ilhados. Através da vasta rede de canalículos que intercomunicam com os osteoplastos, e estes com os canais de Havers, há o intercâmbio gasoso e metabólico, que supre as necessidades vitais dessas células. No interior dos canais de Havers, correm vasos sanguíneos (capilares) e um filete nervoso, este último, responsável pela sensibilidade do osso. O oxigênio, a água e os nutrientes celulares atravessam as paredes dos capilares e, por difusão, o CO2 e os catabólicos decorrentes da atividade de tais células são descarregados nos capilares e podem, então, ser descartados do tecido. Ao longo de um osso, os canais de Havers, que se dispõem sempre no sentido do maior eixo do mesmo, se intercomunicam por meio dos canais de Volkmann, situados obliquamente ou transversalmente, e em cujo interior também correm capilares. Apesar de sua grande consistência, o osso não é quebradiço graças à presença de considerável quantidade de colágeno na sua substância intercelular.
Queimando-se o osso (calcinação do osso), o colágeno se destói. E aí os sais de cálcio puros conferem ao osso uma consistência tão friável (quebradiça) quanto à de um bastão de giz. Por outro lado, se descalcificarmos um osso, submetendo-o à ação prolongada de ácidos, a sua substância intersticial ficará reduzida apenas ao colágeno. Aí, o osso tomará consistência elástica, tão maleável que quase se poderá envergá-lo a ponto de tocar uma extremidade à outra. A formação do tecido ósseo recebe o nome de osteogênese e se faz à custa de células embrionárias chamadas osteoblastos, que se dividem numerosamente e se intercomunicam por longas expansões dos seus citoplasmas. Mais tarde, surge a substância intersticial rígida que as separa. Com a retração das expansões citoplasmáticas daquelas células, aparecem os canalículos que comunicam os osteoplastos.
TECIDO SANGUÍNEO E HEMOPOÉTICO: Vamos fazer distinção entre sangue e tecido hemopoético. O primeiro é um tecido inconsistente, no qual as células se dispõem de forma extremamente mutável em meio à grande massa intersticial líquida. Por isso, tem sido muito comum dizer-se que o sangue é um tecido líquido. O tecido hemopoético, ao contrário, é um tecido consistente, como todos os demais, dotado de células de natureza embrionária ainda bem diferenciadas, que tem por fim a formação dos elementos constituintes do sangue.
O sangue compõe-se de uma parte sólida, representada pelas células (eritrócitos, leucócitos e plaquetas (fragmentos de células)), e uma parte líquida denominada plasma.
Os eritrócitos (hemácias) – são as células sanguíneas vermelhas - possuem aspecto discóide, com nítida depressão na região mediana, o que lhes confere a aparência de uma lente bicôncava. É graças à forma bicôncava dos eritrócitos que a hemoglobina contida no seu interior se mantém de maneira homogeneamente distribuída nas proximidades da membrana plasmática, tornando os processos de “retenção” do oxigênio e de “descarte” do dióxido de carbono altamente eficientes. Na espécie humana e no indivíduo normal, cada milímetro cúbico de sangue contém cerca de 4,5 milhões de eritrócitos. Taxas de eritrócitos abaixo de 4.000.000/mm3são indicativas de anemia. A deficiência de ferro no organismo (o ferro entra na constituição da fórmula da hemoglobina) e de fatores estimulantes da hematopoese (formação de hemácias), como o ácido fólico e a vitamina B12, pode representar a causa desencadeante da
manifestação de uma anemia. A principal função dos eritrócitos é o transporte de gases pelo sangue, particularmente oxigênio e dióxido de carbono. O pigmento respiratório encontrado no interior dos eritrócitos é a hemoglobina. A hemoglobina contém, na sua molécula, um radical heme, com quatro grupos pirrólicos ligados a um átomo de ferro. Esse radical se mantém associado à cadeia protéica. O grupo heme tem alta afinidade pelo hoxigênio. Assim, ao nível dos pulmões, nos alvéolos, o oxigênio passa do ar alveolar para o sangue e se combina, numa ligação instável, com o radical heme. Surge, então, a hoxiemoglobina, que é transportada pelo sangue a todos os tecidos do corpo. Todas as células recebem, dessa maneira, a sua cota de oxigênio, já que, ao nível dos tecidos, pela diferença de tensão parcial desse gás, a oxiemoglobina desprende o oxigênio, ficando com seu radical heme novamente livre. O dióxido de carbono (gás carbônico ou CO2) se liga à molécula de hemoglobina formando a carboemoglobina. Essa ligação não se faz pelo radical heme, mas pela própria cadeia protéica da hemoglobina. A ligação é, igualmente, instável. De tal sorte que, ao nível dos alvéolos pulmonares, esse gás se desprende e é liberado para a expulsão pelo organismo.
Os leucócitos – são as células sanguíneas brancas - são bem maiores que as hemácias, porém muito menos numerosos do que elas. No sangue de uma pessoa normal, há cerca de 6.000 a 10.000 deles por milímetro cúbico. Taxas superiores a 10.000/mm3 caracterizam uma leucocitose, quadro clínico típico de infecção, que pode ser geral ou em algum local do organismo. O exagero monstruoso no número de leucócitos (80.000, 100.000/mm3) já fala a favor da leucemia, um estado patológico de degeneração neoplásica (câncer) dos tecidos hemopoéticos. A queda da taxa de leucócitos abaixo de 6.000/mm3 é sugestiva de uma leucopenia. Isso ocorre muitas vezes em consequência de intoxicações graves ou pelo uso indiscriminado de certos medicamentos. O grande papel dos leucócitos no sangue é o de atuarem na defesa do organismo contra o ataque de agentes estranhos, sejam eles micróbios ou simplesmente toxinas. Para exercer seu papel defensivo, os leucócitos constantemente atravessam as finas paredes dos vasos capilares, num fenômeno chamado diapedese. Eles passam pelo intersticio entre uma célula e outra da parede do vaso e vão exercer seu papel no tecido conjuntivo. Como não lhes é dada a condição de retorno direto ao interior dos vasos, eles são recolhidos pelos vasos linfáticos, transportados com a linfa e, juntamente com ela, descarregados de volta a circulação sanguínea, ao nível das veias subclávias. Só assim, eles retornam ao sangue. Há duas classes principais de leucócitos: granulócitos e agranulócitos.
Granulócitos: apresentam grânulos bem evidentes no seu citoplasma. Distinguem-se três tipos de granulócitos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. São responsáveis pela defesa do organismo, aumentando de número ou liberando substâncias para respostas alérgicas.
Agranulócitos: não apresentam grânulos notáveis em seu citoplasma. Há dois tipos de agranulócitos: monócitos e linfócitos. Os monócitos se desenvolvem em grandes células fagocíticas denominadas macrófagos, que podem ingerir bactérias e outras substâncias estranas ao organismo. Os linfócitos são importantes nas respostas imunológicas do corpo, inclusive a produção de anticorpos.
As plaquetas são fragmentos de células resultantes do desmembramento dos megacarióticos, células de origem embrionária econtradas na medula óssea vermelha. São delimitadas por fina membrana e contém microvesículas repletas de tromboplastima, enzima que, uma vez liberada, inativa a heparina, o anticoagulante fisiológico encontrado normalmente no sangue. Bloqueada a heparina, desencadeia-se o processo de coagulação sanguínea. Isso explica o papel que têm as plaquetas na coagulação do sangue. Na pessoa normal, as plaquetas apresentam um número aproximado de 250.000/mm3 de sangue.
O plasma é uma solução aquosa rica em sais, proteínas, lipídios, carboidratos, íons, vitaminas, anticorpos, hormônios e produtos de excreção , como a uréia, além de gases
respiratórios, como o oxigênio e o dióxido de carbono. No plasma, encontram-se o
fibrogênio, proteína globular, que sob a ação da trombina transforma-se em fibrina, proteína fibrosa, cujos filamentos longos se emaranham formando uma rede. Na rede de fibina encalham os elementos figurados do sangue, determinando o aparecimento do coágulo, que tampona a ruptura do vaso e, por coagulação sanguínea, impede o prosseguimento de uma hemorragia. Quando esse fenômeno ocorre dentro de um vaso íntegro, a coagulação intravascular já não tem o caráter de coibir uma hemorragia, e aí, então, assume gravidade considerável, pois o coágulo se constitui num “trombo”, que pode obstruir a circulação, num fenômeno conhecido como trombose.
OS TIPOS SANGUÍNEOS
SISTEMA ABO – Na espécie humana, existem os seguintes tipos de sangue em relação ao sistema ABO: grupo A, grupo B, grupo AB e grupo O. Cada pessoa pertence a um desses grupos sanguíneos.
Na maioria dos glóbulos vermelhos existem dois tipos de proteínas: o aglutinogênio A e o aglutinogênio B. Assim, o sangue foi classificado de acordo com essas proteínas:
Grupo A - possui aglutinogênio A,
Grupo B – possui aglutinogênio B,
Grupo AB – possui aglutinogênio A e B,
Grupo O - não possui aglutinogênios.
No plasma sanguíneo existem outras duas substâncias chamadas aglutininas:
Uma reage com o aglutinogênio A, recebendo o nome de aglutinina anti-A,
Outra reage com o aglutinogênio B, recebendo o nome de aglutinina anti-B.
As aglutininas não podem ficar junto ao seus aglutinogênios, isto é, o sangue que tem aglutinogênio A não poderá conter aglutinina anti-A, o sangue que tem aglutinogênio B não poderá conter aglutinina anti-B. Do contrário, ocorrerá a aglutinação (ligação ou união) dos glóbulos vermelhos.
No quadro abaixo você pode verificar o tipo de aglutinogênio e de aglutinina de cada grupo sanguíneo:
GRUPO
AGLUTINOGÊNIO
AGLUTININA
A
A
Anti-B
B
B
Anti-A
AB
A e B
Não possui
O
Não possui
Anti-A e anit-B
Veja a seguir as combinações adequadas para uma transfusão sanguínea:
GRUPO
PODE DOAR
PODE RECEBER
A
Ao grupo A
Ao grupo AB
Do grupo A
Do grupo O
B
Ao grupo B
Ao grupo AB
Do grupo B
Do grupo O
AB
Ao grupo AB
De todos
O
A todos
Do grupo O
SISTEMA RH:
O sistema Rh consiste num grupo de antígenos eritrocitários superficiais, e o anticorpo componente do sistema – anticorpo anti-Rh – não está normalmente presente no plasma. Para que haja produção de anticorpos anti-Rh deve ocorrer a sensibilização pelo antígeno-Rh. Assim como no sistema ABO, a pessoa com antígeno Rh não produzir anticorpos anti-Rh contra seu próprio antígeno. Tal sensibilização pode ocorrer quando a mãe sem antígeno Rh nos seus eritrócitos (designada Rh negativa), está gestando um feto que possui o antígeno (designado Rh positivo) herdado do pai. Neste caso, pode ser possível que alguns antígenos Rh do feto entrem na circulação através de rupturas na placenta e por meio disso sensibilizem a mãe pela estimulação da produção de anticorpos anti-Rh no seu plasma. Se após ter sido sensibilizada a mãe gerar outro feto Rh positivo, os anticorpos maternos podem entrar na circulação do feto, onde irão atacar e romper os eritrócitos fetais. Isto pode resultar na eritroblastose fetal, uma severa doença anêmica do feto. N verdade, apenas cerca de 05% das mães Rh negativas produzem anticorpos anti-Rh enquanto estão gerando um feto Rh positivo, e o primeiro bebê está quase sempre a salvo dessa doença, em gravidez posterior, os riscos são maiores, porque os sistema imunitário tem uma memória. Atualmente é possível, imediatamente após o parto, injetar mães Rh negativas com agentes que previnem ou limitam a sensibilização pelos antígenos Rh. Deste modo, o problema de incompatibilidade Rh entre mãe e feto tem diminuído muito nos últimos anos.
