quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sistema Cardiovascular


SISTEMA CARDIO-VASCULAR:

O CORAÇÃO: É um órgão ímpar e mediano, situado dentro da caixa torácica entre os dois pulmões, adiante do esôfago e apoiado sobre o diafragma. Tem a função de bomba, indispensável à circulação do sangue. Esta função é regulada pelo sistema nervoso autônomo mediante o sistema de condução elétrica do coração. Por isso não podemos regular voluntariamente a frequência de bombeamento. É formado por musculatura estriada que é alimentada pelos vasos cardíacos ou coronários. É um órgão oco, dividido em quatro cavidades, separadas entre si, duas a duas e possuindo válvulas fibrosas que permitem a passagem do sangue num único sentido. Destas cavidades saem ou chegam uma série de vasos sanguíneos que se dirigem ou provêm da circulação do organismo.

CAVIDADES CARDÍACAS: São quatro, dois átrios e dois ventrículos. Cada átrio comunica-se com o ventrículo do mesmo lado, mas nem os átrios nem os ventrículos comunicam-se entre si no adulto. Todas as cavidades cardíacas estão recobertas por uma capa de tecido elástico, branco, de aspecto liso e brilhante que se chama endocárdio.

Átrio Direito – Situado acima e à direita no coração. Nele desembocam as veias cavas superior e inferior. Está separado do átrio esquerdo pelo septo interatrial e do ventrículo direito por um orificio no qual se encontra a válvula atrioventricular direita ou válvula tricúspide (que possui três lâminas ou cúspides).

Átrio Esquerdo – Situado acima e à esquerda no coração. Nele desembocam as veias pulmonares direitas e esquerdas, que transportam paradoxalmente sangue arterial, quer dizer, proveniente dos pulmões. Está separado do ventrículo esquerdo por um orifício onde se encontra a válvula atrioventricular esquerda ou válvula mitral (tem duas lâminas ou cúspides).

Ventrículo Direito – Situado abaixo e à direita no coração. É uma cavidade maior que o átrio e com uma musculatura mais potente. Separado do outro ventrículo pelo septo interventricular, a ele chega sangue chega sangue venoso proveniente do átrio direito, que posteriormente é expulso para a artéria pulmonar, através da válvula pulmonar.

Ventrículo Esquerdo – Situado abaixo e à esquerda no coração. É a cavidade com parede muscular mais potente, pois deve expulsar o sangue arterial do átrio esquerdo, através da válvula aórtica, para a grande circulação.

O MIOCÁRDIO: É a parede muscular do coração. É constituído por músculo estriado disposto helicoidalmente, constituindo desta forma todo o órgão. Essa disposição das suas fibras permite a contração e o funcionamento como bomba de perfusão. O coração é mantido na sua posição por uma membrana fibrosa que o envolve intima e externamente e que o fixa às estruturas vizinhas, permitindo-lhe a contração. Trata-se do PERICÁRDIO. Internamente, abaixo do miocárdio o coração possui uma membrana chamada ENDOCÁRDIO.

CIRCULAÇÃO CORONÁRIA: Está encarregada de alimentar o músculo cardíaco. É um agrupamento de artérias e veias dispostas em forma de anel, ao nível do sulco, entre os átrios e os ventrículos. As artérias coronárias são provenientes da aorta, e as veias desembocam no seio coronário. Se for obstruída a circulação coronária, dá-se o enfarto do miocárdio.

MOVIMENTOS CARDÍACOS: Para o coração realizar a sua função de bombeamento de sangue, efetua movimentos de contração e relaxamento da musculatura das suas cavidades, que se chamam sístole e diástole.

SÍSTOLE: É o período de contração, no caso dos ventrículos, para expulsar o sangue proveniente dos átrios para as artérias pulmonares e aorta.

DIÁSTOLE: É o período de relaxamento, no caso dos ventrículos simultâneos ao da contração dos átrios, permitindo a passagem do sangue dos átrios para os ventrículos. Este ciclo repete-se sem cessar.