A Hemopoese: Os tecidos hemopoéticos se dividem em dois grupos: tecidos mielóides, encontrados na medula óssea vermelha, em meio ao tecido ósseo esponjoso e nas epífises ósseas; e tecidos linfóides, existentes nos órgãos linfóides.
Os tecidos mielóides formam os eritrócitos, as plaquetas e os leucócitos granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos). Os tecidos linfóides produzem os leucócitos agranulócitos (monócitos e linfócitos). Os demais tipos de leucócitos, têm uma expressão numérica muito reduzida.
TECIDOS MUSCULARES
Os tecidos musculares são tecidos cujas células, exageradamente alongadas e transformadas em fibras, têm a capacidade de contração e, por isso, podem promover movimentos do corpo.
Distinguem-se três variedades de tecidos musculares:
Tecido muscular liso
Tecido muscular estriado esquelético
Tecido muscular estriado cardíaco
Em todas as três variedades de tecidos musculares, a capacidade de contração é determinada por um mesmo mecanismo: a participação coordenada de moléculas de duas proteínas, a actina e a miosina, que se mostram como miofilamentos capazes de deslizar uns entre os outros, encurtando bruscamente o comprimento da fibra muscular.
Tecido muscular liso – Esse é um tecido formado de fibras fusiformes, dotadasde núcleo único, dispostas paralelamente, com alguma substância intercelular. ª fibra muscular lisa apresenta as seguintes carcterísticas:
a)o citoplasma é homogêneo e não revela estrias transversais;
b)como já foi dito, possui um núcleo apenas;
c)tem contração relativamente lenta e independente da vontade do indivíduo;
O tecido muscular liso é encontrado na estrutura dos órgãos ocos que desempenham atividades contrácteis, como o esôfago, o estômago, os intestinos, a vesícula biliar, a bexiga urinária, o útero, assim como também nas paredes das artérias e das veias. A contração desses órgãos é promovida pela musculatura lisa sob o comando do sistema nervoso autônomo.
Tecido muscular estriado esquelético – É o tecido que forma a grande massa muscular do corpo popularmente conhecida como “carne”. Esses músculos se inserem nos ossos e, por suas contrações e relaxamentos, determinam o movimento do corpo nas articulações. As fibras musculares estriadas esqueléticas apresentam as seguintes características:
a)são células cilíndricas extremamente longas, podendo atingir mais de 20 cm de comprimento, embora permaneçam microscópicas em virtude da sua espessura muito fina;
b)revelam numerosos núcleos, sempre periféricos e dispostos de espaço a espaço ao longo da fibra;
c)apresentam estrias transversais no seu citoplasma, o que justifica o nome que lhes foi dado;
d)têm contrações rápidas e voluntárias, isto é, dependentes da vontade do indivíduo, pois são controladas por nervos do sistema nervoso da vida de relação;
e)têm a capacidade de se hipertrofiar quando submetidas a exercícios forçados e de se atrofiar quando não são solicitadas por muito tempo. Entretanto, são células permanentes, já que não há reprodução das mesmas após concluído o desenvolvimento embrionário. Quando ocorre a morte de algumas dessas células, não há regeneração do tecido,ou seja, não há substituição por perda.As fibras musculares estriadas esqueléticas
acompanham o crescimento do indivíduo, desde o nascimento até a sua estatura definitiva.
f)possuem uma proteína especial – a mioglonina, muito sememlhante à hemoglobina, que age no transporte de oxigênio e lhes dá a cor vermelha.
Cada fibra muscular estriada é composta de um grande número de miofibrilas paralelas. A dissociação dessas miofibrilas revela que cada uma, por si só, é também, formada por um grande número de miofilamentos protéicos de actina e de miosina. Essas duas proteínas de dispõem organizadamente como filamentos longos, paralelos, esticados no sentido do maior eixo da célula, porém com tal arrumação que os miofilamentos de actina, que são finos, ficam em certa extensão intercalados com os miofilamentos de miosina, que são grossos. Resulta disso que, nesses trechos, a miofibrila mostra maior densidade óptica. Em outros trechos, os miofilamentos de actina se apresentam simples, não acompanhados paralelamente por miofilamentos de miosina. Então, nesses trechos, a densidade óptica é menor.
Esse fato ocorrendo com todas as miofibrilas num perfeito paralelismo determina que, em conjunto, toda a fibra muscular estriada exiba uma sucessão de discos escuros e discos claros, que respondem pelo seu estriamento. Cada disco claro mostra na sua região mediana uma discreta linha de maior densidade, que é a linha Z. O espaço entre duas linhas Z seguidas é o que denominamos Sarcômero, a unidade morfofuncional da fibra muscular estriada. O mecanismo da contração muscular se baseia no seguinte fato: a ordem motora para a contração é proveniente do sistema nervoso central e chega à fibra muscular através dos terminais axônicos dos neurônios de algum nervo. Esses
terminais penetram na fibra muscular, constituindo a placa motora e junção neuromuscular. O impulso nervoso nervoso que chega à placa motora condiciona a fibra muscular para a liberação de íons Ca++ e Mg++, os quais precipitam todo um mecanismo bioquímico de ativação enzimática ao fim do qual as moléculas de actina, que têm uma das extremidades livre, deslizam por entre as moléculas de miosina, como que se aproximando e procurando tocar as suas extremidades. Isso determina a aproximação entre as duas linhas Z mais próximas e, consequentemente, o encurtamento do sarcômero. Se todos os sarcômeros se encurtarem a um só tempo, a miofibrila obrigatoriamente também se encurtará. E, por consequência final, com o encurtamento de todas as miofibrilas, a fibra muscular (célula inteira) também sofrerá retração do seu comprimento. Quando todas as fibras de um músculo se encurtam, o que se pode esperar mesmo é a contração do próprio músculo.
Tecido muscular estriado cardíaco: O tecido muscular cardíaco é encontrado exclusivamente no coração, formando a estrutura da parede desse órgão. A parede do coração recebe o nome de miocárdio. Por suas características estruturais e funcionais, o tecido muscular estriado cardíaco se situa como meio termo entre o tecido muscular liso e o tecido muscular estriado esquelético. Suas características principais são:
a)células longas e cilíndricas cujas extremidades se encaixam parecendo uma dar continuidade a outra;
b)muitas células desse tecido são bifurcadas, isto é, se assemelham a uma forquilha;
c)embora as células desse tecido sejam estriadas, à semelhança do tecido esquelético, elas, geralmente, possuem apenas um núcleo, que é central (raramente alguma possui dois núcleos);
d)d)células dotadas de contrações rápidas e de ação involuntária (independente da vontade do indivíduo);
e)presença de discos intercalares, que correspondem ao ponto de contato da extremidade de uma célula com a extremidade de outra.
TECIDO NERVOSO
O tecido nervoso é um tecido praticamente presente em todas as partes do corpo. Afinal, ele tanto responde pela sensibilidade, que existe em qualquer órgão ou área do corpo, como comanda todas as atividades, quer sejam de um músculo, de uma glândula ou de uma víscera, como o estômago, o intestino, a bexiga urinária, a vesícula biliar etc.
No tecido nervoso devemos distinguir dois grupos de células com papéis nitidamente diferentes: os neurônios e as células da neuróglia. Os neurônios são as células nervosas propriamente ditas. E assim, são considerados porque efetivamente são eles que desempenham a função de transmitir impulsos nervosos da periferia para os centros superiores (tornando possível a sensibilidade ou percepção das coisas) ou dos centros nervosos para a periferia (determinando, com isso, a realização do trabalho muscular, glandular ou visceral). As células da neuróglia, também chamada glia, têm a função de
proteção, sustentação e até facilitar a difusão de metabólicos entre o sangue e os neurônios. Mas as células gliais não têm qualquer capacidade de transmitir um impulso nervoso.
O neurônio é a unidade morfofuncional do tecido nervoso. Na maioria das vezes, ele se mostra como uma célula estrelada, contendo um corpo – o seu centro-trófico ou pericárdio – e numerosas ramificações. Dentre estas, distinguem-se os dendritros, que são em grande número e extremamente ramificados, e um eixo único para cada neurônio longo, sem ramificações, a não ser uns terminais arborescentes na extremidade distal, que recebe o nome de axônio.
No centro-trófico do neurônio localiza-se o núcleo da célula. Os impulsos nervosos correm sempre orientadamente dos dendritos para o centro-trófico e deste para o axônio. Por isso, diz-se que os dendritos têm ação centrípeta, enquanto o axônio tem condução centrífuga. Esse sentido do fluxo nervoso é absolutamente invariável. Em nenhuma hipótese pode ocorrer o fluxo em sentido contrário.
O impulso nervoso ocorre em função de alterações que se processam no equilíbrio iônico ao nível da membrana plasmática do neurônio. Sabe-se que a quantidade de íons Na+ e K+ na face externa e na face interna da membrana do neurônio revela uma nítida diferença de distribuição e concentração entre essas duas faces. Assim, em estado de repouso da célula, há mais Na+ na face externa do que na interna e, inversamente, há mais K+ na face interna do que na externa. Todavia, a face externa se mostra mais eletropositiva do que a face interna, com uma certa “diferença de potencial”.
Quando o neurônio é submetido a um estímulo externo, há a passagem brusca de íons NA+ da face externa para a interna, aumentando a positividade dessa face em relação à externa e invertendo a polaridade da membrana. Considera-se que a face menos positiva se comporte perante a outra, por relatividade, como se fosse negativa. Essa inversão de polaridade da membrana age como um estímulo sobre a porção imediatamente seguinte dela, onde o fato
se repete. E, assim, surge um potencial de ação, que corre ao longo da membrana, caracterizando o que chamamos de fluxo ou impulso nervoso.
O fluxo nervoso passa de um neurônio a outro seguindo sempre o sentido: dendrito- centro-trófico- axônio- dendrito- centro-trófico- axônio e assim por diante. O ponto de contigüidade entre os terminais axônicos de um neurônio e as extremidades dendríticas do neurônio seguinte constitui uma sinapse nervosa. Ali não há continuidade das células, apenas contigüidade. Mas, no momento em que o potencial de ação atinge os terminais arborescentes do axônio, estes eliminam no espaço intra-sináptico uma substância, considerada neurormônio, chamada mediador químico da sinapse. Os mediadores químicos mais comum são a acetilcolina e a adrenalina. O mediador químico transmite o estímulo às ramificações dendríticas do neurônio seguinte, e o potencial de ação se repete neste último, prosseguindo seu trajeto pela cadeia de neurônios. Muitos terminais axônicos não fazem sinapse com extremidades dendríticas de outros neurônios, mas sim com a membrana do próprio centro-trófico de outros neurônios. Então, podemos distinguir sinapses axônio-dendríticas e sinapses axônio-corporais.