SISTEMA DE CONDUÇÃO ELÉTRICA DO CORAÇÃO: O ritmo cardíaco é controlado não só pelo sistema nervoso autônomo, mas por nódulos específicos situados em determinados pontos do coração. Assim, o nódulo sinoatrial, localizado na parte mais alta do átrio direito, formado de um tipo especial de fibras musculares estriadas cardíacas com capacidade de gerar e transmitir rapidamente estímulos elétricos, comanda ordens que passam ao nódulo atrioventricular, para o feixe de Hiss e para a rede de Purkinje, coordenando as contrações auriculares e ventriculares.

ARTÉRIAS E VEIAS:

No aparelho circulatório podemos distinguir, fundamentalmente, um sistema fechado de canais e um conteúdo ou sangue. Através desses canais chegarão aos diferentes órgãos e tecidos do organismo as substâncias nutritivas e o oxigênio necessários à vida. Ao mesmo tempo são recolhidos os detritos resultantes do metabolismo celular, para serem conduzidos aos órgãos encarregados da sua eliminação. Os vasos sanguíneos não são rígidos, por isso o seu calibre, regulado pelo sistema nervoso vegetativo, aumenta ou diminui segundo as necessidades fisiológicas do órgão ou da temperatura ambiente (fenômeno da termorregulação), graças às propriedades da musculatura lisa de que são constituídos.

Os vasos sanguíneos compreendem as artérias, as arteríolas, os capilares, as vênulas e as veias. Não é correto conceituar artéria como o tipo de vaso que conduz sangue arterial, pois, as artérias pulmonares conduzem sangue venoso. Da mesma forma sucede com as veias pulmonares, que conduzem sangue sangue arterial, do contrário das outras que conduzem venoso. Devemos distinguir artérias de veias pelos seguintes dados:

1. As artérias são pulsantes, as veias não são pulsantes;

2. As artérias têm, na estrutura da sua parede, uma camada de tecido muscular liso bem mais espessa do que as veias, uma vez que suportam a pressão sanguínea com muito maior intensidade. O sangue ao atingir as veias já passou pela rede de capilares e diminuiu a intensidade da sua pressão;

3. As veias são dotadas de válvulas, que impedem o refluxo do sangue. As artérias não possuem válvulas, pois o sangue, sob o impulso direto do coração, não tem mesmo como refluir;

4. As artérias são eferentes em relação ao coração, isto é, levam sangue do coração para outras partes do corpo, as veias são aferentes em relação ao coração, pois trazem o sangue de outros pontos do corpo para o referido órgão. Em outras palavras as artérias saem do coração enquanto as veias chegam ao coração.

Ao nível dos órgãos e dos tecidos, as artérias se ramificam e originam as arteríolas. Estas, por sua vez, também se ramificam e dão os capilares, que são extremamente finos, com uma parede formada apenas por uma única camada de células epiteliais achatadas como azulejos, chamada endotélio. É ao nível dos capilares que ocorrem as trocas gasosas entre o sangue e os tecidos. Depois os capilares se agrupam e formam as vênulas, de cuja convergência resultam as veias. E, aí, o sangue já está de retorno ao coração, mas rico em CO2. O coração bombeará o sangue venoso para os pulmões onde ele será oxigenado e retornará ao coração para, então, ser bombeado para todo o corpo.

Morfologia das Artérias e sua função:

Artérias são vasos que saem do coração, no caso os ventrículos, e levam sangue para todo o corpo. As artérias são constituídas por 03 camadas: a íntima, mais interna, permite que o sangue deslize facilmente; a túnica média, constituída por fibra muscular lisa bastante potente, permite alterar o calibre da artéria e a adventícia é a camada mais externa.

Há inúmeras artérias no nosso organismo, por isso, só descreveremos as que têm maior significação:

Artérias Pulmonares – Saem do ventrículo direito do coração e levam sangue venoso até os pulmões para sua oxigenação.

Artéria Aorta – É a de maior calibre do organismo. Sai do ventrículo esquerdo do coração em direção ascendente, para logo descer ao longo do esôfago, ramificando-se no seu trajeto com a finalidade de irrigar todos os órgãos e tecidos do organismo.

Artérias Subclávias – São duas, situadas bilateralmente. Saem do arco da aorta e são o tronco principal de numerosas derivações que irrigam as extremidades superiores: artérias torácicas, artérias braquiais, artérias radiais e artérias ulnares.

Artérias Carótidas – São quatro e situam-se nas laterais do pescoço dividindo-se em: artérias carótidas externas, irrigam a face e pescoço e artérias carótidas internas, irrigam os olhos, artérias oftálmicas e o encéfalo, artérias anteriores do cérebro, artérias médias do cérebro e artéria comunicante anterior que unem as artérias anteriores do cérebro direita e esquerda formando o círculo arterioso do cérebro ou círculo de Willis, que circunda a glândula hipófise.

Artéria Vertebral – É o primeiro ramo da artéria sub-clávia, alcança o interior do crânio passando pelos forames das vértebras cervicais e pelo forame magno. A artéria vertebral se divide em direita e esquerda e se juntam na face anterior da ponte formando a artéria basilar que se ramifica e forma as artérias posteriores do cérebro. A artéria comunicante posterior se une a artéria posterior do cérebro, completando o círculo arterioso do cérebro.

Tronco Celíaco – É único e mediano. Dele derivam todas as artérias que irrigam o estômago (artéria gástrica), fígado (hepática), baço (esplênica) e pâncreas (ramos da artéria gástrica).

Artérias Renais – Uma de cada lado da aorta, destinam-se a irrigar os rins.

Artérias Ovarianas – Irrigam os ovários, também fornecem ramos para os ureteres e tubas uterinas.

Artérias Testiculares – Irrigam os testículos, são mais longas que as artérias ovarianas, uma vez que atravessam o canal inguinal e penetram no escroto rumo aos testículos.

Artérias Mesentéricas – Dividem-se em mesentérica superior e mesentérica inferior. Também se iniciam na aorta e irrigam os intestinos.

Artérias Ilíacas – São a continuação da aorta quando esta se bifurca. Irrigam, cada uma, uma extremidade inferior, subdividindo-se em numerosos ramos.

Artérias Femorais – Irrigam as coxas e ramificam-se em artérias poplíteas e artérias tibiais.

Morfologia das Veias e sua função:

Ao nível dos órgãos e tecidos, as artérias transformam-se em vasos de calibre cada vez menor, até que se convertem em capilares. Estes transformam-se em vasos de calibre progressivamente maior, à medida em que se aproximam do coração e chamam-se veias. As mais grossas terminam nos átrios transportando sangue venoso (da periferia do corpo para o átrio direito) ou arterial (do pulmão para o átrio esquerdo). As veias são constituídas por três camadas de tecido, como acontece com as artérias, mas é menor a espessura da camada muscular, e maior a sua fragilidade. Salienta-se as veias pulmonares, que provém do pulmões, desembocam no átrio esquerdo levando sangue arterial. As outras veias são

paralelas às artérias do mesmo nome, exceto as veias cavas superior e inferior, homólogas da aorta.

Veias da Cabeça e Pescoço – A maior parte do sangue venoso da cabeça e do pescoço retorna ao coração pelas veias jugulares internas e externas (drenam o sangue venoso da parte anterior do cérebro) e veias vertebrais (drenam o sangue da parte posterior do cérebro).

As veias jugulares internas se unem as veias subclávias para formarem a veia braquiocefálica. As veias jugulares externas desembocam nas veias subclávias. As veias braquiocefálicas se unem para formar a Veia Cava Superior, que desemboca no átrio direito do coração.

Veias dos Membros Superiores – As veias dos membros superiores seguem o trajeto das artérias e recebem o mesmo nome: axilar, braquial, radial e ulnar.

A veia cefálica se origina na face lateral do antebraço, a partir das veias dorsais da mão, segue pela face lateral do braço. No ombro, ela se aprofunda de desemboca na veia axilar.

A veia basílica se origina na face medial do antebraço, a partir das veias dorsais da mão. Logo abaixo do cotovelo se une a veia braquial, formando a veia axilar.