Além das sinapses neuro-neurais (de neurônio com neurônio), como acabamos de ver, existem sinapses neuro-musculares (as chamadas placas motoras, que já estudamos na parte referente aos tecidos musculares) e sinapses neuro-glandulares (pontos de
terminalização de axônios no interior de células glandulares, transmitindo-lhes ordens para a atividade secretora).
Alguns neurônios possuem o seu axônio descoberto, nu (axônio amielínico). Mas a maioria dos neurônios tem o axônio envolto por uma camada de mielina (fosfolipídio), constituindo a bainha de mielina e mais a bainha de Schwann. Esta última é formada por células que se agregam ao longo do axônio, chamadas células de Schwann. Durante o desenvolvimento do axônio, as células de Schwann expandem uma porção laminar da sua membrana que é rica em mielina e que, aos poucos, vai envolvendo o axônio, enrolando-se nele à maneira de um “rocambole”, até formar a bainha de mielina. Muito frequentemente, por fora da bainha de mielina e da bainha de Schwann, ainda se encontra uma bainha de células conjuntivas – a bainha conjuntiva ou endoneuro.
Órgãos dos Sentidos
ÓRGÃOS DOS SENTIDOS:
A capacidade que temos de distinguir diferentes estímulos que provêm do exterior, como luz, som, cheiro, gosto, percepções tácteis e de dor, decorre da existência, em nosso cérebro, de áreas específicas (centros nervosos do córtex cerebral) cujos neurônios são altamente especializados no sentido de transformar os impulsos nervosos (potenciais de ação) que a eles chegam em noção ou percepção de visão, de audição, de odor etc. Qualquer comprometimento de um desses centros pode afetar notavelmente a capacidade de percepção do sentido pelo qual ele responde. Para o correto processamento de qualquer dos sentidos, o organismo dispõe sempre de 03 categorias de estruturas particulares:
Estruturas receptoras
Estruturas condutoras
Estruturas transformadoras
As estruturas receptoras compreendem não só os chamados órgãos dos sentidos (olhos, ouvidos, nariz, língua e pele), que recebem os estímulos externos e mostram alto nível de especialização para transformar o estímulo num impulso nervoso ou potencial de ação que vá direto ao cérebro, mas também abrangem receptores sensoriais de dimensões microscópicas ou, pelo menos, muito pequenos, espalhados na superfície ou na profundidade dos músculos e das vísceras e que respondem pelos estímulos que se passam interiormente, no corpo. Assim, podemos distinguir, entre os receptores sensoriais, 03 tipos básicos:
A – Éxteroceptores – representados pelos órgãos dos sentidos, situados na periferia do corpo e que recebem estímulos externos. Compreendem os olhos, ouvidos, corpúsculos sensoriais do tato distribuidos na pele, corpúsculos do gosto situados nas papilas da língua e terminações nervosas do nervo olfativo na mucosa pituitária do nariz.
B – Ínteroceptores – representandos pelos nódulos carotídeos e aórticos, que percebem as variações de teor do dióxido de carbono e do oxigênio no sangue, controlando o ritmo respiratório e o ritmo cardíaco do indivíduo, pois atuam sobre o bulbo (o primeiro deles), estimulando o centro respiratório, e sobre o nódulo sino-atrial (o segundo deles), acelerando os batimentos cardíacos. Também as terminações nervosas ao nível das vísceras atuam como ínteroceptores, permitindo a sensibilidade profunda dos órgãos. É graças a esses interceptores que pode-se sentir uma dor de estômago, uma cólica uterina ou intestinal, a incomodidade de uma cistite, a dor de um espasmo de vesícula ou a provocada por um cálculo renal.
C – Próprioceptores – são receptores muito especiais situados no interior dos músculos estriados esqueléticos, que transmitem ao cérebro os estímulos indicativos do grau de concentração ou relaxamento muscular. Em função desses receptores, o indivíduo pode deduzir a altura a que elevou o pé ao subir um degrau, mesmo sem olhar para ele. Os distúrbios desses receptores ocasionam as ataxias locomotoras (a pessoa passa a andar arrastando os pés, sem tirá-los do chão e, ao subir ou descer uma escada, tem de olhar os degraus, um a um, para não cair).
As estruturas condutoras se fazem representar pelos nervos que conduzem o potencial de ação desde o órgão receptor até a área específica do cortex cerebral. Logo, a estrutura condutora do sentido da visão é o nervo óptico (um dos 12 pares de nervos cranianos) são as estruturas condutoras dos sentidos do olfato e da audição, respectivamente.
As estruturas transformadoras correspondem às áreas específicas para cada um dos sentidos, dentro do complexo mapeamento do córtex cerebral. O centro da visão, o centro da audição, o centro do olfato etc., são zonas que atuam como as estruturas transformadoras de impulsos nervosos em noção de visão, audição, olfato, respectivamente.
VISÃO:
O globo ocular é um órgão ligeiramente oval, com o seu maior diâmetro no sentido ântero-posterior. Mostra-se encaixado na arcada orbitária e preso a ela por seis músculos, cujas contrações e relaxamentos determinam os movimentos oculares. Esses músculos são comandados por dois pares de nervos cranianos. Portanto, os movimentos dos globos oculares nada têm a ver com o nervo óptico, que é simplesmente sensitivo.
O globo ocular é delimitado por 03 camadas sucessivas. De fora para dentro encontramos:
A – Esclerótica – camada mais externa do olho, formada de tecido conjuntivo fibroso com finalidade estrutural e de proteção. Tem cor branca e é popularmente conhecida como o “branco do olho”. Na parte anterior do globo, a esclerótica torna-se muito fina e delicada, a ponto de ficar transparente, constituindo a córnea.
B – Coróide – também formada por tecido conjuntivo, a coróide tem células muito pigmentadas, que respondem pela coloração dos olhos. É muito comum comparar-se o globo ocular a uma câmara, e nessa comparação, a coróide faz o papel da parede negra da câmara, que absorve o excesso de luz que possa entrar na máquina através do seu diafragma (correspondente à pupila do olho). Na porção anterior do globo, através da córnea, que é transparente, pode-se ver uma área circular da coróide, que nesse ponto é mais fina e recebe o nome de íris. No centro da íris há um orifício circular – a pupila – com capacidade de aumentar (midríase) ou diminuir (miose) seu diâmetro, graças ao trabalho de músculos lisos que se dispõem radialmente ou circularmente ao redor desse orifício e são controlados pelo sistema nervoso autônomo.
C – Retina – é o envoltório mais interno do globo ocular. Formada por tecido nervoso,ela se continua com o nervo óptico e se forma embrionariamente como uma expansão do cérebro. Revela, no fundo do olho, uma pequena depressão – a macula lútea (mancha amarela) – local onde devem projetar-se os raios luminosos para que o indivíduo possa efetivamente ver. Raios luminosos que se projetam na retina fora dessa área não são percebidos pela pessoa. O ponto mais sensível da macula lútea é o seu centro, denominado fóvea centralis. Na macula lútea encontram-se vários tipos de neurônios. Mas os mais importantes são os cones e os bastonetes, pois são fotossensíveis e desencadeiam o potencial de ação (impulso nervoso) que levará ao cérebro, através do nervo óptico, a mensagem que será finalmente interpretada como visão. Os cones são responsáveis pela visão das cores, enquanto os bastonetes não têm a capacidade de distinguir os diversos comprimentos de onda das radiações luminosas, por isso, só permitem a visão em preto e branco.
Nos bastonetes há um pigmento fotossensível chamado rodopsina ou púrpura retiniana, formado de uma associação entre o retinal, proveniente da vitamina A (chamada retinol) e uma proteína. A rodopsina é um pigmento de cor vermelho-púrpura que, em presença de luz, de dissocia (a proteína se separa do retinal) e muda de cor, ficando amarelado. Provavelmente, essa alteração se constitui numa reação exergônica, com a liberação de energia suficiente para estimular os bastonetes a desenvolverem o potencial de ação que irá ao cérebro. Embora não distingam as radiações luminosas, os bastonetes são mais sensíveis à luz do que os cones. Por isso, em ambiente de penumbra, com pouca luz, os cones não funcionam e, assim, o indivíduo vê as coisas apenas em preto e branco, à custa dos bastonetes.
Os cones também produzem um pigmento visual parecido com a rodopsina, porém com uma composição um pouco diferente pois, ainda que contenha também o retinal, é formado por uma estrutura protéica diversa. Sabe-se que existem três tipos diferentes de cone, cada um deles com pigmento próprio capaz de reagir especificamente às radiações luminosas de uma faixa de comprimento de onda própria. Dessa forma, compreende-se que cada um dos tipos de cone é sensível a uma das três radiações das chamadas cores primárias (vermelho, azul e verde). Se a retina recebe ao mesmo tempo duas ou três radiações básicas, serão estimulados dois ou três tipos de cone simultaneamente e a soma desses estímulos será processada no cérebro, convertendo-se na percepção das cores secundárias. A luz branca comporta a três radiações básicas (azul, verde e vermelho). Quando essa luz se reflete num objeto ou numa superfície, se todas as suas radiações sofrerem a reflexão e atingirem o olho de um observador, ele verá o objeto ou a superfície brancos. Se uma das radiações for absorvida, as que se refletirem e atingirem o olho da pessoa lhe darão uma das cores secundárias.
A luz penetra no olho, atravessa todos os seus segmentos e deve projetar-se na retina, precisamente na macula lútea. Nesse ponto, a luz atravessa toda a estrutura da retina e vai se refletir na camada pigmentada (última camada da retina e que a separa da coróide). Só então, ela irrita os cones e bastonetes, que desenvolvem um impulso nervoso (potencial de ação). Esse impulso passa, a seguir, às células bipolares e às células ganglionares, em sentido contrário ao inicial, como uma contra-mão, e daí prossegue pelas fibras do nervo óptico até o cerébro.
Para que a imagem se projete perfeitamente sobre a macula lutea há necessidade de que o cristalino, corpo em forma de lente biconvexa situado atrás da íris e da pupila, sofra uma constante acomodação, a fim de fazer com que a imagem das coisas se projete corretamente sobre a fóvea centralis da macula lútea. A acomodação do cristalino é proporcionada pelas contrações e relaxamentos dos músculos ciliares, que se dispõem na periferia desse corpo como um anel ao seu redor. A contração desses músculos determina uma espécie de compressão periférica da lente, que por isso mesmo, aumento o seu diâmetro ântero-posterior, tornando-se mais convergente. O relaxamento dos músculos ciliares permite, que a lente se expanda, aumentando o seu perímetro e diminuindo o seu diâmetro ântero-posterior. Assim o cristalino torna-se menos convergente.
Com essa acomodação, a pessoa pode visualizar coisas mais próximas ou mais distantes, projetando a imagem corretamente na retina. Agora, você pode compreender que, para ler, o indivíduo tem que contrair os músculos ciliares a fim de tornar o cristalino mais convergente, pois ele procura focalizar a imagem de um objeto muito próximo ao olho. É essa a razão da fadiga muscular que quando sucede a muitas horas de leitura, pode ocasionar cefaléia.