Veias do Tórax – O sangue venoso da parede torácica também desemboca na veia cava superior – neste caso, através de um sistema ázigo de veias. A veia ázigo se origina na região lombar direita e atravessa o diafragma pelo hiato aórtico para penetrar no tórax. Ela continua superiormente pela parede posterior do tórax e termina na veia cava superior. A veia hemiázigo segue um trajeto similar pelo lado esquerdo. A maior parte da região superior esquerda do tórax é drenada por uma veia hemiázigo acessória que também atravessa a coluna vertebral para terminar na veia ázigo. O sistema ázigo de veias também recebe as veias intercostais posteriores, bronquiais, esofágicas e pericárdicas.

Veias do Abdome e Pelve – O sangue venoso das regiões inferiores do corpo retorna ao coração através da veia cava inferior. Esse grande vaso é formado pela confluência das veias ilíacas comuns direita e esquerda ao nível da quinta vértebra lombar. Quando a veia cava inferior passa pelo abdome, recebe tributárias que correspondem à maioria das artérias que se originam da parte abdominal da aorta: veias lombares, renais, supra-renais, hepática. Deve-se notar que a veia cava inferior não recebe sangue diretamente do trato digestivo, pâncreas ou baço. As veias dessas regiões formam o sistema porta do fígado, que será abordado a seguir.

As veias da pelve seguem o padrão das artérias e recebem os mesmos nomes. A maioria delas termina nas veias ilíacas comuns direita e esquerda.

Sistema Porta do Fígado – O sangue venoso do estômago, intestinos, baço e pâncreas é levado por pequenas veias, a maioria desembocando na veia esplênica e veais mesentéricas. A veia esplênica colhe o sangue do baço. Ao correr em direção a linha mediana do corpo, ela recebe tributárias do estômago e do pâncreas. A veia mesentérica inferior colhe o sangue do reto e do colo descendente e colo sigmóide do intestino grosso. Ela possui trajeto superior, abaixo do peritôneo parietal e se une à veia esplênica, atrás do pâncreas. O vaso comum formado por essa união desemboca na veia mesentérica superior atrás da cabeça do pâncreas. A veia mesentérica superior recebe o sangue do intestino delgado, do ceco e do colo ascendente e transverso do intestino grosso. A união da veia

mesentérica superior e a veia esplênica forma a veia porta do fígado, que ascende pela borda direita do omento menor e penetra na face visceral do fígado, seguindo um caminho único. Após deixar o fígado, o sangue corre pelas veias hepáticas e chega à veia cava inferior.

Essa modificação do sistema circulatório, através do qual o sangue do trato digestivo, pâncreas e baço passa pelo fígado antes de retornar ao coração é muito importante. O sangue venoso na veia porta do fígado contém nutrientes e outras substâncias que foram absorvidas do trato digestivo. O sistema porta hepático leva essas substâncias diretamente para o fígado, onde elas podem ser removidas do sangue e armazenadas, matabolizadas, e no caso de substâncias prejudiciais, desintoxicadas.

Veias dos Membros Inferiores – As veias dos membros inferiores, seguem as artérias e recebem os respectivos nomes: ilíaca, femoral, poplítea, tibial e fibular. A veia safena magna é a mais longa veia do corpo. Ela corre pela face medial do pé, perna e coxa, onde se une com a veia femoral logo abaixo do ligamento inguinal. A veia safena parva segue pela face lateral do pé, atravessa a face lateral da perna, e se une à veia poplítea, atrás do joelho. As veias superficiais e profundas dos membros inferiores possuem válvulas que permitem ao sangue retornar ao coração, contra a força da gravidade.

Circulação Sistêmica ou Grande Circulação:

Inicia-se no ventrículo esquerdo, que expulsa para a aorta o sangue arterial proveniente do átrio esquerdo. Da aorta e das artérias ilíacas nascem novas artérias que vão diminuindo progressivamente de calibre, enquanto dão novas ramificações, até se converterem em capilares arteriais. Estes são os vasos de menor calibre, onde os eritrócitos circulam umas atrás das outras para facilitar a troca de oxigênio que transportam por dióxido de carbono proveniente dos tecidos. Neste ponto os capilares arteriais transformam-se em venosos,

convertendo-se em veias de calibre progressivamente maior, até chegarem à veia cava superior (recolhe o sangue da cabeça e dos braços) e à veia cava inferior (recolhe o sangue do tronco e das pernas), que terminam no átrio direito.

Circulação Pulmonar ou Pequena Circulação:

O sangue venoso do átrio direito passa para o ventrículo direito, de onde é expulso para a artéria pulmonar que se dirige aos pulmões para permitir aos eritrócitos descarregar o dióxido de carbono que transportam, e reabastecerem-se de oxigênio. O sangue oxigenado sai dos pulmões pelas veias pulmonares (duas direitas e duas esquerdas) que desembocam no átrio esquerdo, onde o sangue se comunica com a circulação sistêmica para reiniciar o ciclo.

Como se vê, a grande circulação compreende: coração – todo o corpo – coração. A pequena

circulação compreende: coração – pulmões – coração.

RESUMO DA CIRCULAÇÃO:

O sangue venoso entra pelo átrio direito através da veia cava superior e veia cava inferior. O sangue do átrio direito passa para o ventrículo direito após a abertura da válvula tricúspide e vai pelas 04 artérias pulmonares, através da válvula pulmonar, até os pulmões onde se transforma em sangue arterial através da hematose. Após a hematose, o sangue arterial penetra no átrio esquerdo através das 04 veias pulmonares. Após a abertura da válvula mitral, o sangue passa ao ventrículo esquerdo e dali será ejetado para a artéria aorta após a abertura da válvula aórtica. Da artéria aorta e suas ramificações o sangue arterial será distribuído por todo o organismo.

SISTEMA LINFÁTICO

O sistema linfático consiste de: uma extensa rede de capilares e amplos vasos coletores (vasos linfáticos) que recebem o líquido tecidual do corpo e transportam para o sistema cardio-vascular; linfonodos, que servem como filtros do líquido coletado pelos vasos; e órgãos linfóides, que incluem linfonodos, tonsilas, baço e timo. O sistema linfático está intimamente relacionado anatômica e funcionalmente com o sistema cardio-vascular. O líquido que se acumula nos espaços entre as células dos tecidos conjuntivos frouxos é denominado líquido intersticial, ou líquido tecidual. Sob condições normais, uma pequena quantidade de líquido tende a deixar os capilares do sistema cardio-vascular, mais do que a eles retorna. As proteínas plasmáticas não atravessam facilmente as paredes dos capilares, todavia, como a porção líquida do sangue se desloca para os espaços inter-celulares, ela carrega uma pequena quantidade de proteínas plasmáticas. Se esse líquido (e as proteínas plasmáticas) se acumula, os tecidos incham, produzindo uma condição denominada edema. As proteínas plasmáticas são incapazes de reentrar nos capilares do sistema vascular, contudo, elas penetram nos vasos do sistema linfático. Como uma consequência, um papel do sistema linfático é o de retornar o excesso de líquido intersticial e proteínas plasmáticas para a corrente circulatória e desta forma prevenir a formação do edema.

VASOS LINFÁTICOS:

O líquido intersticial penetra no sistema linfático atravessando as paredes extremamente finas dos capilares linfáticos. Após penetrar nos vasos do sistema linfático, o líquido intersticial passa a ser denominado linfa. A linfa apresenta uma composição semelhante a do plasma sanguíneo, ela consiste principalmente de água, eletrólitos, e quantidades variáveis de proteínas plasmáticas que escaparam do sangue, através dos capilares sanguíneos. A linfa difere do sangue principalmente pela ausência de células sanguíneas.

Os capilares linfáticos são vasos em fundo cego. Portanto, o sistema linfático é um sistema de mão única, isto é, ele somente retorna o líquido intersticial para a corrente circulatória. As paredes dos capilares linfáticos, como as dos capilares sanguíneos, estão compostas de uma fina camada de endotélio. Contudo, os capilares linfáticos não apresentam a membrana basal que reveste os capilares sanguíneos. Uma outra diferença entre os capilares linfáticos e os sanguíneos, é que as bordas das células endoteliais adjacentes dos capilares linfáticos.