O espaço que fica entre o cristalino e o fundo do olho é preenchido por um material gelatinoso e transparente chamado humor vítreo.
O olho normal é denominado emétrope, em oposição ao olho míope e ao olho hipermétrope. Na miopia, anormalidade de fundo hereditário, o olho é muito convergente e a imagem se projeta antes da retina, sempre que o objeto se encontra muito afastado dele. Por isso, a pessoa míope tem o costume de aproximar muito as coisas dos olhos para vê-las. Há uma forma de miopia determinada por gene dominante, que condiciona o desenvolvimento de uma córnea muito abaulada o que faz o olho ficar muito convergente. Mas há outra forma de miopia, esta presidida por gene recessivo, que condiciona o desenvolvimento de um olho com o diâmetro ântero-posterior muito aumentado, de tal sorte que a imagem tende a cair sempre antes da retina. Em qualquer desses casos, a correção é feita com o uso de lentes divergentes. Hoje, a miopia é corrigida cirurgicamente. Na hipermetropia, também de cunho hereditário, o olho se apresenta pouco convergente, seja por pequena curvatura da córnea, seja pela deficiência do seu diâmetro ântero-posterior, e a imagem se projeta depois da retina, sempre que o objeto sem encontra próximo dele. A correção é feita com lentes convergentes. A vista cansada, também chamada presbitia ou presbiopia, se assemelha à hipermetropia, pois o indivíduo tem dificuldade de focalizar na retina a imagem de objetos próximos aos olhos. Por isso, ele os afasta para ver. Mas a presbiopia decorre de uma perda do poder de acomodação do cristalino, o que ocorre com a idade. No astigmatismo, ocorre uma curvatura irregular da córnea. Em função desse fato, a imagem se projeta distorcida e dupla na retina. A visão de um ponto se mostra como a visão de dois pontos quase acoplados (como uma sombra). Há lentes especiais, cilíndricas, usadas para a correção do astigmatismo. Também há tratamento cirúrgico.
O impulso nervoso que leva ao cérebro as impressões provocadas pelas radiações luminosas é rigorosamente processado ou analisado nos centros da visão e de associação de dados do córtex cerebral. Disso resulta a noção de visão e a interpretação da imagem dentro de uma certa lógica.
Anexos do olho:
Os anexos do olho compreendem as seguintes estruturas:
Pálpebras – são duas pregas de músculos, uma superior e outra inferior, situadas adiante das órbitas, cuja função é proteger o globo ocular. Sua borda livre apresenta duas ou três filas de cílios.
Cílios – são duas saliências arqueadas situadas sobre a borda das pálpebras e dotados de pêlos. Atuam na defesa do olho contra agentes estranhos.
Conjuntiva – é uma membrana mucosa que recobre a face interna dorsal das pálpebras e a face anterior do globo ocular. É uma camada muito vascularizada, dotada de uma importante rede linfática destinada a proteger o olho dos agentes físicos externos e das infecções.
Aparelho Lacrimal – é constituído pela glândula lacrimal, que secreta as lágrimas e pelas vias lacrimais. A função das lágrimas é facilitar o deslizamento das pálpebras sobre o globo ocular e umedecer a parte anterior deste, que está em contato com o ar.
Glândula Lacrimal – está situada na parte ântero-externa e superior da órbita.
Vias Lacrimais – compreendem os canais excretores da glândula e os canais do saco lacrimal, e têm como função distribuir e drenar as lágrimas.
AUDIÇÃO: A audição é o sentido que nos permite perceber os sons e os ruídos. Os sons decorrem de movimentos ondulatório do ar, regulares, homogêneos, dentro de certa frquência entre 16 e 20.000 hertz. O hertz (Hz) é a unidade de frequência que corresponde a 01 ciclo (01 movimento ondulatório) por segundo.
A porção receptora do nosso aparelho auditivo. Ele compreende três segmentos: o ouvido externo, o ouvido médio e o ouvido interno.
OUVIDO EXTERNO – Abrange o pavilhão da orelha e o canal auditivo externo. O pavilhão tem uma estrutura interna cartilaginosa, que lhe dá a conformação de uma concha com diversas ondulações. Destina-se a orientar os sons no sentido do canal auditivo externo. Este último, por sua vez, é um conduto curto, parcialmente revestido de mucosa e tendo o seu fundo fechado por uma membrana delicada e vibrátil chamada tímpano. A porção de mucosa que reveste uma parte desse canal segrega uma substância ceruminosa – o cerúmen – e é recoberta por pelos. Ambos retém as impurezas ou corpos estranhos que penetram nesse conduto.
OUVIDO MÉDIO – É, também, conhecido como caixa timpânica. Na realidade, é um pequeno compartimento aproximadamente cúbico, com 04 janelas: uma obliterada pelo tímpano, através da qual faz contato com o canal auditivo externo; outra, que dá acesso à trompa de Eustáquio, comunicando-se, por meio dela, com a faringe, e outras duas que comunicam essa câmara com o ouvido interno. O ouvido médio exibe uma pequena cadeia de 03 ossinhos: o martelo, a bigorna e o estribo, que, enfileirados, fazem a ligação entre o tímpano e a janela oval, que dá acesso ao ouvido interno. O som que penetra pelo canal auditivo externo vibra o tímpano e essa vibração se transmite pela cadeia de ossículos, transmitindo-se ao ouvido interno.
OUVIDO INTERNO – Tem uma estrutura maio ou menos complexa, o que lhe valeu o nome de labirinto. O labirinto compõe-se de duas partes fundamentais: o vestíbulo e a cóclea ou caracol. O vestíbulo é formado por uma dilatação chamada utrículo sobre a qual se instalam três canais semicirculares, dispostos entre si em ângulos retos. Todo o vestíbulo é oco, preenchido por um líquido – a endolinfa – e tem suas paredes internas revestidas por um epitélio ciliado. Na endolinfa mantém-se flutuantes numerosos microcristais de carbonato de cálcio denominados otolitos. Conforme a posição da cabeça do indivíduo ou os movimentos bruscos que ele realize, os otolitos roçam os cilios de uma região daquele epitélio. Esses cilios têm contato com filetes nervosos do nervo vestibular, os quais levam ao cérebro informações precisas quanto à localização dos otolitos. E aí, o processamento de dados no encéfalo conclui pela posição do corpo da pessoa. O vestíbulo tem importante papel na detecção da posição do indivíduo e, em conexão com o cerebelo, responde pelo equilibrio postural. A inflamação do labirinto impede a percepção da situação dos otolitos sobre o epitélio ciliado e tira ao cerebelo toda condição de avaliar a posição do indivíduo. Isso caracteriza a labirintite, doença que provoca tonturas intensas, causando perda de equilibrio ao doente. A cóclea é um canal enrolado em espiral que se implanta sobre uma pequena dilatação chamado sáculo. O interior desse canal é dividido em 03 andares: a rampa ascendente, a rampa descendente e a rampa intermediária. O som que chegou ao ouvido médio e alcançou o ouvido interno penetra pela rampa ascendente, vai até o final do túnel e retorna pela rampa descendente, voltando ao ouvido médio, de onde sai para se perder pela trompa de Eustáquio. Mas, durante esse trajeto, as vibrações se transmitem à rampa média, onde se encontram os órgãos de Corti. Eles são as estruturas responsáveis pela percepção dos sons e ruídos. Nos órgãos de Corti encontramos uma membrana fina e vibrátil – a membrana tectória. O movimento ondulatório do som vibra essa membrana e ela, por sua vez, toca um epitélio ciliado que lhe fica lobo abaixo. As células ciliadas estão em contato com as fibras do nervo coclear. Essas fibras levarão ao centro da audição, no córtex cerebral, um potencial de ação que será processado e interpretado como um som. As fibras do nervo coclear se juntam com as fibras do nervo vestibular (vindas do vestíbulo) e formam, em conjunto, o nervo acústico. Este, ao chegar ao encéfalo, tem novamente separadas as suas fibras. As que provém do nervo vestibular vão terminar no cerebelo, as que provém do nervo coclear vão em direção ao centro da audição, no cérebro.
OLFATO: O olfato é o sentido que nos permite perceber e distinguir os mais variados cheiros que ocorrem na natureza. Seu órgão receptor é o nariz, ou, mais precisamente, a mucosa pituitária olfativa, que reveste as partes mais profundas das fossas nasais. Na mucosa pituitária se localizam células nervosas, dispostas entre as células epiteliais desse tecido. As células nervosas têm os seus dendritos terminando em botões que agem como quimiorreceptores. Moléculas ou partículas adoríficas provenientes do meio ambiente tocam esses botões e assim procedem como fonte de estímulo para o aparecimento de uma resposta, um impulso nervoso, representado por um potencial de ação. Esse potencial de ação é conduzido pelo nervo olfativo ao centro do olfato, no córtex cerebral, onde ele é processado e interpretado como a percepção de um cheiro. Para que a partícula odorífica impressione os botões olfativos da mucosa pituitária é necessário que haja umidade nesta última, pois parace haver uma reação química entre alguma substância própria da estrutura receptora e o agente estimulante. Em 1.960, John Amoore, da Universidade de Oxford (Inglatera), lançou a hipótese de que os botões sensitivos do nervo olfativo, na mucosa pituitária, teriam conformações especiais (quimiorreceptores dendríticos) onde se encaixariam perfeitamente as partículas odoríficas. Estas, por sua vez, de distribuiriam, quanto às suas formas, em sete tipos fundamentais, correspondentes a sete odores básicos: cânfora, almiscar, floral, menta, éter, penetrante e putrefato. A maioria das substâncias, segundo Amoore, eliminaria mais de um desses tipos básicos de partículas odoríficas. A combinação dos tipos com devidos percentuais atuando sobre os terminais sensitivos do nervo olfativo determinaria uma análise combinatória capaz de justificar o incontável número de odores distintos que conhecemos.
PALADAR: A percepção do paladar também decorre de um processo de reação química entre partículas provenientes do meio externo e quimiorreceptores localizados na superfície das papilas gustativas, na língua. Então olfato e paladar têm algo em comum: o estímulo se processa por meio químico, daí se desencadeando um impulso nervoso, que vai a uma região específica do córtex cerebral para ser interpretado como “sensação de gosto”. A língua é um órgão musculoso, situado na base da cavidade bucal. Tem uma forma cônica. Além da sua função gustativa participa na deglutição e na articulação das palavras. Nela podemos distinguir uma proção faríngea e outra oral. É constituída por um esqueleto osteofibroso e músculos. É oportuno lembrar, entretanto, que as papilas linguais se dividem em dois grupos elementares: as papilas gustativas e as papilas táteis. Estas últimas não percebem o gosto das coisas, são filiformes e contém, na sua estrutura, filetes nervosos que lhe dão a capacidade de detectar a presença de um finíssimo fio de seda sobre a língua. Já as papilas gustativas, que podem ser caliciformes (em forma de cálice), fungiformes (em forma de cogumelo de chapéu) ou filiformes (em forma de fios), possuem na sua superfície os botões gustativos ou corpúsculos do gosto, formados por células nervosas cujas ramificações se continuam ao longo do nervo glossofaríngeo (9º. par craniano), que é nervo condutor dos estímulos do gosto ao centro do paladar no córtex cerebral.