estão unidas frouxamente entre si, sobrepondo-se frequentemente. Esse arranjo forma uma válvula funcional de sentido único. A pressão do líquido intersticial fora dos capilares linfáticos empurra as margens das células endoteliais para dentro, permitindo ao líquido penetrar nos capilares. Uma vez no interior dos capilares esse líquido não pode voltar aos espaços intercelulares por causa da pressão no interior dos capilares, que força as bordas das células endoteliais a se juntarem, fechando a válvula. Os capilares linfáticos, que estão amplamente distribuídos através dos espaços intersticiais do corpo, se unem para formar vasos linfáticos progressivamente maiores. Os vasos linfáticos maiores, que são denominadosvasos coletores, correm ao lado das artérias e das veias, e atravessam um ou mais nodos linfáticos antes de se desembocarem no ducto torácico ou no ducto linfático

direito, que retornam a linfa à corrente circulatória. As paredes dos vasos coletores linfáticos são similares às das veias, embora mais finas, e como as veias, apresentam

válvulas que ocorrem aos pares, com suas margens livres apontando na direção do fluxo da linfa. As válvulas contribuem no movimento da linfa, prevenindo o seu refluxo.

LINFONODOS:

Os linfonodos são órgãos pequenos, arredondados ou em forma de feijão, que estão distribuídos ao longo do curso de vários vasos linfáticos. Existem grupos de linfonodos na axila, virilha e pescoço, bem como em várias regiões do corpo. Cada linfonodo está coberto por uma cápsula fibrosa. Projeções de tecido conjuntivo denominadas trabéculas partem da cápsula para o interior do linfonodo, dividindo-o em vários compartimentos. Estes compartimentos são posteriormente subdivididos por uma rede de fibras reticulares que se estendem entre as trabéculas. O linfonodo consiste de uma região externa, cortical, e uma região interna, medular. No interior do córtex existem massas de tecido linfóide denominadas centros germinativos, que servem como uma fonte de linfócitos. O tecido linfóide é um tipo modificado de tecido conjuntivo frouxo, com uma rede notável de fibras reticulares, entre as quais existem muitos linfócitos e macrófagos. As células da medula estão arranjadas em forma de cordões, denominados cordões medulares.

A linfa penetra pela face convexa do linfonodo através de vários vasos linfáticos aferentes, e é lentamente filtrada através de canais irregulares no linfonodo, denominados seios. Dos seios a linfa deixa o linfonodo através dos vasos linfáticos eferentes, que saem pela região do hilo. Existem menos vasos eferentes do que aferentes, e por este motivo ocorre uma redução na velocidade do fluxo da linfa através dos linfonodos, permitindo que eles exerçam sua função mais efetivamente. Normalmente, toda a linfa passa por vários linfonodos antes de retronam à corrente circulatória.

A linfa que circula nos linfonodos apresenta muitos microorganismos e partículas estranhas, alguns dos quais podem causar doenças, se não forem destruídos. Como a linfa é filtrada lentamente nos seios dos linfonodos, partículas estranhas como bactérias ficam presas às malhas de fibras reticulares que preenchem os seios. As partículas presas são prontamente atacadas e destruídas por células fagocíticas, denominadas macrófagos, que preenchem os seios. Além disso, entre os seios existem massas de tecido linfóide

apresentando linfócitos e plasmócitos que produzem anticorpos para destruir certas substâncias estranhas conhecidos como antígenos. Infelizmente, nem todas as células que

podem determinar uma doença, como as células cancerígenas, são destruídas no interior dos linfonodos. Algumas células cancerígenas podem sobreviver e se multiplicar no interior dos

linfonodos, servindo como um local de onde elas podem se disseminar pelo corpo através do sistema cardio-vascular. Por esta razão, linfonodos intumescidos próximos a áreas cancerosas, são removidos cirurgicamente.

Os vasos coletores eferentes dos linfonodos da maioria das regiões do corpo convergem para vasos maiores denominados troncos linfáticos. Existem cinco grandes troncos linfáticos, quatro dos quais são pares: 1 – tronco intestinal (ímpar), que recebe a linfa dos órgãos abdominais; 2 – troncos lombares, que drenam os membros inferiores e alguns órgãos pélvicos; 3 – troncos subclávios, que drenam os membros superiores e parte do

tórax e dorso; 4 – troncos jugulares, que drenam a cabeça e o pescoço e 5 – troncos broncomediastinais, que recebem a linfa do tórax. Os troncos linfáticos, desembocam nos ductos torácico e linfático direito.

DUCTOS LINFÁTICOS:

O ducto torácico se origina na cisterna do quilo, que é uma dilatação sacular situada anteriormente à segunda vértebra lombar. A cisterna do quilo recebe a linfa dos troncos lombares e intestinal, que drenam os membros inferiores e as vísceras da cavidade abdomino-pélvica. Como o ducto torácico atravessa o diafragma (junto com a aorta) e segue para cima penetrando na cavidade torácica anteriormente à coluna vertebral, ele recebe vasos linfáticos que drenam a metade esquerda do tórax. Atrás da veia braquiocefálica esquerda, o ducto curva-se para a esquerda e recebe os ductos subclávio e jugular que drenam o membro superior esquerdo e a metade esquerda da cabeça e do pescoço, respectivamente, antes de desembocar na veia subclávia esquerda, próximo à sua junção com a veia jugular interna.

Como se pode observar, o ducto torácico recolhe a linfa para a corrente circulatória, de todo o corpo, exceto do membro superior direito, e metade direita da cabeça, pescoço e tórax. A linfa dessas regiões é recolhida à veia subclávia direita através do ducto linfático direito. Esse ducto é um pequeno vaso formado pela união dos tronco subclávio, jugular e broncomediastinal direitos, que drenam a linfa dessas regiões. Os dois ductos linfáticos desta maneira, recolhem toda a linfa que foi coletada e filtrada através do sistema linfático, e a lança na corrente sanguínea, de onde ela recomeçará o seu circuito como plasma sanguíneo.

MECANISMO DO FLUXO DA LINFA:

A linfa circula vagarosamente; aproximadamente 03 litros de linfa penetram no sistema cardiovascular em 24 horas. Esse fluxo é lento porque, ao contrário do sistema cardiovascular, o sistema linfático não possui uma bomba como o coração para mover o seu

conteúdo. O fluxo linfático depende de forças discretas, como as produzidas por contração dos músculos esqueléticos, que aplicam pressões nas paredes dos vasos linfáticos e os comprimem. Essa ação impulsiona a linfa ao longo dos vasos. De forma similar, a pulsação das artérias próximas aos vasos pode comprimí-los e mover a linfa em seu interior. Soma-se a esses fatores, a distenção provocada pela linfa em um segmento do vaso linfático, que

pode se contrair levemente e desta forma impelir a linfa ao longo dos vasos. As válvulas no interior dos vasos linfáticos contribuem efetivamente para essas atividades, determinando um sentido único para a linfa circular, em direção à corrente sanguínea.

FUNÇÕES DO SISTEMA LINFÁTICO:

O sistema linfático possui várias funções importantes. Elas foram mencionadas anteriormente e são resumidas a seguir. As funções do sistema linfático incluem a destruição de bactérias, remoção de partículas estranhas, respostas imunes específicas e retorno de líquido intersticial à corrente sanguínea.

Destruição de bactérias e remoção de partículas estranhas da linfa:

Bactérias e substâncias estranhas são removidas da linfa através dos fagócitos – principalmente macrófagos – que estão presentes nos linfonodos. Durante uma infecção, a velocidade de formação dos macrófagos no interior dos linfonodos é tão grande, que eles aumentam de tamanho e tornam-se sensíveis.

Respostas imunes específicas:

Como resposta à presença de bactérias ou substâncias estranhas, os linfócitos e as células plasmáticas participam de respostas imunes específicas, tais como a produção de anti-corpos que destroem as substâncias invasoras.

Retorno do líquido intersticial para a corrente sanguínea:

Como mencionado anteriormente, o edema poderia ocorrer se um excesso de líquido intersticial se acumulasse nos espaços intercelulares. Além disso, o volume sanguíneo poderia ser reduzido, uma vez que ele é a fonte principal do líquido intersticial. Uma possibilidade de grande importância é a pequena quantidade de proteínas que os capilares sanguíneos perdem para o líquido intersticial mas que normalmente retornam para o sangue através do sistema linfático. Se essas proteínas permanecessem nos espaços intercelulares, elas aumentariam a pressão osmótica do líquido intersticial e desta forma alterariam as trocas entre o sangue, líquido intersticial e a linfa.