As papilas caliciformes são grandes e se mostram na parte posterior da língua, formando um V aberto para a frente e o vértice voltado para a garganta. Essas papilas são altamente sensíveis ao sabor amargo. As papilas fungiformes se distribuem por outros setores da língua, e conforme a natureza dos botões gustativos que possuem, são mais sensíveis ao sabor doce, ou ao sabor salgado, ou ao sabor ácido (azedo). Na verdade, a conclusão final do gosto de um alimento, de uma bebida ou de uma guloseima qualquer depende da associação de dados fornecidos ao cérebro não só pelas papilas gustativas, mas também pelas papilas táteis e até mesmo pela mucosa pituitária. Afinal, é de uma complexa análise combinatória entre os quatro sabores básicos (amargo, doce, salgado e azedo) e mais a consistência (sólida, pastosa, líquida, espumante, gelatinosa, crocante etc) a temperatura (gelado, frio, morno, quente) e o cheiro do material ingerido que resulta o reconhecimento de um determinado sabor.
TATO: O tato pode ser entendido não só como a percepção do leve roçar de algo suave sobre a pele como, também, as percepções de dor, calor, frio e pressão sobre qualquer ponto da superfície corporal, por ação de um estímulo esterno. Para tanto, a pele é dotada de dois tipos de estruturas sensoriais: as terminações nervosas livres e os corpúsculos do tato. As terminações nervosas livres compreendem os terminais dendríticos de neurônios que transmitem ao cérebro (ao centro da dor do córtex) os estímulos dolorosos como picadas de agulha ou de insetos, cortes, queimaduras, beliscões, tapas etc. Os corpúsculos do tato abrangem quatro variedades, todas com estrutura neuroepitelial, porém com dimensões, localizações e especializações funcionais diversas: Corpúsculos de Meissner – Distinguem-se o tato propriamente dito (contato suave de algo com a pele). Corpúsculos de Pacini – Percebem a pressão profunda. Enquanto os corpúsculos de Meissner são muito pequenos, medindo cerca de 0,1 mm e superficiais, os corpúsculos de Pacini são grandes, com quase 04 mm e se situam profundamente na pele. Têm muita utilidade para os cegos na leitura braile. Corpúsculos de Krause – Reconhecem as sensações de frio. Corpúsculos de Ruffini – Distinguem as variações de calor. Os corpúsculos de Krause e de Ruffini são os menores entre todos os corpúsculos do tato, pois medem de 0,03 mm. São também superficiais.
A capacidade que temos de distinguir diferentes estímulos que provêm do exterior, como luz, som, cheiro, gosto, percepções tácteis e de dor, decorre da existência, em nosso cérebro, de áreas específicas (centros nervosos do córtex cerebral) cujos neurônios são altamente especializados no sentido de transformar os impulsos nervosos (potenciais de ação) que a eles chegam em noção ou percepção de visão, de audição, de odor etc. Qualquer comprometimento de um desses centros pode afetar notavelmente a capacidade de percepção do sentido pelo qual ele responde. Para o correto processamento de qualquer dos sentidos, o organismo dispõe sempre de 03 categorias de estruturas particulares:
Estruturas receptoras
Estruturas condutoras
Estruturas transformadoras
As estruturas receptoras compreendem não só os chamados órgãos dos sentidos (olhos, ouvidos, nariz, língua e pele), que recebem os estímulos externos e mostram alto nível de especialização para transformar o estímulo num impulso nervoso ou potencial de ação que vá direto ao cérebro, mas também abrangem receptores sensoriais de dimensões microscópicas ou, pelo menos, muito pequenos, espalhados na superfície ou na profundidade dos músculos e das vísceras e que respondem pelos estímulos que se passam interiormente, no corpo. Assim, podemos distinguir, entre os receptores sensoriais, 03 tipos básicos:
A – Éxteroceptores – representados pelos órgãos dos sentidos, situados na periferia do corpo e que recebem estímulos externos. Compreendem os olhos, ouvidos, corpúsculos sensoriais do tato distribuidos na pele, corpúsculos do gosto situados nas papilas da língua e terminações nervosas do nervo olfativo na mucosa pituitária do nariz.
B – Ínteroceptores – representandos pelos nódulos carotídeos e aórticos, que percebem as variações de teor do dióxido de carbono e do oxigênio no sangue, controlando o ritmo respiratório e o ritmo cardíaco do indivíduo, pois atuam sobre o bulbo (o primeiro deles), estimulando o centro respiratório, e sobre o nódulo sino-atrial (o segundo deles), acelerando os batimentos cardíacos. Também as terminações nervosas ao nível das vísceras atuam como ínteroceptores, permitindo a sensibilidade profunda dos órgãos. É graças a esses interceptores que pode-se sentir uma dor de estômago, uma cólica uterina ou intestinal, a incomodidade de uma cistite, a dor de um espasmo de vesícula ou a provocada por um cálculo renal.
C – Próprioceptores – são receptores muito especiais situados no interior dos músculos estriados esqueléticos, que transmitem ao cérebro os estímulos indicativos do grau de concentração ou relaxamento muscular. Em função desses receptores, o indivíduo pode deduzir a altura a que elevou o pé ao subir um degrau, mesmo sem olhar para ele. Os distúrbios desses receptores ocasionam as ataxias locomotoras (a pessoa passa a andar arrastando os pés, sem tirá-los do chão e, ao subir ou descer uma escada, tem de olhar os degraus, um a um, para não cair).
As estruturas condutoras se fazem representar pelos nervos que conduzem o potencial de ação desde o órgão receptor até a área específica do cortex cerebral. Logo, a estrutura condutora do sentido da visão é o nervo óptico (um dos 12 pares de nervos cranianos) são as estruturas condutoras dos sentidos do olfato e da audição, respectivamente.
As estruturas transformadoras correspondem às áreas específicas para cada um dos sentidos, dentro do complexo mapeamento do córtex cerebral. O centro da visão, o centro da audição, o centro do olfato etc., são zonas que atuam como as estruturas transformadoras de impulsos nervosos em noção de visão, audição, olfato, respectivamente.
VISÃO:
O globo ocular é um órgão ligeiramente oval, com o seu maior diâmetro no sentido ântero-posterior. Mostra-se encaixado na arcada orbitária e preso a ela por seis músculos, cujas contrações e relaxamentos determinam os movimentos oculares. Esses músculos são comandados por dois pares de nervos cranianos. Portanto, os movimentos dos globos oculares nada têm a ver com o nervo óptico, que é simplesmente sensitivo.
O globo ocular é delimitado por 03 camadas sucessivas. De fora para dentro encontramos:
A – Esclerótica – camada mais externa do olho, formada de tecido conjuntivo fibroso com finalidade estrutural e de proteção. Tem cor branca e é popularmente conhecida como o “branco do olho”. Na parte anterior do globo, a esclerótica torna-se muito fina e delicada, a ponto de ficar transparente, constituindo a córnea.
B – Coróide – também formada por tecido conjuntivo, a coróide tem células muito pigmentadas, que respondem pela coloração dos olhos. É muito comum comparar-se o globo ocular a uma câmara, e nessa comparação, a coróide faz o papel da parede negra da câmara, que absorve o excesso de luz que possa entrar na máquina através do seu diafragma (correspondente à pupila do olho). Na porção anterior do globo, através da córnea, que é transparente, pode-se ver uma área circular da coróide, que nesse ponto é mais fina e recebe o nome de íris. No centro da íris há um orifício circular – a pupila – com capacidade de aumentar (midríase) ou diminuir (miose) seu diâmetro, graças ao trabalho de músculos lisos que se dispõem radialmente ou circularmente ao redor desse orifício e são controlados pelo sistema nervoso autônomo.
C – Retina – é o envoltório mais interno do globo ocular. Formada por tecido nervoso,ela se continua com o nervo óptico e se forma embrionariamente como uma expansão do cérebro. Revela, no fundo do olho, uma pequena depressão – a macula lútea (mancha amarela) – local onde devem projetar-se os raios luminosos para que o indivíduo possa efetivamente ver. Raios luminosos que se projetam na retina fora dessa área não são percebidos pela pessoa. O ponto mais sensível da macula lútea é o seu centro, denominado fóvea centralis. Na macula lútea encontram-se vários tipos de neurônios. Mas os mais importantes são os cones e os bastonetes, pois são fotossensíveis e desencadeiam o potencial de ação (impulso nervoso) que levará ao cérebro, através do nervo óptico, a mensagem que será finalmente interpretada como visão. Os cones são responsáveis pela visão das cores, enquanto os bastonetes não têm a capacidade de distinguir os diversos comprimentos de onda das radiações luminosas, por isso, só permitem a visão em preto e branco.
Nos bastonetes há um pigmento fotossensível chamado rodopsina ou púrpura retiniana, formado de uma associação entre o retinal, proveniente da vitamina A (chamada retinol) e uma proteína. A rodopsina é um pigmento de cor vermelho-púrpura que, em presença de luz, de dissocia (a proteína se separa do retinal) e muda de cor, ficando amarelado. Provavelmente, essa alteração se constitui numa reação exergônica, com a liberação de energia suficiente para estimular os bastonetes a desenvolverem o potencial de ação que irá ao cérebro. Embora não distingam as radiações luminosas, os bastonetes são mais sensíveis à luz do que os cones. Por isso, em ambiente de penumbra, com pouca luz, os cones não funcionam e, assim, o indivíduo vê as coisas apenas em preto e branco, à custa dos bastonetes.
Os cones também produzem um pigmento visual parecido com a rodopsina, porém com uma composição um pouco diferente pois, ainda que contenha também o retinal, é formado por uma estrutura protéica diversa. Sabe-se que existem três tipos diferentes de cone, cada um deles com pigmento próprio capaz de reagir especificamente às radiações luminosas de uma faixa de comprimento de onda própria. Dessa forma, compreende-se que cada um dos tipos de cone é sensível a uma das três radiações das chamadas cores primárias (vermelho, azul e verde). Se a retina recebe ao mesmo tempo duas ou três radiações básicas, serão estimulados dois ou três tipos de cone simultaneamente e a soma desses estímulos será processada no cérebro, convertendo-se na percepção das cores secundárias. A luz branca comporta a três radiações básicas (azul, verde e vermelho). Quando essa luz se reflete num objeto ou numa superfície, se todas as suas radiações sofrerem a reflexão e atingirem o olho de um observador, ele verá o objeto ou a superfície brancos. Se uma das radiações for absorvida, as que se refletirem e atingirem o olho da pessoa lhe darão uma das cores secundárias.
A luz penetra no olho, atravessa todos os seus segmentos e deve projetar-se na retina, precisamente na macula lútea. Nesse ponto, a luz atravessa toda a estrutura da retina e vai se refletir na camada pigmentada (última camada da retina e que a separa da coróide). Só então, ela irrita os cones e bastonetes, que desenvolvem um impulso nervoso (potencial de ação). Esse impulso passa, a seguir, às células bipolares e às células ganglionares, em sentido contrário ao inicial, como uma contra-mão, e daí prossegue pelas fibras do nervo óptico até o cerébro.
Para que a imagem se projete perfeitamente sobre a macula lutea há necessidade de que o cristalino, corpo em forma de lente biconvexa situado atrás da íris e da pupila, sofra uma constante acomodação, a fim de fazer com que a imagem das coisas se projete corretamente sobre a fóvea centralis da macula lútea. A acomodação do cristalino é proporcionada pelas contrações e relaxamentos dos músculos ciliares, que se dispõem na periferia desse corpo como um anel ao seu redor. A contração desses músculos determina uma espécie de compressão periférica da lente, que por isso mesmo, aumento o seu diâmetro ântero-posterior, tornando-se mais convergente. O relaxamento dos músculos ciliares permite, que a lente se expanda, aumentando o seu perímetro e diminuindo o seu diâmetro ântero-posterior. Assim o cristalino torna-se menos convergente.
Com essa acomodação, a pessoa pode visualizar coisas mais próximas ou mais distantes, projetando a imagem corretamente na retina. Agora, você pode compreender que, para ler, o indivíduo tem que contrair os músculos ciliares a fim de tornar o cristalino mais convergente, pois ele procura focalizar a imagem de um objeto muito próximo ao olho. É essa a razão da fadiga muscular que quando sucede a muitas horas de leitura, pode ocasionar cefaléia.
O espaço que fica entre o cristalino e o fundo do olho é preenchido por um material gelatinoso e transparente chamado humor vítreo.
O olho normal é denominado emétrope, em oposição ao olho míope e ao olho hipermétrope. Na miopia, anormalidade de fundo hereditário, o olho é muito convergente e a imagem se projeta antes da retina, sempre que o objeto se encontra muito afastado dele. Por isso, a pessoa míope tem o costume de aproximar muito as coisas dos olhos para vê-las. Há uma forma de miopia determinada por gene dominante, que condiciona o desenvolvimento de uma córnea muito abaulada o que faz o olho ficar muito convergente. Mas há outra forma de miopia, esta presidida por gene recessivo, que condiciona o desenvolvimento de um olho com o diâmetro ântero-posterior muito aumentado, de tal sorte que a imagem tende a cair sempre antes da retina. Em qualquer desses casos, a correção é feita com o uso de lentes divergentes. Hoje, a miopia é corrigida cirurgicamente. Na hipermetropia, também de cunho hereditário, o olho se apresenta pouco convergente, seja por pequena curvatura da córnea, seja pela deficiência do seu diâmetro ântero-posterior, e a imagem se projeta depois da retina, sempre que o objeto sem encontra próximo dele. A correção é feita com lentes convergentes. A vista cansada, também chamada presbitia ou presbiopia, se assemelha à hipermetropia, pois o indivíduo tem dificuldade de focalizar na retina a imagem de objetos próximos aos olhos. Por isso, ele os afasta para ver. Mas a presbiopia decorre de uma perda do poder de acomodação do cristalino, o que ocorre com a idade. No astigmatismo, ocorre uma curvatura irregular da córnea. Em função desse fato, a imagem se projeta distorcida e dupla na retina. A visão de um ponto se mostra como a visão de dois pontos quase acoplados (como uma sombra). Há lentes especiais, cilíndricas, usadas para a correção do astigmatismo. Também há tratamento cirúrgico.
O impulso nervoso que leva ao cérebro as impressões provocadas pelas radiações luminosas é rigorosamente processado ou analisado nos centros da visão e de associação de dados do córtex cerebral. Disso resulta a noção de visão e a interpretação da imagem dentro de uma certa lógica.
Anexos do olho:
Os anexos do olho compreendem as seguintes estruturas:
Pálpebras – são duas pregas de músculos, uma superior e outra inferior, situadas adiante das órbitas, cuja função é proteger o globo ocular. Sua borda livre apresenta duas ou três filas de cílios.
Cílios – são duas saliências arqueadas situadas sobre a borda das pálpebras e dotados de pêlos. Atuam na defesa do olho contra agentes estranhos.
Conjuntiva – é uma membrana mucosa que recobre a face interna dorsal das pálpebras e a face anterior do globo ocular. É uma camada muito vascularizada, dotada de uma importante rede linfática destinada a proteger o olho dos agentes físicos externos e das infecções.
Aparelho Lacrimal – é constituído pela glândula lacrimal, que secreta as lágrimas e pelas vias lacrimais. A função das lágrimas é facilitar o deslizamento das pálpebras sobre o globo ocular e umedecer a parte anterior deste, que está em contato com o ar.
Glândula Lacrimal – está situada na parte ântero-externa e superior da órbita.
Vias Lacrimais – compreendem os canais excretores da glândula e os canais do saco lacrimal, e têm como função distribuir e drenar as lágrimas.
AUDIÇÃO: A audição é o sentido que nos permite perceber os sons e os ruídos. Os sons decorrem de movimentos ondulatório do ar, regulares, homogêneos, dentro de certa frquência entre 16 e 20.000 hertz. O hertz (Hz) é a unidade de frequência que corresponde a 01 ciclo (01 movimento ondulatório) por segundo.
A porção receptora do nosso aparelho auditivo. Ele compreende três segmentos: o ouvido externo, o ouvido médio e o ouvido interno.
OUVIDO EXTERNO – Abrange o pavilhão da orelha e o canal auditivo externo. O pavilhão tem uma estrutura interna cartilaginosa, que lhe dá a conformação de uma concha com diversas ondulações. Destina-se a orientar os sons no sentido do canal auditivo externo. Este último, por sua vez, é um conduto curto, parcialmente revestido de mucosa e tendo o seu fundo fechado por uma membrana delicada e vibrátil chamada tímpano. A porção de mucosa que reveste uma parte desse canal segrega uma substância ceruminosa – o cerúmen – e é recoberta por pelos. Ambos retém as impurezas ou corpos estranhos que penetram nesse conduto.
OUVIDO MÉDIO – É, também, conhecido como caixa timpânica. Na realidade, é um pequeno compartimento aproximadamente cúbico, com 04 janelas: uma obliterada pelo tímpano, através da qual faz contato com o canal auditivo externo; outra, que dá acesso à trompa de Eustáquio, comunicando-se, por meio dela, com a faringe, e outras duas que comunicam essa câmara com o ouvido interno. O ouvido médio exibe uma pequena cadeia de 03 ossinhos: o martelo, a bigorna e o estribo, que, enfileirados, fazem a ligação entre o tímpano e a janela oval, que dá acesso ao ouvido interno. O som que penetra pelo canal auditivo externo vibra o tímpano e essa vibração se transmite pela cadeia de ossículos, transmitindo-se ao ouvido interno.
OUVIDO INTERNO – Tem uma estrutura maio ou menos complexa, o que lhe valeu o nome de labirinto. O labirinto compõe-se de duas partes fundamentais: o vestíbulo e a cóclea ou caracol. O vestíbulo é formado por uma dilatação chamada utrículo sobre a qual se instalam três canais semicirculares, dispostos entre si em ângulos retos. Todo o vestíbulo é oco, preenchido por um líquido – a endolinfa – e tem suas paredes internas revestidas por um epitélio ciliado. Na endolinfa mantém-se flutuantes numerosos microcristais de carbonato de cálcio denominados otolitos. Conforme a posição da cabeça do indivíduo ou os movimentos bruscos que ele realize, os otolitos roçam os cilios de uma região daquele epitélio. Esses cilios têm contato com filetes nervosos do nervo vestibular, os quais levam ao cérebro informações precisas quanto à localização dos otolitos. E aí, o processamento de dados no encéfalo conclui pela posição do corpo da pessoa. O vestíbulo tem importante papel na detecção da posição do indivíduo e, em conexão com o cerebelo, responde pelo equilibrio postural. A inflamação do labirinto impede a percepção da situação dos otolitos sobre o epitélio ciliado e tira ao cerebelo toda condição de avaliar a posição do indivíduo. Isso caracteriza a labirintite, doença que provoca tonturas intensas, causando perda de equilibrio ao doente. A cóclea é um canal enrolado em espiral que se implanta sobre uma pequena dilatação chamado sáculo. O interior desse canal é dividido em 03 andares: a rampa ascendente, a rampa descendente e a rampa intermediária. O som que chegou ao ouvido médio e alcançou o ouvido interno penetra pela rampa ascendente, vai até o final do túnel e retorna pela rampa descendente, voltando ao ouvido médio, de onde sai para se perder pela trompa de Eustáquio. Mas, durante esse trajeto, as vibrações se transmitem à rampa média, onde se encontram os órgãos de Corti. Eles são as estruturas responsáveis pela percepção dos sons e ruídos. Nos órgãos de Corti encontramos uma membrana fina e vibrátil – a membrana tectória. O movimento ondulatório do som vibra essa membrana e ela, por sua vez, toca um epitélio ciliado que lhe fica lobo abaixo. As células ciliadas estão em contato com as fibras do nervo coclear. Essas fibras levarão ao centro da audição, no córtex cerebral, um potencial de ação que será processado e interpretado como um som. As fibras do nervo coclear se juntam com as fibras do nervo vestibular (vindas do vestíbulo) e formam, em conjunto, o nervo acústico. Este, ao chegar ao encéfalo, tem novamente separadas as suas fibras. As que provém do nervo vestibular vão terminar no cerebelo, as que provém do nervo coclear vão em direção ao centro da audição, no cérebro.
OLFATO: O olfato é o sentido que nos permite perceber e distinguir os mais variados cheiros que ocorrem na natureza. Seu órgão receptor é o nariz, ou, mais precisamente, a mucosa pituitária olfativa, que reveste as partes mais profundas das fossas nasais. Na mucosa pituitária se localizam células nervosas, dispostas entre as células epiteliais desse tecido. As células nervosas têm os seus dendritos terminando em botões que agem como quimiorreceptores. Moléculas ou partículas adoríficas provenientes do meio ambiente tocam esses botões e assim procedem como fonte de estímulo para o aparecimento de uma resposta, um impulso nervoso, representado por um potencial de ação. Esse potencial de ação é conduzido pelo nervo olfativo ao centro do olfato, no córtex cerebral, onde ele é processado e interpretado como a percepção de um cheiro. Para que a partícula odorífica impressione os botões olfativos da mucosa pituitária é necessário que haja umidade nesta última, pois parace haver uma reação química entre alguma substância própria da estrutura receptora e o agente estimulante. Em 1.960, John Amoore, da Universidade de Oxford (Inglatera), lançou a hipótese de que os botões sensitivos do nervo olfativo, na mucosa pituitária, teriam conformações especiais (quimiorreceptores dendríticos) onde se encaixariam perfeitamente as partículas odoríficas. Estas, por sua vez, de distribuiriam, quanto às suas formas, em sete tipos fundamentais, correspondentes a sete odores básicos: cânfora, almiscar, floral, menta, éter, penetrante e putrefato. A maioria das substâncias, segundo Amoore, eliminaria mais de um desses tipos básicos de partículas odoríficas. A combinação dos tipos com devidos percentuais atuando sobre os terminais sensitivos do nervo olfativo determinaria uma análise combinatória capaz de justificar o incontável número de odores distintos que conhecemos.
PALADAR: A percepção do paladar também decorre de um processo de reação química entre partículas provenientes do meio externo e quimiorreceptores localizados na superfície das papilas gustativas, na língua. Então olfato e paladar têm algo em comum: o estímulo se processa por meio químico, daí se desencadeando um impulso nervoso, que vai a uma região específica do córtex cerebral para ser interpretado como “sensação de gosto”. A língua é um órgão musculoso, situado na base da cavidade bucal. Tem uma forma cônica. Além da sua função gustativa participa na deglutição e na articulação das palavras. Nela podemos distinguir uma proção faríngea e outra oral. É constituída por um esqueleto osteofibroso e músculos. É oportuno lembrar, entretanto, que as papilas linguais se dividem em dois grupos elementares: as papilas gustativas e as papilas táteis. Estas últimas não percebem o gosto das coisas, são filiformes e contém, na sua estrutura, filetes nervosos que lhe dão a capacidade de detectar a presença de um finíssimo fio de seda sobre a língua. Já as papilas gustativas, que podem ser caliciformes (em forma de cálice), fungiformes (em forma de cogumelo de chapéu) ou filiformes (em forma de fios), possuem na sua superfície os botões gustativos ou corpúsculos do gosto, formados por células nervosas cujas ramificações se continuam ao longo do nervo glossofaríngeo (9º. par craniano), que é nervo condutor dos estímulos do gosto ao centro do paladar no córtex cerebral.
As papilas caliciformes são grandes e se mostram na parte posterior da língua, formando um V aberto para a frente e o vértice voltado para a garganta. Essas papilas são altamente sensíveis ao sabor amargo. As papilas fungiformes se distribuem por outros setores da língua, e conforme a natureza dos botões gustativos que possuem, são mais sensíveis ao sabor doce, ou ao sabor salgado, ou ao sabor ácido (azedo). Na verdade, a conclusão final do gosto de um alimento, de uma bebida ou de uma guloseima qualquer depende da associação de dados fornecidos ao cérebro não só pelas papilas gustativas, mas também pelas papilas táteis e até mesmo pela mucosa pituitária. Afinal, é de uma complexa análise combinatória entre os quatro sabores básicos (amargo, doce, salgado e azedo) e mais a consistência (sólida, pastosa, líquida, espumante, gelatinosa, crocante etc) a temperatura (gelado, frio, morno, quente) e o cheiro do material ingerido que resulta o reconhecimento de um determinado sabor.
TATO: O tato pode ser entendido não só como a percepção do leve roçar de algo suave sobre a pele como, também, as percepções de dor, calor, frio e pressão sobre qualquer ponto da superfície corporal, por ação de um estímulo esterno. Para tanto, a pele é dotada de dois tipos de estruturas sensoriais: as terminações nervosas livres e os corpúsculos do tato. As terminações nervosas livres compreendem os terminais dendríticos de neurônios que transmitem ao cérebro (ao centro da dor do córtex) os estímulos dolorosos como picadas de agulha ou de insetos, cortes, queimaduras, beliscões, tapas etc. Os corpúsculos do tato abrangem quatro variedades, todas com estrutura neuroepitelial, porém com dimensões, localizações e especializações funcionais diversas: Corpúsculos de Meissner – Distinguem-se o tato propriamente dito (contato suave de algo com a pele). Corpúsculos de Pacini – Percebem a pressão profunda. Enquanto os corpúsculos de Meissner são muito pequenos, medindo cerca de 0,1 mm e superficiais, os corpúsculos de Pacini são grandes, com quase 04 mm e se situam profundamente na pele. Têm muita utilidade para os cegos na leitura braile. Corpúsculos de Krause – Reconhecem as sensações de frio. Corpúsculos de Ruffini – Distinguem as variações de calor. Os corpúsculos de Krause e de Ruffini são os menores entre todos os corpúsculos do tato, pois medem de 0,03 mm. São também superficiais.
Sistema Tegumentar
SISTEMA TEGUMENTAR:
É o conjunto de órgãos que apresenta a função principal de proteger o organismo contra os agentes externos. É constituído pela pele (epiderme, derme, hipoderme), glândulas, pelos e unhas.
A PELE:
Características:
É o órgão mais extenso do corpo humano. Num adulto, ela apresenta uma superfície de aproximadamente 1,5 m2. A pele não é simplesmente um envoltório do organismo, mas um órgão muito importante, assim como o coração, os pulmões, o estômago etc.
Funções:
A pele desempenha muitas funções em nosso corpo. Entre elas podemos citar:
impermeabilidade do organismo - impede a penetração de água e regula a saída de água do corpo (transpiração);
regular a temperatura – contra o excesso de frio e calor;
proteger o corpo – contra radiações solares intensas e contra o ataque de microorganismos presentes em qualquer ambiente;
produzir vitamina D (anti-raquítica) – quando ocorre incidência direta dos raios solares sobre ela.
Constituição:
A pele é constituída basicamente por duas camadas: a epiderme e a derme. Essas camadas repousam sobre um tecido gorduroso chamado hipoderme.
A epiderme é a camada mais superficial da pele. É formada por várias camadas de células epiteliais. A camada mais interna da epiderme denominada basal ou germinativa, é a responsável pela produção de células epiteliais. Ela produz milhões de células diariamente. As células produzidas vão se desenvolvendo e são “empurradas”, por outras que nascem, para a camada superior da epiderme. Nessa camada, chamada granulosa, essas células passam a produzir uma substância chamada querato-hilaina no citoplasma. Na camada transparente, superficial à granulosa, devido a expansão dos grânulos, os núcleos das células morrem e assim as células desta camada tornam-se continuamente parte da camada córnea através da presença de uma substância rígida denominada queratina. Logo após morrerem os seus restos formam uma camada bastante resistente e impermeável, que constitui a proteção externa da pele. Essas células mortas se transformam em pequenas escamas de queratina. Todos os dias milhares dessas escamas, normalmente reunidas em grupos pequenos, se soltam da nova pele. Geralmente, esse fato não é percebido, a não ser quando a sua ocorrência se dá no couro cabeludo. Nesse caso, as escamas de queratina são conhecidas como caspa. Na sola do pé e na mão esta camada é bem mais expressa, devido a maior quantidade de células mortas queratinizadas. Outras formações queratinizadas são as unhas, os cabelos e os calos, por serem formadas por células mortas essa formação não doe
quando as cortamos. As células queratinizadas não se reproduzem justamente por não serem vivas. Então por que os cabelos e as unhas crescem? Porque o crescimento se dá na raiz, onde as células são vivas.
Na camada mais interna da epiderme, existem células chamadas melanócitos, que fabricam o pigmento melanina. Este pigmento é um dos fatores responsáveis pela cor da pele. Sua
maior ou menor produção está relacionada com a quantidade de radiações solares recebidas pelas pessoas, pois a sua principal função é reter as radiações ultra-violetas do sol (radiações invisíveis do sol).
Em algumas raças humanas, originárias de regiões tropicais, o organismo das pessoas é protegido das intensas radiações solares através de uma produção maior de melanina pelos melanócitos. Já em outras raças humanas originárias de países temperados ou frios as pessoas apresentam a pele mais clara, pois a quantidade de melanina produzida é menor.
As únicas pessoas completamente desprovidas de melanina são os albinos. Essas pessoas estão sujeitas à queimaduras gravíssimas por não ter pigmentação em suas peles. Já as pessoas de pele escura são mais resistentes às radiações solares estando por tanto menos sujeitas à queimaduras.
A derme localiza-se logo abaixo da epiderme e é formada por um tipo de tecido conjuntivo bastante elástico. Sua espessura varia de acordo com a região observada, atingindo um máximo de 03mm na planta do pé. A derme é rica em vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos, além de estruturas derivadas da epiderme: pelos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas e unhas. Divide-se em:
Camada papilar: está próxima ao extrato basal da camada germinativa, contém receptores sensitivos especializados em alças capilares.
Camada reticular: é a camada profunda que consiste de densos feixes de fibras colágenas, contínuas com as da camada hipodérmica, mais profunda.
A derme, por ser uma parte viva do nosso corpo, precisa receber, através do sangue, o oxigênio e as diversas substâncias resultantes do processo de nutrição, como também, para excreção precisa contar com os vasos sanguíneos (condutores de sangue). A derme tem ainda, como uma de suas funções mais importantes, a de receber estímulos do meio ambiente. Por essa razão, apresenta-se ricamente enervada. É na derme que se situam as papilas dérmicas responsáveis pelo recebimento dos estímulos de dor, de calor, de frio etc. Essas papilas recebem os estímulos e os impulsos são conduzidos para o centro nervoso através dos nervos.
A hipoderme não faz parte da pele mas é importante, porque fixa a pele às estruturas subjacentes e é composta de tecido conjuntivo frouxo.
As glândulas sebáceas são encontradas praticamente por todo o corpo. Localizam-se na derme e os seus ductos (canais) abrem-se na porção terminal dos folículos pilosos. Geralmente, existem várias glândulas em cada folículo piloso. Sua função é a de produzir
uma substância gordurosa – o sebo – que lubrifica a superfície da pele e tem ligeira ação bactericida. A aparência da pele depende de uma série de fatores: idade, sexo, clima, estado
de saúde e alimentação. Esses fatores podem influenciar na produção de substância gordurosa. Dessa forma, existem pessoas que apresentam uma produção maior de substância gordurosa do que outras. Sua pele, tem o aspecto untoso e brilho característico. Em outras, há insuficiência na produção de secreções sebáceas e, então, a pele dessas pessoas se apresentam seca, opaca e, às vezes, com descamações. Esse tipo de peleé comum em pessoas ruivas. As pessoas que possuem equilibrio na produção das secreções gordurosas apresentam a pele lisa, fina, flexível e lubrificante. Geralmente, estas características são encontradas em crianças.
As glândulas sudoríparas são encontradas em quase toda a extensão da pele, com exceção dos lábios e da extremidade do pênis (glande). São muito abundantes nas palmas das mãos nas plantas dos pés e nas axilas. A glândula sudorípara é formada por um longo tubo cuja
extremidade inferior se enovela e é envolvida por uma rede de finíssimos vasos sanguíneos chamados capilares. A função dessa glândula é secretar o suor, um líquido incolor de sabor
salgado, cujo odor varia de pessoa para pessoa. Sua composição é semelhante a da urina: pouquíssima proteína, além de sódio, potássio, sais minerais, uréia, amônia e água. O suor desempenha uma função importantíssima no organismo: regula a temperatura do corpo. Isto significa que o suor impede que a temperatura interna do corpo se eleve, mantendo-a dentro dos limites normais (36º. C). Quando o suor é evaporado, retira uma certa quantidade de calor do corpo, que sofre, portanto, uma redução na sua temperatura. As glândulas sudoríparas têm também a função de eliminar do organismo algumas substâncias tóxicas, auxiliando, assim, o sistema excretor.
As glândulas ceruminosas são encontradas no interior do ouvido e produzem a cera que é um mecanismo de defesa dificultando a entrada de agentes externo para dentro do ouvido. São glândulas sudoríparas modificadas.
Os pelos são estruturas delgadas queratinizadas que se desenvolvem a partir de uma invaginação da epiderme. Consistem de uma raiz (no folículo) e uma haste que está abaixo da superfície da pele. A haste tem um núcleo central (medula) de células corneificadas frouxamente dispostas, córtex de células queratinizadas densamente comprimidas que envolvem a medula e uma cutícula mais externa de células intensamente queratinizadas. A cor do pelo é devido à melanina. Estão presentes praticamente em todo o corpo, exceto nas plantas dos pés e nas palmas das mãos. Suas cores e tamanhos variam de acordo com a raça e região do corpo. O ser humano desenvolve pelos por volta do quinto mês de vida intra-uterina. São formados primeiramente os pelos das sobrancelhas, os pelos do lábio superior,
do queixo e em seguida, do corpo todo. São delicados e caem antes do nascimento, com exceção dos pelos das pálpebras, das sobrancelhas e do couro cabeludo.
Os folículos pilosos estendem-se da epiderme até a derme. São formados de duas camadas:
1 – camada mais interna – que permite a subida do pelo;
2 – camada mais externa – de tecido conjuntivo, que se desenvolve a partir da derme.
As papilas estão no fundo do folículo piloso. Estão cobertas por matriz mitoticamente ativa e contém vasos capilares para sua nutrição.
O músculo eretor do pelo puxa o folículo causando os chamados “cabelos em pé” ou “pelos arrepiados”.
As unhas são placas córneas (duras) que se situam nas extremidades dos dedos das mãos e dos pés. Tal como ocorre nos pelos, as células matrizes dão origem ao tecido que formará a unha. Esse tecido vai crescendo, queratinizando-se e morrendo a medida que vai se afastando do local de origem, onde está sua fonte de alimentação (sangue). A unha cresce em comprimento, além de ser fixada na sua base, ela também é presa nas laterais, o que
propicia sua maior firmeza. A cutícula nasce naquela pequena meia lua da base da unha. O corpo da unha é a parte visível e a raiz da unha ou matriz é a parte invisível.
É o conjunto de órgãos que apresenta a função principal de proteger o organismo contra os agentes externos. É constituído pela pele (epiderme, derme, hipoderme), glândulas, pelos e unhas.
A PELE:
Características:
É o órgão mais extenso do corpo humano. Num adulto, ela apresenta uma superfície de aproximadamente 1,5 m2. A pele não é simplesmente um envoltório do organismo, mas um órgão muito importante, assim como o coração, os pulmões, o estômago etc.
Funções:
A pele desempenha muitas funções em nosso corpo. Entre elas podemos citar:
impermeabilidade do organismo - impede a penetração de água e regula a saída de água do corpo (transpiração);
regular a temperatura – contra o excesso de frio e calor;
proteger o corpo – contra radiações solares intensas e contra o ataque de microorganismos presentes em qualquer ambiente;
produzir vitamina D (anti-raquítica) – quando ocorre incidência direta dos raios solares sobre ela.
Constituição:
A pele é constituída basicamente por duas camadas: a epiderme e a derme. Essas camadas repousam sobre um tecido gorduroso chamado hipoderme.
A epiderme é a camada mais superficial da pele. É formada por várias camadas de células epiteliais. A camada mais interna da epiderme denominada basal ou germinativa, é a responsável pela produção de células epiteliais. Ela produz milhões de células diariamente. As células produzidas vão se desenvolvendo e são “empurradas”, por outras que nascem, para a camada superior da epiderme. Nessa camada, chamada granulosa, essas células passam a produzir uma substância chamada querato-hilaina no citoplasma. Na camada transparente, superficial à granulosa, devido a expansão dos grânulos, os núcleos das células morrem e assim as células desta camada tornam-se continuamente parte da camada córnea através da presença de uma substância rígida denominada queratina. Logo após morrerem os seus restos formam uma camada bastante resistente e impermeável, que constitui a proteção externa da pele. Essas células mortas se transformam em pequenas escamas de queratina. Todos os dias milhares dessas escamas, normalmente reunidas em grupos pequenos, se soltam da nova pele. Geralmente, esse fato não é percebido, a não ser quando a sua ocorrência se dá no couro cabeludo. Nesse caso, as escamas de queratina são conhecidas como caspa. Na sola do pé e na mão esta camada é bem mais expressa, devido a maior quantidade de células mortas queratinizadas. Outras formações queratinizadas são as unhas, os cabelos e os calos, por serem formadas por células mortas essa formação não doe
quando as cortamos. As células queratinizadas não se reproduzem justamente por não serem vivas. Então por que os cabelos e as unhas crescem? Porque o crescimento se dá na raiz, onde as células são vivas.
Na camada mais interna da epiderme, existem células chamadas melanócitos, que fabricam o pigmento melanina. Este pigmento é um dos fatores responsáveis pela cor da pele. Sua
maior ou menor produção está relacionada com a quantidade de radiações solares recebidas pelas pessoas, pois a sua principal função é reter as radiações ultra-violetas do sol (radiações invisíveis do sol).
Em algumas raças humanas, originárias de regiões tropicais, o organismo das pessoas é protegido das intensas radiações solares através de uma produção maior de melanina pelos melanócitos. Já em outras raças humanas originárias de países temperados ou frios as pessoas apresentam a pele mais clara, pois a quantidade de melanina produzida é menor.
As únicas pessoas completamente desprovidas de melanina são os albinos. Essas pessoas estão sujeitas à queimaduras gravíssimas por não ter pigmentação em suas peles. Já as pessoas de pele escura são mais resistentes às radiações solares estando por tanto menos sujeitas à queimaduras.
A derme localiza-se logo abaixo da epiderme e é formada por um tipo de tecido conjuntivo bastante elástico. Sua espessura varia de acordo com a região observada, atingindo um máximo de 03mm na planta do pé. A derme é rica em vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos, além de estruturas derivadas da epiderme: pelos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas e unhas. Divide-se em:
Camada papilar: está próxima ao extrato basal da camada germinativa, contém receptores sensitivos especializados em alças capilares.
Camada reticular: é a camada profunda que consiste de densos feixes de fibras colágenas, contínuas com as da camada hipodérmica, mais profunda.
A derme, por ser uma parte viva do nosso corpo, precisa receber, através do sangue, o oxigênio e as diversas substâncias resultantes do processo de nutrição, como também, para excreção precisa contar com os vasos sanguíneos (condutores de sangue). A derme tem ainda, como uma de suas funções mais importantes, a de receber estímulos do meio ambiente. Por essa razão, apresenta-se ricamente enervada. É na derme que se situam as papilas dérmicas responsáveis pelo recebimento dos estímulos de dor, de calor, de frio etc. Essas papilas recebem os estímulos e os impulsos são conduzidos para o centro nervoso através dos nervos.
A hipoderme não faz parte da pele mas é importante, porque fixa a pele às estruturas subjacentes e é composta de tecido conjuntivo frouxo.
As glândulas sebáceas são encontradas praticamente por todo o corpo. Localizam-se na derme e os seus ductos (canais) abrem-se na porção terminal dos folículos pilosos. Geralmente, existem várias glândulas em cada folículo piloso. Sua função é a de produzir
uma substância gordurosa – o sebo – que lubrifica a superfície da pele e tem ligeira ação bactericida. A aparência da pele depende de uma série de fatores: idade, sexo, clima, estado
de saúde e alimentação. Esses fatores podem influenciar na produção de substância gordurosa. Dessa forma, existem pessoas que apresentam uma produção maior de substância gordurosa do que outras. Sua pele, tem o aspecto untoso e brilho característico. Em outras, há insuficiência na produção de secreções sebáceas e, então, a pele dessas pessoas se apresentam seca, opaca e, às vezes, com descamações. Esse tipo de peleé comum em pessoas ruivas. As pessoas que possuem equilibrio na produção das secreções gordurosas apresentam a pele lisa, fina, flexível e lubrificante. Geralmente, estas características são encontradas em crianças.
As glândulas sudoríparas são encontradas em quase toda a extensão da pele, com exceção dos lábios e da extremidade do pênis (glande). São muito abundantes nas palmas das mãos nas plantas dos pés e nas axilas. A glândula sudorípara é formada por um longo tubo cuja
extremidade inferior se enovela e é envolvida por uma rede de finíssimos vasos sanguíneos chamados capilares. A função dessa glândula é secretar o suor, um líquido incolor de sabor
salgado, cujo odor varia de pessoa para pessoa. Sua composição é semelhante a da urina: pouquíssima proteína, além de sódio, potássio, sais minerais, uréia, amônia e água. O suor desempenha uma função importantíssima no organismo: regula a temperatura do corpo. Isto significa que o suor impede que a temperatura interna do corpo se eleve, mantendo-a dentro dos limites normais (36º. C). Quando o suor é evaporado, retira uma certa quantidade de calor do corpo, que sofre, portanto, uma redução na sua temperatura. As glândulas sudoríparas têm também a função de eliminar do organismo algumas substâncias tóxicas, auxiliando, assim, o sistema excretor.
As glândulas ceruminosas são encontradas no interior do ouvido e produzem a cera que é um mecanismo de defesa dificultando a entrada de agentes externo para dentro do ouvido. São glândulas sudoríparas modificadas.
Os pelos são estruturas delgadas queratinizadas que se desenvolvem a partir de uma invaginação da epiderme. Consistem de uma raiz (no folículo) e uma haste que está abaixo da superfície da pele. A haste tem um núcleo central (medula) de células corneificadas frouxamente dispostas, córtex de células queratinizadas densamente comprimidas que envolvem a medula e uma cutícula mais externa de células intensamente queratinizadas. A cor do pelo é devido à melanina. Estão presentes praticamente em todo o corpo, exceto nas plantas dos pés e nas palmas das mãos. Suas cores e tamanhos variam de acordo com a raça e região do corpo. O ser humano desenvolve pelos por volta do quinto mês de vida intra-uterina. São formados primeiramente os pelos das sobrancelhas, os pelos do lábio superior,
do queixo e em seguida, do corpo todo. São delicados e caem antes do nascimento, com exceção dos pelos das pálpebras, das sobrancelhas e do couro cabeludo.
Os folículos pilosos estendem-se da epiderme até a derme. São formados de duas camadas:
1 – camada mais interna – que permite a subida do pelo;
2 – camada mais externa – de tecido conjuntivo, que se desenvolve a partir da derme.
As papilas estão no fundo do folículo piloso. Estão cobertas por matriz mitoticamente ativa e contém vasos capilares para sua nutrição.
O músculo eretor do pelo puxa o folículo causando os chamados “cabelos em pé” ou “pelos arrepiados”.
As unhas são placas córneas (duras) que se situam nas extremidades dos dedos das mãos e dos pés. Tal como ocorre nos pelos, as células matrizes dão origem ao tecido que formará a unha. Esse tecido vai crescendo, queratinizando-se e morrendo a medida que vai se afastando do local de origem, onde está sua fonte de alimentação (sangue). A unha cresce em comprimento, além de ser fixada na sua base, ela também é presa nas laterais, o que
propicia sua maior firmeza. A cutícula nasce naquela pequena meia lua da base da unha. O corpo da unha é a parte visível e a raiz da unha ou matriz é a parte invisível.
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