ÓRGÃOS LINFÓIDES:

Além dos linfonodos, existem vários órgãos linfóides. Esses incluem o baço, o timo e as tonsilas. Tais órgãos, que não possuem associação direta com os vasos do sistema linfático ou com a linfa, são parte integrante do sistema imune do corpo.

Baço:

O baço é o maior órgão linfóide. Ele situa-se na região hipocondríaca esquerda, entre o fundo do estômago e o diafragma. A face diafragmática do baço é lisa e convexa, acompanhando o contorno da face inferior do diafragma, com a qual estabelece contato. A face visceral está dividida em faces gástrica, renal e cólica, em conformidade com os órgãos adjacentes. Os vasos sanguíneos entram e saem do baço através de uma região da face visceral denominada hilo esplênico. Como os linfonodos, o baço é envolvido por uma cápsula fibrosa resistente com trabéculas que se projetam para o interior do órgão e o dividem em compartimentos. Todavia, células musculares lisas estão presentes na cápsula e nas trabéculas do baço. Dois tipos de tecido são distinguidos no interior dos compartimentos do baço: a polpa vermelha e a polpa branca. A polpa vermelha é mais abundante, e consiste de seios venosos ramificados separados entre si por colunas de tecido

esplênico denominadas cordões medulares. Como outros tecidos linfóides, a polpa vermelha possui linfócitos e macrófagos, mas também apresenta células sanguíneas vermelhas, que lhe fornece a cor característica. Espalhadas pela polpa vermelha estão as massas de polpa branca, cada uma circundando uma arteríola. A polpa branca não apresenta glóbulos vermelhos, ela é tecido linfóide e portanto possui grande quantidade de linfócitos.

O baço atua como um filtro para a corrente sanguínea, muito mais que os linfonodos para a corrente linfática. Como outros órgãos linfóides, o baço produz linfócitos e plasmócitos, que produzem anticorpos contra antígenos invasores. Essas atividades são desenvolvidas principalmente na polpa branca. Além disso, os macrófagos da polpa branca fagocitam glóbulos vermelhos velhos, bem como bactérias e partículas estranhas.

Timo:

O timo é uma massa de tecido linfóide lozalizada abaixo do esterno, na região do mediastino anterior. Ele aumenta de tamanho durante a infância, quando então começa a atrofiar lentamente, diminuindo após a puberdade. No adulto, ele pode ser inteiramente substituído por tecido adiposo. O timo é recoberto por uma cápsula de tecido conjuntivo que o subdivide em pequenos lóbulos. Cada lóbulo constitui uma camada externa, a córtex, e uma camada interna, a medula. A córtex está constituída de linfócitos densamente acumulados. A medula também apresenta linfócitos, e grupos celulares organizados, denominados corpúsculos tímicos. O timo confere a determinados linfócitos a capacidade de se diferenciarem e maturarem em células que podem efetuar o processo de imunidade mediada por células. Há certas evidências de que o timo também produz um hormônio que pode continuar a influenciar os linfócitos após eles terem deixado a glândula.

Tonsilas:

As tonsilas são massas pequenas de tecido linfóide incluídas da mucosa de revestimento das cavidades bucal e faríngea. As tonsilas palatinas (amígdalas) estão localizadas na parede póstero-lateral da garganta, uma em cada lado. Essas são as tonsilas que se tornam aumentadas quando se sente a garganta irritada. As tonsilas faríngeas se localizam na parede posterior da parte nasal da faringe. Apresentam seu maior desenvolvimento durante a infância, e quando aumentadas são denominadas adenóides. Na face dorsal da língua, próxima a sua base, há um grupo de tonsilas linguais. Compostas por tecido linfóide e circundado a união das vias bucal e nasal, as tonsilas atuam como uma defesa adicional contra invasão bacteriana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário