quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O ovo ou a galinha ??


QUEM SURGIU PRIMEIRO:
O OVO OU A GALINHA?

Essa questão é uma alegoria que transcende sua simples interpretação biológica, podendo ser chamada de paradoxo cíclico de causa e efeito, ou seja, algo de cuja existência depende outra, que por sua vez é a causa da existência de algo, tal como: "O que surgiu primeiro: O Ser Humano ou a Cultura Humana?"

Mas interpretando-a de forma mais literal, é curioso que Criacionismo e Evolucionismo apresentam respostas claras e divergentes, diferente do senso comum que normalmente vê a questão como sem solução.

Pela Bíblia, tudo leva a crer que a Galinha, assim como os outros animais ovíparos, passou a existir em primeiro lugar, no ato da Criação, já com a capacidade de botar ovos. Portanto, pelo ponto de vista Criacionista temos a Galinha como antecessora do Ovo.

Pelo ponto de vista Evolucionista, sabemos que ocorreu todo um processo de evolução até que determinados animais que já nasciam de ovos, viessem a se transformar nas aves, incluindo o animal que mais tarde, graças a intervenção humana, viria a constituir em nossa conhecida Galinha. Sendo assim, o Ovo, por ser mais antigo na natureza, antecede a Galinha, e mesmo às aves, os dinossauros e peixes, tendo evoluído simultâneo às espécies como elemento integrante do sistema reprodutor.

Ovos e Galinhas podem render bastante discussão entre Criacionistas e Evolucionistas.

Em palestras do Dr. Duane T. Gish em Brasília, minha cidade, que tive o prazer de acompanhar, o bem humorado criacionista fez uma brincadeira com a idéia do Super Átomo Primordial que seria matriz do Big Bang, chamando-o de "Ovo Cósmico". Alegando então que ninguém sabe dizer exatamente de onde teria vindo este "Ovo", ironizou que alguns sugeriram uma "Galinha Cósmica".

Não sei se outros pensaram assim mas me veio imediatamente a idéia de que chamaram Deus de Galinha. O que poderia até fazer um certo sentido, talvez Deus viva percorrendo o UNIVERSO chocando Universos por toda parte.

Brincadeiras à parte, o que pretendo abordar aqui é na verdade as alegações criacionistas de que não haveriam evidências para espécies transicionais ancestrais das aves. A maioria dos Criacionistas insiste que o Evolucionismo propõe surgimentos bruscos de espécies novas, ou seja, que de repente de um ovo de réptil tivesse surgido a primeira ave, completa, como as conhecemos hoje. Alguns inclusive, num espírito satírico, dizem que deve ter sido um tremendo susto para a mamãe réptil ter tido um filhote ave!

Curiosamente o surgimento das aves talvez seja o capítulo da Evolução mais bem documentado pela evidência fóssil, só perdendo talvez para a evolução Humana. As aves evoluiram, agora já se sabe, diretamente dos dinossauros, como vários fósseis transicionais demonstram, e as descobertas mais recentes que levaram a essa conclusão alteraram radicalmente e em poucos anos o modo como concebemos os grandes "répteis" do passado.

Tomei como base para este texto a brilhante reportagem da Scientific American de Abril de 2003, que apresenta a matéria de capa "Penas de Dinossauros".

QUE "PENA" PARA SPIELBERG

Se o famoso filme Jurassic Park fosse refilmado hoje de acordo com as novas descobertas teria que sofrer alterações drásticas, principalmente pelo fato que muito provavelmente os dois grandes astros digitais do filme, o Tiranossaurus Rex e o Velociraptor, teriam que ser recobertos de penas!

Quanto ao Velociraptor isso já é praticamente certo. A presença de penas em algumas espécies de dinossauros clareou ainda mais as suas relações com as aves, e a descoberta de fósseis mais recentes permitiu montar um quadro bem mais claro dos estágios evolutivos que levaram ao surgimento das aves.

Antes o Arqueopterix era o melhor exemplo de fóssil transicional entre dinossauros e aves, agora perdeu esse lugar para o Microraptor, descoberto em 2002 na China, e que apresentava 4 asas, ou seja, tinha não só braços mas também pernas aladas.

Mas o Microraptor e o Arqueopterix são apenas dois entre dezenas de exemplos documentados por evidência fóssil de espécies que possuem tanto características de Dinossauros, que ainda consideramos répteis, quanto de aves. Muitas destas espécies eram muito provavelmente dotadas da habilidade de planar, um pré-vôo, assim como o são muitas das espécies atuais mais exóticas encontrados em locais mais remotos do mundo.

Assim, além destes, criaturas como o Sinornithossauro ou o Enantiornithines são o que podemos chamar de Espécies Intermediárias entre Dinossauros (répteis), e Aves. As mesmas espécies intermediárias, ou Transicionais, que os Criacionistas insistem em dizer que nunca existiram.

QUE "PENA" PARA O CRIACIONISMO

Um dos baluartes argumentativos do Criacionismo contra a Evolução é alegar a ausência de fósseis transicionais, ou seja, que representam animais que reuniam características de dois grupos diferentes, no caso, Répteis e Aves.

Pelo Evolucionismo, a Aves teriam evolúido dos Répteis, havendo então uma continuidade entre essas duas classes de animais. Porém, os animais intermediários estão extintos, razão pela qual as duas classes parecem bastante separadas uma da outra. Os répteis seriam a classe mais antiga, tanto que se encontram fósseis de mais de 65 milhões de anos, o que não ocorre com as aves, cujos fósseis são bem mais recentes.

Desde Darwin, previu-se que fósseis destas espécies deveriam ser encontrados, o que confirmaria fortemente a teoria. E aqui está o pomo da discórdia, pois a existência destes fósseis é de vital importância.

A absoluta maioria da comunidade científica não tem nenhum resquício de dúvidas em afirmar que centenas fósseis transicionais incluindo entre répteis e aves já foram encontrados, estudados e catalogados, constituindo confirmação inegável da Teoria da Evolução.

Descobertas recentes feitas na China presentearam os cientistas com diversas espécies intermediárias que permitem agora uma visão muitíssimo mais clara do processo evolutivo

Mas não é assim que pensam os Criacionistas, que simplesmente negam essas evidências com um curioso argumento de Descontinuidade.

O ARGUMENTO DA DESCONTINUIDADE

Havendo ligação transicional entre Répteis e Aves, a evolução é confirmada, mas caso Aves e Répteis estejam isolados, sem uma ligação contínua de espécies entre eles, a Teoria da Evolução ainda não teria sido confirmada pela evidência fóssil. Dessa forma, para evitar admitir a confirmação da Teoria, os Criacionistas alegam que os fósseis encontrados são Aves, OU são Répteis, pertencendo a uma classe ou outra, e não a um estágio intermediário.

É preciso recorrer então aos motivos que levam-nos a classificar as Aves e Répteis de hoje em classes distintas. Vamos citar apenas 3 características de cada grupo.

AVES: Tem penas, são bípedes, tem bico (não tendo dentes, ou tendo dentes minúsculos).

RÉPTEIS: Tem pele escamosa ou rugosa (não tendo penas), são quadrúpedes ou ápodes (cobras), tem dentes.

Não há exemplos vivos que desafiem essa classificação abertamente. Não se conhece aves que andem em 4 patas ou répteis com penas, porém, os fósseis das espécies transicionais claramente reúnem em um mesmo animal algumas destas característias, além de várias outras mais sutis.

O famoso Arqueopterix por exemplo, assim como outras espécies extintas já descobertas, apresenta penas e dentes. Não se conhece atualmente aves com dentes grandes como os do Arqueopterix. Mas algumas destas espécies extintas inclusive apresentam uma curiosa mistura de Bico e Grandes Dentes, bem como escamas e penas.

O Microraptor apesar das penas é claramente quadrúpede, ou ao menos predominantemente, tal como um esquilo, podendo ficar em pé sobre as patas traseiras, mas andando em 4 patas.

E o mais curioso, é que os próprios Dinossauros, apesar de seu nome originalmente significar "Répteis Terríveis", eram em grande quantidade bípedes!

É claro que o Criacionista tem todo o direito de alegar que todas essas criaturas deveriam ser enquadradas na classe dos "Dinossauros", que não seriam exatamente Répteis nem Aves. Como analogia frequentemente cita-se o Ornitorrinco, que apesar de ter mamas e bico, não é necessariamente uma espécie intermediária entre Aves e Mamíferos.

Sem entrar no mérito sobre os Ornitorrincos, basta lembrar que esta é uma espécie encontrada num continente bastante afastado da Eurásia e África, onde, como prevê a Teoria da Evolução, as espécies tenderiam a se diferenciar das espécies de outros continentes, percorrendo caminhos evolutivos imprevisíveis.

Porém a maior parte dos fósseis encontrados, bem como répteis e aves do presente, vieram de um mesmo continente, tendo inclusive coexistido durante algum tempo. Além disso, diferente do Ornitorrinco ou da Équidna, há tantos fósseis que misturam caracteristicas de répteis e de aves que é possível ordená-los numa ampla escala transitiva.

Cientistas evolucionistas separaram dezenas de espécies extintas mas com evidências fósseis em 5 Estágios transitivos, onde pode-se notar uma maior presença de características de aves a medida que se avança na escala.

As penas desepenham uma papel importante nessa escala, sendo bastante rústica como um mero cone oco, e similares a escamas, no Estágio 1, onde há exemplares como o Allossauóides, mas se tornando cada vez mais elaboradas até que no Estágio 5, onde está o Arqueopterix, já são bastante parecidas com as penas das aves atuais.

Mas a capacidade sofistmática humana é ilimitada, e razão é meramente uma espada que pode ser usada para qualquer fim. Os criacionistas podem muito bem alegar a hipótese razoavelmente válida de que todas essas espécies estão isoladas umas das outras, tendo surgido separadamente num ato de criação Divina ou mediante Avançada Tecnologia Alienígena Extraterrestre.

Evidentemente, trata-se de uma hipótese não testável, que sempre poderá alegar a descontinuidade não importa quantas fases de transição possamos demonstrar. Esse mesmo argumento poderia alegar que as cores Vermelha e Amarela nada tem haver uma com a outra, sendo fenômenos descontínuos, enquanto outros dizem que elas fazem parte de um mesmo espectro originado da Luz Branca. Se então lhes mostrarmos como prova de que elas fazem parte do mesmo fenômeno, a existência da cor Alaranjada, ele simplesmente dirão que esta é apenas uma outra cor isolada, e se mostrarmos um Alaranjado Avermelhado, bem como um Amarelo Alaranjado, poderão alegar que são outras cores distintas.

Portanto, o argumento da Descontinuidade é um tipo de Tautologia, uma afirmação que se mostrará verdadeira em qualquer situação. Havendo evidências fósseis transicionais ou não, o Argumento funciona do mesmo jeito, havendo níveis de cor intermediário entre Vermelho e Amarelo ou não, não faz diferença.

Poderíamos mostrar um milhão de espécies intermediárias cronologicamente ordenadas entre o Euornithes, possivelmente a espécie transicional do Estágio 5 mais próxima de aves atuais, e um Tucano, que aliás é um tanto parecido. Mas não importa! Os Criacionistas simplesmente alegarão que são um milhão de espécies isoladas que não tem qualquer parentesco umas com as outras.

Não importa que mostremos que o DNA de cada uma dessas espécies é progressivamente similar. Eles podem alegar que espécies similares teriam DNAs similares porque Deus usou um padrão similar de criação, ainda que os DNAs compartilhem também falhas e lixo genético inúteis.

Não importa que mostremos um gradiente de mil cores entre o Vermelho e o Amarelo, como forma de demonstrar que todas fazem parte da mesma matriz de luz. Eles poderão alegar que são mil cores distintas que vêm de matrizes diferentes.

UM OVO DURO DE QUEBRAR

A máxima Criacionista de que jamais foram encontrados fósseis para confirmar a evolução é, SEM SOMBRA DE DÚVIDA, a mais gritante de todas as inverdades. Não só já foram achados inúmeros fósseis de espécies transicionais, como continua-se achando todos os meses, como as leituras de DNAs residuais ajudam a esclarecer a ligação entre essas espécies.

Mesmo assim os Criacionistas continuam a afirmar incansavelmente que jamais foram achados tais fósseis, é uma idéia fixa e insensível a qualquer argumento ou evidência. O motivo é até compreensível, pois cultivar essa ilusão é vital para eles.

A evidência fóssil é provavelmente a maior de todas as evidências da evolução, ela demonstra pouco a pouco os ramos perdidos da árvore evolutiva da vida, e fornece indicações de onde e como procurar novas pistas. Se dobrarmos a quantidade de evidências fósseis, o que é quase certo que irá ocorrer, é bem provável que a maior parte de todo o processo evolutivo ocorrido na Terra fique esclarecido. Com os avanços nos métodos de leitura do DNA, não demorará muito até conseguirmos traçar um desenho ainda mais preciso de como a vida se desenvolveu.

Mas nada disso irá mudar a opinião dos Criacionistas, eles estão encerrados numa visão de realidade determinada pela sua interpretação literal da Bíblia, recheada de apelos a eventos que não podem ser jamais verificados e que jamais deixaram vestígios. Vivem num mundo particular, restrito, e tão limitado quanto um Ovo, de couraça indestrutível a qualquer forma de evidência ou argumento.

Protegidos pela casca do argumento tautológico e infalseável da descontinuidade, eles podem viver tranquilos em seus domínios teológicos e quem sabe felizes em seu universo de poucos milhares de anos, na maioria dos casos, onde a própria história tem data marcada para terminar.

Quem quiser entretanto, pode sair de seu ovo, e descobrir um Universo muitíssimo maior, de bilhões de anos-luz de distância, com um futuro ilimitado pela frente, e abrindo as asas da mente, voar pelos ares do conhecimento e das possibilidades.

Palma - biodiesel


Palma

Palma oleaginosa:

Desde a época dos faraós egípcios, a quase 5000 anos, a palma oleaginosa tem sido uma importante fonte alimentícia para o gênero humano. O óleo chegou ao Egito vindo da África Ocidental, de onde se origina a Elaeis guineensis .

No começo do século XX, a palma oleaginosa foi introduzida na Malásia como uma planta ornamental e somente plantada comercialmente pela primeira vez em 1917, o que deu prigem à indústria de óleo de palma da Malásia, plantada em larga escala e surgiu como o óleo mais produtivo no mundo inteiro

No Brasil, chamada de “ palmeira do dendê “, foi introduzida pelos escravos no século XVI.

A Palma Maravilhosa

A palma é um cultivo perene. Começa a produzir frutos a partir de 3 anos, depois de semeada, tem uma vida economica entre 20 a 30 anos. Anualmente, cada hectare de palma pode render até 5 toneladas de óleo, ou seja 10 a 12 cachos de frutos, cada um pesando entre 20 a 30 kgs e cada cacho produs de 1000 a 3000 frutos. O que representa de 5 a 10 vezes mais que qualquer outro cultivo comercial de óleo vegetal.

A palma produz um rendimento em óleo de aproximadamente 3700 quiligramas/hectare, anualmente. Em comparação com os rendimentos do óleo de soja 389 kg/hectare e do óleo de amendoim 857 kg/hectare, estes dois últimos são muito baixos quando comparados com o óleo de palma.

Cultivo

As condições climáticas na malásia incluem um clima tropical com temperaturas que variam de 24 a 32º C bem distribuidos ao longo do ano, que é ensolarado com períodos chuvosos que é ideal para o cultivo da palma. Nas estufas, as sementes de palma são cuidadosamente selecionadas e germinadas sob condições controladas.

As áreas produtoras no Brasil são encontradas no Pará, Amazonas, Amapá e Bahia, sendo o Pará o maior produtor de óleo de palma do Brasil e onde se concentra mais de 80% da área plantada. Nessa região ocorre maior flutuação em energia solar, temperatura do ar, umidade atmosférica ( distribuição das chuvas ), que é o elemento climático de maior variação espacial e de maior repercussaõ na produtividade do dendê nesta região.

O cruzamento entre as esécies Dura fisifera ( DxP ), conhecida como Tenera, é comumente o mais plantado, As sementes germinadas são transferidas para sacos pláticos e crescem em estufa durante no período de 12 a 15 meses antes de ser transferida para o plantio no campo.

Como já mencionado anteriormente, as palmeiras começam a gerar frutos de 30 a 32 meses após o plantio no campo e continuará sendo economicamente produtiva por mais 20 ou 30 anos.

Os cachos de frutos maduros são colhidos em intervalos de 7 a 10 dias ao longo da vida ecônomica da palma. Pelça ordem, a maximização da taxa de extração de óleo assegura a qualidade do pádrão de colheita seja aplicado. Estes incluem, além da alteração cuidadosa em relação a maturidade dos frutos, até a implementação de colheitas circulares e a colheita dos frutos com a mínima contusão.

Forma da fruta
Tenera
Origem
África
Crescimento
50 - 70 cm/ano
Circunferência do tronco
355 cm
Cor da folha
Verde
Produção de folhagem
24 – 30 por ano
Altura da folhagem
6 – 8 m
Fruto maduro
Amarelo dourado / vermelho
Período de incubação
12 – 15 meses
Início da colheita
30 meses após o plantio no campo
Densidade da plantação
136-160 palmas por hectare
Número de cachos
12 cachos/ano
Frutos por cachos
1.000 – 3.000
Peso do cacho
20 – 30 kg
Tamanho e forma do fruto
5 cm - oval
Peso do fruto
10 grs
Núcleo do fruto
5 – 8 %
Mesocarpo por frutos
85 = 92%
Óleo por mesocarpo
20 – 50%
Oleo por cacho
25 – 28%
Produção de óleo
5 – 8 tons/hectare/ano

Processamento do Óleo de Palma e Palmiste

As extratoras de fruto de palma estão bem localizadas, estratégicamente próximas as plantações com o objetivo de facilitar o transporte dos frutos até a indústria de extração.

Vários processos operacionais são utlilizados para obter o produto acabado. O primeiro passo do processamento produz o óleo bruto, extraído do mesocarpo do fruto. Este, na sua segunda fase pode ser refinado ou também fracionado usando um processso de cristalização e separação simples onde são obtidas frações sólidas ( estearina ) e líquidas ( oleína ).

O desenvolvimento da agroindústria de palma tem sido significativamente marcante, principalmente na Malásia. No brasil as primeiras indústrias de extração de óleo de palma se estabeleceram no Estado da Bahia na década de 50. a organização da agroindústria ocorreu mais tarde, no início dos anos 70 no Pará, onde a partir daí identificaram o cultivo do dendezeiro como a grande fonte de óleo e gordura vegetal. O Pará possui um parque industrial composto por 10 empresas, sendo este o maior produtor brasileiro, reponsável por mais ou menos 85% do tatal do óleo de palma produzido no Brasil. Seguindo, podemos citar em ordem decrescente o Amapá, a Bahia e o Amazonas.

Descreveremos agora o processo industrial dos cachos de frutos frescos para a produção de palma e palmiste, mencionando os produtos obtidos na extração, refino e fracionamento.

Podemos extrair os seguintes produtos :
Óleo de palma bruto : 20%
Óleo de palmiste : 1,5%
Torta de palmiste : 3,5%
Cachos vazios : 22%
Fibras : 12%
Cascas : 5%
Efluentes líquidos : 50%

Processamento

Os frutos colhidos no campo são transportados em caminhões e pesados na entrada da fábrica. Após, são tranferidos para a rampa ou moega de recebimento onde são tranferidos para os carros “ trolleys “ através de uma via de trilhos direto para o esterilizador.

Os frutos são cozidos a uma temperatura de mais ou menos 135ºC sob pressão de 2 a 3 kg/cm2, por aproximadamente uma hora.

Após esterelizados e cozidos os frutos passam pelo debulhador, onde ocorre a separação dos cahos e frutos.

Os frutos são prensados mecanicamente por uma prensa contínua para a retirada do óleo do mesocarpo carnoso. O óleo cru obtido na prensagem é tranferido para o desaerador, onde são retiradas as particulas pesadas, e depois clarificado e purificado para a remoçaõ de umidade, sujeira e outras impurezas.

As fibras e impurezas retidas na peneira voltam para a prensagem e o óleo bruto é transferido para o tanque de decantação através de bomba centrífuga. Neste tanque ocorre a separação do óleo e da borra. O óleo é tranferido apar o tanque de armazenagem. A borra é processada na centrífuga e tranferida para o decantador secundário, onde após separação do óleo é tranferida para lagoas. Todo o óleo separado da borra volta para o tanque de decanração.

A torta resultante deste primeiro processo de prensagem é processada no tranportador onde ocorre a secagem da fibra. A fibra seca é utilizada como combustível na caldeira a vapor. As nozes são polidas para retirada do resíduo das fibras.

A seguir são tranferidas para o moinho quebrador. As amêndoas são separadas das cascas. As cascas são destinadas para combustível ou matéria prima para carvão ativado. As amendoas são armazenadas para posterior beneficiamento.

As amendoas do fruto da palma são quebradas, a seguir são laminadas. A pasta produzida na laminação é cozida e prensada. O óleo bruto é filtrado no filtro prensa e a seguir transferido para o tanque de armazenagem, extraído mecanicamente ou por solvente. A torta é retirada do filtro prensa e armazenada em sacos.

Processamento de Refino Físico

O processo clássico de refino fisico continuo do óleo de palma, compreende três seções:

- Pré-Tratamento ácido

O óleo bruto é bombeado, com a vazão indicada pelo fluxômetro, passando pelo trocador de calor de placas, onde é aquecido com vapor de baixa pressão. O óleo aquecido recebe ácido fosfórico alimentado através de bomba dosadora e a mistura passa por um misturador de disco e um tanque de reação. Após o tempo de contato, a mistura é bombeada para o desaerador, onde o óleo é secado, desaerado e tem a temperatura controlada adequadamente ao processo de branqueamente.

- Branqueamento

O vaso branqueador é abastecido através de um extravasor interligado ao desaerador. Um silo de terra de branqueamento, equipado com dosador automático, dosa a terra de branquemento ao óleo. O vaso branqueador é dimensionado para dar o tempo de residência e a agitação adequada, de modo a promover o contato ideal do óleo com a terra de branqueamento. A mistura é então bombeada para um dos filtros hermeticos de folhas filtrantes verticais, onde a terra de branqueamento é removida. Finalmente, o óleo branqueado passa por um dos filtros de polimento, sendo descarregado em um tanque pulmão. O branqueamento do óleo é fito sob vácuo de 50 torr, gerado por um conjunto de ejetores/ condensadores, acionados por vapor.

- Destilação

O óleo a ser destilado é bombeado do tanque pulmão, através de um trocador de calor de placas, onde é aquecido com vapor de baixa pressão. O óleo aquecido é pulverizado em uma cãmara de desaeração. Em seguida é bombeado através de um trocador regenerativo de calor, onde troca calor com o óleo que sai. Em outro trocador, é aquecido com fluído térmico ou vapor saturado de alta pressão, até a temperatura de destilação/desodorização.

O destilador/desodorizador, submetido a vácuo de 3 torr, possui sistemas de bandejas internas, onde o óleo percorre um labirinto, com injeção direta de vapor. Do destilador/desodorizador, o óleo é bombeado através do trocador regenerativo, onde aquece o óleo a ser destilado, e em seguida, em outro trocador é resfriado com agua.

O óleo refinado, já frio, recebe uma dosagem de antioxidante, através de uma bomba dosadora e é homogeneizado no fluxo de óleo, através de um misturador estático, passando, em seguida, por um dos filtros de polimento final. Eventuais respingos de óleo do destilador/desodorizador são coletados em um tanque, para posterior reprocessamento. Os acidos graxos destilados são condensados em um lavador de gases, através de um fluxo de óleo ácido que é bombeado em circuito fechado, passando por uma troca de calor.

Fracionamento do Óleo de Palma

Por sua versátil composição em acidos graxos e triglicerídeos, o óleo de palma, presta-se através de processamento, para a aprodução de uma grande variedades de produtos. O fracionamento tira proveito das características do óleo de palma quando da fusão de triglicerídeos, produzindo oleina de palma e frações de estearinas sólidas. Mais adiante, os processos de fracionamento resultam no comumente usado “ double oilein “ de palma fracionada ( liquida ) ou fração intermediária da palma, utilizada principalmente em gorduras de confeitaria industrial.

O processo de fracionamento desenvolve-se de modo descontínuo, por bateladas. A quantidade de óleo a ser fracionada é pré determinada no medidor. O óleo é transferido para tanques para obter melhor rendimento térmico, pois a temperatura é controlada automaticamente.

Nos tanques de resfriamento a temperatura é controlada e ajustada de acordo com o resultado do fracionamento que se deseja obter. Os tanques de resfriamento são equipados com agitador de baixa rotação, cuja função é melhorar a eficiência de troca térmica, não permitir a precipitação a precipitação de eventual auxiliar filtrante e proporcionar uma destribuição homogênea dos cristais de estearina no volume total do tanque.

Dos tanques de resfriamento, o óleo é transferido através de uma bomba para o filtro, onde os cristais de estearina são retidos, liberando a oleína filtrada.

A oleína filtrada é bombardeada para tanques de armazenamento e a estearina é aquecida e também bombardeada para outros tanques de armazenamento.

Armazenamento e manuseio dos Óleos

Sendo utilizados principalmente para a indústria de alimentos, o óleo de palma e palmiste devem ter manuseios e armazenagem adequados para que não haja qualquer alteração na qualidade e propriedades do produto na entrega ao consumidor.

A garantia de qualidade é fundamental, pois esta sempre vinculada ao contrato de compra e venda.

O sistema atual de armazenagem é de multiplos tanques cilíndricos verticais, cujas dimensóes são determinadas por critério de projeto e o principal parâmetro é o custo da construção.

É recomendável que tenha vários tanques de capacidade média, ao invés de um único tanque com grande capacidade. Todos os tanques devem ter sistema de aquecimento para facilitar e permitir o manuseio adequado do produto.

A capacidade máxima recomendada para armazenamento é a seguinte :
Produto Capacidade máx. / Ton
Óleo bruto 3.000 ton
Óleo efinado 3.000 ton
Oleina 3.000 ton
Estearina 1.000 ton

O material adequado para a construção dos tanques é o aço carbono laminado para o óleo bruto e o aço inoxidável para o óleo refinado e frações. Acessórios de cobre, latão e bronze não são recomendados para partes em contato com o produto. Usualmente os tanques para estocagem de produto refinado são fabricados em aço carbono, com revestimento interno em Epoxi.

Para manter as características do produto e facilitar o manuseio as temperaturas mínimas e máximas em ºC para enchimento e esvaziamento do tanque são a seguinte:

Produto Mínima Máxima
Óleo de palma bruto 50 55
Óleo de palma refinado 50 55
Estearina 55 – 60 65 – 70
Oleina 30 55
Fração intermediária 40 45
Óleo de palmiste 30 35
Oleina de palmiste 30 35
Estearina de palmiste 40 45

Temperatura mínima e máxima em ºC recomendada para armazenamento e transporte:

Produto Mínima Máxima
Óleo de palma 32 40
Estearina 40 45
Oleina 25 30
Fração intermediária 35 40
Óleo de palmiste 30 35
Oleina de palmiste 25 30
Estearina de palmiste 35 40

Via Direta

Substituto do diesel – Pesquisas recente mostram que o óleo de palma bruto pode ser usado diretamente como combustível para acionar carros com motores adaptados. Foi constatado que a fumaça de escapamento produzida pelos motores com óleo de palma bruto era mais limpa que a dos motores com diesel.

Lubrificante de perfuração – Uso como lubrificantes de perfuração contínua faz com que este se difunda quando formações de rochas mais duras são perfuradas. Não contém compostos aromáticos e ser atóxico, possui pontos de ignição e anilina superiores a 65ºC, tornando o mesmo adequado como base em lamas de perfuração.

Sabões – São uma mistura de sais sódicos de ácidos graxos, que podem ser derivados de óleos e gorduras pela sua reação com soda cáustica a 80º - 100º no processo conhecido como saponificação. O óleo de palmiste e a estearina de palma são os mais utilizados no processo de produção.

Óleo Epoxidado ( EPOP ) - Podem ser produzidos pela reação do óleo de palma, estearina de palma ou oleína de palma com perácidos. EPOP são usados como plastificadores, estabilizantes para plástico e cloreto de polivinila PVC.

Via Oleoquimica
Ácidos graxos – MCT, Borracha, Velas, Cosméticos, Sabões, Sabões Metálicos
Estéres graxos – Cosméticos, Sabões, SME, Diesel, Agroquímicos
Álcoois graxos – FAS, FAE, FAES
Compostos graxos de nitrogênio – Imidazolinas, Ésteres quaternários
Glicerol – MG & DG

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Avitaminoses


A avitaminose é uma enfermidade gerada pela carência de vitaminas. É classificada segundo a vitamina em falta, embora, algumas vezes, tenha nome próprio.

Classificação

Beribéri

  • É causado pela deficiência da vitamina B1;

  • Apresenta como sintomas fraqueza muscular e dificuldades respiratórias;

  • Além disso o beribéri pode dar origem a uma cardiomiopatia, doença no coração;

  • O tratamento é simples e só necessita de ingestão da vitamina B1 em quantidade adequada. Se o caso for mais grave é necessário uma intervenção fisioterapêutica cardio-respiratória, devido ao encurtamento muscular;

  • Os alimentos ricos em vitamina B1 (tiamina) são: cereais em grão, leite, ovos e legumes verdes.


Escorbuto

  • É causado pela deficiência da vitamina C;

  • Apresenta lesão da mucosa intestinal, com hemorragia digestiva, sangramento das gengivas e enfraquecimento dos dentes;

  • Pode ainda apresentar complicações em outros tecidos do corpo, com incidência de hemorragias, além da perda de peso e dores nas articulações

  • O tratamento é feito à base da alimentação rica em legumes e vegetais frescos e na ingestão de vitamina C

  • Os alimentos ricos em vitamina C são: agrião, limão, morango, laranja, couve, acerola, abacaxi.


Hemeralopia ou Nictalopia

  • É causado pela deficiência da vitamina A no organismo. Também é conhecida como cegueira nocturna;

  • Trata-se de uma doença degenerativa da retina e sua principal característica é o aparecimento de pigmentos negros na região do fundo dos olhos. A pessoa afectada não consegue enxergar à noite em locais com pouca luminosidade.

  • Os alimentos ricos em vitamina A são: espinafre, cenoura, salsa, fígado, leite, queijos gordurosos, couve, sardinha, batata-doce...

  • Por isso para evita-la é importante ingerir alimentos que contenham vitamina A.

  • Os alimentos ricos em vitamina A são os vegetais verdes e amarelos, e produtos de origem animal como ovos, leite e fígado.


Xeroftalmia

  • É uma avitaminose causada pela deficiência do retinol (Vitamina A);

  • Ela é caracterizada pela baixa produção de lágrimas, ou seja, a secagem da córnea que provoca secreções nos olhos e dificuldade de visão;

  • Se não for tratada devidamente pode apresentar úlceras e infecções bacterianas na córnea;

  • O tratamento é feito através de uma dieta rica em vitamina A e também pode haver o uso de pomadas ou colírios contendo antibióticos. Se a doença não for devidamente tratada pode resultar em cegueira permanente.

  • Os alimentos ricos em vitamina A são os vegetais verdes e amarelos, e produtos de origem animal como ovos, leite e fígado.


Pelagra

  • É causado pela deficiência da vitamina B ou vitamina PP (niacina);

  • Os sintomas iniciam-se com dermatites, que são inflamações na pele, seguidos por diarreias;

  • Se não for tratado a tempo, o pelagra pode afectar o sistema nervoso central e causar demência no portador; Também pode causar perturbações digestivas

  • O tratamento deve ser feito através da administração de alimentos ricos em vitamina PP e além desses a ingestão de mel de abelha, fibras, extractos de Aloé Vera e sais minerais.

  • Os alimento ricos em vitamina PP são: feijão, lentilha, abacate, frango, peixes, ovos e farinha integral.


Raquitismo

  • É causado pela deficiência da vitamina D no organismo;

  • Não tem relação com crianças raquíticas e subnutridas e sim com a falta de exposição ao sol e ingestão de vitamina D. Os ossos tornam-se dolorosos e moles e curvam-se facilmente, pois o sangue contém uma concentração baixa de fosfato e uma quantidade inadequada da forma activa da vitamina D.

  • O tratamento deve ser feito com a administração de vitamina D e cálcio, e em alguns casos o uso de suplementos vitamínicos ao mesmo tempo.

  • Os alimentos ricos em vitamina D são: alimentos de origem animal: fígado, leite, peixes gordos.


Queilose

  • Doença causada por falta de vitaminas do complexo B, principalmente a vitamina B2;

  • Pode causar ardência, dor e secura nos cantos da boca. Em casos mais desenvolvidos estas fissuras nos cantos da boca podem apresentar pus;

  • Cura-se a doença com a administração de medicações nos locais da lesões, e deve-se evitar alimentos e bebidas ácidas para que não haja maiores irritações. Também é necessária a ingestão de vitamina B2.

  • Os alimentos ricos em vitamina B2 são: cereais em grão (ervilhas, couve, arroz, aveia, cevada, trigo...)


Anemia

  • A anemia é a falta de hemoglobina no sangue, ou seja, há uma deficiência na oxigenação dos tecidos do corpo. Pode ser causada por vários aspectos, dentre eles os mais comuns são a falta de vitamina B12 e Ferro.

  • Os principais sintomas são fadiga, palidez, cansaço, fraqueza, vertigens e nos casos mais graves pode ocorrer taquicardia.

  • A cura da anemia se dá com a administração de ferro e vitamina B12 na alimentação ou através de suplementos. Nos casos mais crónicos é comum os médicos receitares medicamentos mais específicos;

  • Os alimentos ricos em vitamina B12 são: carnes vermelhas, ovos, fígado e leite.


Tratamento

Normalmente é recomendado tomar a par com uma alimentação equilibrada um polivitaminico pelo menos duas vezes por ano.

Em caso de dúvidas ou persistência dos sintomas consulte o seu médico ou farmacêutico.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Raiva ou Hidrofobia


A raiva - doença de varios animais, capaz de se transmitir ao homem, constitui para o nosso meio urn dos gran des problemas medico­sanitarios.

Os Institutos Pasteur e serviços particulares prestam assistencia ao paciente que e vitima da mordedura de urn determinado animal suspeito da infecçao rabica. o tratamento profilatico e relativamente demorado, sendo necessario, em mordeduras localizadas na cabeça, o emprego concomitante do soro anti-rabico. A vacina anti-rabica de emprego mais usual na práitica e a de Fuenzalida & Palacios, empregando cerebro de camundongos infectados com o virus fixo, procurando-se desta maneira eliminar a mielina, substancia capaz de sensibilizar o organismo humano, provocando os chamados acidentes neuroparaliticos, que eram observados, embora com certa raridade, com as vacinas preparadas a partir de cerebro de animais adultos, geralmente o carneiro.

Urn dos problemas mais importantes do ponto de vista pratico e o da avaliaçao da imunidade anti-rabica, principal mente depois de uma serie completa ou nao da vacina especifica. Geralmente os pacientes vitimas da mordedura de animais (gatos e caes, principalmente) recebem 14 ou mais doses da vacina de Fuenzalida Palacios, haven do grande interesse em se avaliar o estado imunitario desenvolvido apos a vacinaçao especifica.

Na vigencia de urn novo "acidente" (incluindo eventual contaminaçao laboratorial) e comum a pratica do mesmo esquema de vacinaçao, pois os serviços anti-rabicos nao se arriscam ao emprego apenas de uma ou duas doses de reforço. Nao se dispondo de uma prova nipida que possa atender a rotina e ofereça possibilidade de avaliaçao da imunidade, os esquemas de revacinaçao sao iguais aos da primo-vacinaçao, provávelmente exagerados, acentuando-se, entao, os riscos de efeitos colaterais, principalmente dos acidentes neuroparalfticos.


Em que pesem algumas criticas, acredita­se que a prova de soro-neutralizaçao em camundongos, e a que melhor se presta para avaliar o estado de imunidade ou resistencia a raiva.

Partindo desse principio, o Dr. Octavio Augusto de Carvalho Pereira procurou em sua tese de livre-docencia a Faculdade de Medicina de Sao Paulo, estudar os comportamentos sorologicos de individuos vacinados e revacina­dos (com doses completa e incompleta), empregando varias pro vas tmunologicas, tais como a de fixaçao de complemento (micro­tecnica), soro-neutralizaçao, imunodifusao e imunofluorescencias.

Contando com a valiosa colaboraçao de varios colegas interessados pelo mesmo problema, o Dr. Octavio Augusto de Carvalho Pereira estudou este assunto exaustivamente, apresentando-nos, em seu belo e oportuno trabalho, uma pro va rapida e simples - fixaçao de complemento em placas escavadas, que permite avaliar em poucas horas o estado de imunidade anti-rabica, tomando a soro-neutralizaçao como padrao da res posta imunitaria favonivel. Atanasiu & colaboradores acreditam que anticorpos neutralizantes precoces, duradouros e em niveis adequados, garantem a imunidade contra a raiva. (...)

Questões - Soro X Vacina

UFRN) Duas crianças foram levadas a um posto de saúde: uma delas, para se prevenir contra poliomielite; a outra, para atendimento, em virtude de uma picada de serpente peçonhenta.
Indique o que deve ser aplicado em cada criança, respectivamente.

a) Vacina (porque contém antígenos) e soro (porque contém anticorpos).
b) Soro (porque contém antígenos) e vacina (porque contém anticorpos).
c) Vacina (porque contém anticorpos) e soro (porque contém antígenos).
d) Soro (porque contém anticorpos) e vacina (porque contém antígenos).

Resposta: a.

No final do século XIX, a descoberta dos agentes causadores de doença infecciosas representou um passo fundamental no avanço da medicina. Um dos principais aspectos desse avanço foi o desenvolvimento de soros e vacinas. Responda o que se pede:
a) Qual a origem desses produtos?
b) Diferencie soro de vacina.

Sugestões de respostas:
a) Os dois produtos são de origem biológica (chamados também de imunobiológicos) e são usados na prevenção e tratamento de doenças.

b) A diferença básica entre soro e vacina reside no fato dos soros já conterem os anticorpos necessários para combater uma determinada doença ou intoxicação, enquanto que as vacinas contêm agentes infecciosos atenuados, incapazes de provocar a doença (a vacina é inócua), mas que induzem o sistema imunológico da pessoa a produzir anticorpos, evitando a contração da doença. Portanto, a vacina é essencialmente preventiva e o soro é curativo.

Soro e vacina

No final do século XIX, a descoberta dos agentes causadores de doenças infecciosas representou um passo fundamental no avanço da medicina experimental, através do desenvolvimento de métodos de diagnóstico e tratamento de doenças como a difteria, tétano e cólera. Um dos principais aspectos desse avanço foi o desenvolvimento da soroterapia, que consiste na aplicação no paciente de um soro contendo um concentrado de anticorpos. A soroterapia tem a finalidade de combater uma doença específica (no caso de moléstias infecciosas), ou um agente tóxico específico (venenos ou toxinas).

O Dr. Vital Brazil Mineiro da Campanha, médico sanitarista, residindo em Botucatu, consciente do grande número de acidentes com serpentes peçonhentas no Estado, passou a realizar experimentos com os venenos ofídicos. Baseando-se nos primeiros trabalhos com soroterapia realizados pelo francês Albert Calmette, desenvolveu estudos sobre soros contra o veneno de serpentes, descobrindo a sua especificidade, ou seja, cada tipo de veneno ofídico requer um soro específico, preparado com o veneno do mesmo gênero de serpente que causou o acidente.

Já em São Paulo, Vital Brazil identificou um surto de peste bubônica na cidade de Santos em 1898. Iniciou, então, em condições precárias, o preparo de soro contra essa doença em instalações da Fazenda Butantan. Essa produção iniciou-se oficialmente em 1901, dando origem ao Instituto Serumtheráphico de Butantan, nome original do Instituto Butantan. Controlada a peste, o Dr. Vital Brazil deu prosseguimento à preparação de soros antiofídicos nesse Instituto, para atender ao grande número de acidentes com serpentes peçonhentas, já que o Brasil era um país com grande população rural, na época, tendo, ainda, Vital Brazil iniciado a produção de vacinas e outros produtos para a Saúde Pública.

Soros & vacinas são produtos de origem biológica (chamados imunobiológicos) usados na prevenção e tratamento de doenças. A diferença entre esses dois produtos está no fato dos soros já conterem os anticorpos necessários para combater uma determinada doença ou intoxicação, enquanto que as vacinas contêm agentes infecciosos incapazes de provocar a doença (a vacina é inócua), mas que induzem o sistema imunológico da pessoa a produzir anticorpos, evitando a contração da doença. Portanto, o soro é curativo, enquanto a vacina é, essencialmente, preventiva.

O BUTANTAN E A PRODUÇÃO NACIONAL DE SOROS

Em 1984 foi lançado o Programa de Auto-Suficiência Nacional em Imunobiológicos, para atender à demanda nacional por esses produtos e tentar eliminar a necessidade de importação. Para tanto, foram realizados investimentos em instalações e equipamentos para os laboratórios, contando com a colaboração do Ministério da Saúde.

No Instituto Butantan, além do investimento na produção, percebeu-se a importância do investimento em pesquisas & desenvolvimento, e criou-se o Centro de Biotecnologia, visando o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de soros e vacinas e de novos produtos.

Toda a produção de imunobiológicos (o Instituto Butantan produz cerca de 80% dos soros e vacinas utilizados hoje no País) é enviada ao Ministério da Saúde, e por ele redistribuída às secretarias de Saúde dos Estados.

A PRODUÇÃO DE SORO

Os soros são utilizados para tratar intoxicações provocadas pelo veneno de animais peçonhentos ou por toxinas de agentes infecciosos, como os causadores da difteria, botulismo e tétano. A primeira etapa da produção de soros antipeçonhentos é a extração do veneno - também chamado peçonha - de animais como serpentes, escorpiões, aranhas e taturanas. Após a extração, a peçonha é submetida a um processo chamado liofilizacão, que desidrata e cristaliza o veneno. A produção do soro obedece às seguintes etapas:

1.O veneno liofilizado (antígeno) é diluído e injetado no cavalo, em doses adequadas. Esse processo leva 40 dias e é chamado hiperimunizacão.

2.Após a hiperimunizacão, é realizada uma sangria exploratória, retirando uma amostra de sangue para medir o teor de anticorpos produzidos em resposta às injecões do antígeno.

3.Quando o teor de anticorpos atinge o nível desejado, é realizada a sangria final, retirando-se cerca de quinze litros de sangue de um cavalo de 500 Kg em três etapas, com um intervalo de 48 horas.

4.No plasma (parte líquida do sangue) são encontrados os anticorpos. O soro é obtido a partir da purificação e concentração desse plasma.

5.As hemácias (que formam a parte vermelha do sangue) são devolvidas ao animal, através de uma técnica desenvolvida no Instituto Butantan, chamada plasmaferese. Essa técnica de reposição reduz os efeitos colaterais provocados pela sangria do animal.

6.No final do processo, o soro obtido é submetido a testes de controle de qualidade:
6.1. atividade biológica - para verificação da quantidade de anticorpos produzidos;
6.2. esterilidade - para a detecção de eventuais contaminações durante a produção;
6.3. inocuidade - teste de segurança para o uso humano;
6.4. pirogênio - para detectar a presença dessa substância, que provoca alterações de temperatura nos pacientes; e
6.5. testes físico-químicos.

A hiperimunização para a obtenção do soro é realizada em cavalos desde o começo do século porque são animais de grande porte. Assim, produzem uma volumosa quantidade de plasma com anticorpos para o processamento industrial de soro para atender à demanda nacional, sem que os animais sejam prejudicados no processo. Há um acompanhamento médico-veterinário destes cavalos, além de receberem uma alimentação ricamente balanceada.

Processamento do Plasma para obtenção de Soro

O processamento do plasma para obtenção do soro é realizado em um sistema fechado, inteiramente desenvolvido pelo Instituto Butantan, instalado para atingir a produção de 600 mil ampolas de soro por ano, atendendo às exigênicas de controle de qualidade e biossegurança da Organização Mundial de Saúde.

Os soros produzidos pelo instituto Butantan são:
Antibotrópico: para acidentes com jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara.
Anticrotálico: para acidentes com cascavel.
Antilaquético: para acidentes com surucucu.
Antielapídico: para acidentes com coral.
Antibotrópico-laquético: para acidentes com jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara ou surucucu.
Antiaracnídico: para acidentes com aranhas do género Phoneutria (armadeira), Loxosceles (aranha marrom) e escorpiões brasileiros do género Tityus.
Antiescorpiônico: para acidentes com escorpiões brasileiros do género Tityus.
Antilonomia: para acidentes com taturanas do género Lonomia.

Além dos soros anti-peçonhentos, o Instituto Butantan também produz soros para o tratamento de infecções e prevenção de rejeição de órgãos. A maior parte desses soros é obtida pelo mesmo processo dos soros antipeçonhentos. A única diferença está no tipo de substância injetada no animal para induzir a formação de anticorpos. No caso dos soros contra difteria, botulismo e tétano, é usado o toxóide preparado com materiais das próprias bactérias. Para a produção do anti-rábico, é usado o vírus rábico inativado.

OUTROS SOROS

  • Anti-tetânico: para o tratamento do tétano.
  • Anti-rábico: para o tratamento da raiva.
  • Antidiftérico: para tratamento da difteria.
  • Anti-botulínico - "A": para tratamento do botulismo do tipo A.
  • Anti-botulínico - "B": para tratamento do botulismo do tipo B.
  • Anti-botulínico - "ABE": para tratamento de botulismo dos tipos A, B e E.
  • Anti-timocitário: o soro antitimocitário é usado para reduzir as possibilidades de rejeição de certos órgãos transplantados. O Instituto Butantan produz dois tipos desse soro: o de origem eqüina e o monoclonal. O primeiro tipo é obtido através da hiperimunizacão de cavalos com células obtidas do timo humano (glândula localizada no pescoço) e, em seguida, são purificados. O segundo tipo é produzido a partir de células obtidas em equipamentos especiais chamados bioreatores.

Como resultado de estudos na área, estão sendo desenvolvidas novas formas de utilização dos soros, aumentando o seu potencial de utilização, seja através da obtenção de graus mais elevados de purificação, da redução de custos ou do aumento do prazo de armazenamento, como os produtos liofilizados. Soros Antipeçonhentos Liofílizados estarão sendo disponibilizados brevemente.

Uma pequena parcela de indivíduos tratados com os soros de origem eqüina torna-se hipersensível a certos componentes desses soros. Para esses casos, o Butantan vem estudando a possibilidade de produção de alguns soros a partir de sangue humano, como o anti-rábico e o anti-tetânico, que também pode ser obtido a partir de mães que foram vacinadas contra o tétano (visando o controle profilático dessa doença em recém-nascidos) já que elas concentram os anticorpos na própria placenta.

Produção de Soros e Estimativa

VACINAS

As vacinas contêm agentes infecciosos inativados ou seus produtos, que induzem a produção de anticorpos pelo próprio organismo da pessoa vacinada, evitando a contração de uma doença. Isso se dá através de um mecanismo orgânico chamado "memória celular". As vacinas diferem dos soros também no processo de produção, sendo feitas a partir de microrganismos inativados ou de suas toxinas, em um processo que, de maneira geral, envolve:
- fermentação;
- detoxificação;
- cromatografia;

Entre as vacinas produzidas pelo Instituto, estão:
- Toxóide tetânico: para prevenção do tétano. A produção de toxóide tetânico pelo Instituto Butantan chega a 150 milhões de doses por ano, atendendo a demanda nacional. O toxóide também serve para produzir as vacinas dupla (dTe DT] e tríplice [DTP].
- Vacina dupla (dT): para prevenção da difteria e tétano em indivíduos acima dos 11 anos.
- Vacina tríplice (DTP): para prevenção da difteria, tétano e coqueluche. Esta vacina é obtida a partir de uma bactéria morta, o que constitui uma dificuldade em sua produção, pois a bactéria deve estar em um determinado estágio de crescimento, que garanta à vacina, ao mesmo tempo, potência e baixa toxicidade.
- BCG íntradérmico: para prevenção da tuberculose. O Instituto Butantan produz cerca de 500 mil doses de BCG por ano. Com novas técnicas de envase e liofilizacão, a produção deve ser aumentada em 50%.
- Contra a raiva (uso humano): para prevenção da raiva. Produzida em cultura celular, que nos possibilita ter uma vacina menos reatogênica.

NOVAS VACINAS

Em sua tradição pioneira voltada à Saúde Pública, o Instituto Butantan segue realizando pesquisas para a produção de novas vacinas. Está em desenvolvimento uma vacina contra meningite A, B e C, e uma nova vacina contra coqueluche.

Também estão sendo realizadas pesquisas com a utilização de engenharia genética, assim como foi feito com a vacina contra hepatite, desta vez para o desenvolvimento de vacinas contra a dengue e esquistossomose (em conjunto com a FIOCRUZ- Fundação Instituto Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro.) O Instituto Butantan desenvolveu a primeira vacina recombinante no Brasil (utilizando técnicas de engenharia genética) contra a Hepatite B, com capacidade de produção de 50 milhões de doses por ano. Há uma previsão de aumento dessa produção para suprir a demanda nacional, bem como a perspectiva de combiná-la com a vacina tríplice e a hemophilus, obtendo desta maneira a vacina pentavalente.


- Vacina contra a gripe (influenza) – Acordo firmado com Laboratório Aventis Pasteur/França, possibilita ao Instituto receber matéria prima e se responsailizar pelo controle de qualidade e envasametno de doses (17 milhões). Essa transferência de tecnologia vem ocorrendo desde 2000 e, a partir de 2007, o Butantan estará atendendo a demanda nacional.

Produção de vacinas e estimativa


Novos produtos

Além dos soros & vacinas, o Instituto Butantan continua investindo em novos produtos para a Saúde Pública. Entre estes produtos estão os biofármacos que são medicamentos biológicos para uso humano. Como a maioria da população não tem condições de pagar o valor extremamente alto destes medicamentos importados, o Instituto Butantan, inicia também a produção de biofármacos para que o Ministério da Saúde possa distribuir às unidades de saúde em todo o Brasil para uso gratuito. Dois exemplos de grande função social são:

Eritropoetina - medicamente necessário para pacientes renais que permanecem na fila de espera aguardando o transplante de rim;

Surfactante - medicamento para bebês prematuros que nascem com pulmões ainda não totalmente desenvolvidos por falta desta substância. Na maioria dos casos em que os pais não têm recursos para pagar o produto importado, estes bebês acabam falecendo. Hoje, isto representa cerca de 25.000 casos. A produção do surfactante pulmonar para bebês prematuros foi viabilizada por meio de uma parceria do Instituto Butantan com a FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - e a empresa Sadia.

Toxina Botulínica, para tratamento de doenças oculares, ortopédicas e para uso estético.

Hemoderivados, iniciará em 2004 a implantação de planta que através do processamento de plasma produzirá fatores anti-hemofílico, imuno globulina e albumina.

Com alto controle de qualidade aprovado pela Organização Mundial da Saúde, observando os princípios de bioseguranca e bioética, o Instituto Butantan vem cumprindo sua função social na tríplice atividade de pesquisa científica, desenvolvimento & produção de imunobiológicos e educação aplicados à Saúde Pública. Assim, valoriza seu passado e caminha em direção ao futuro.

* Material Produzido originalmente pela DIVISÃO DE DESENVOLVIMENTO CULTURAL do Instituto Butantan - www.butantan.gov.br, Contato: cultural@butantan.gov.br


Ficha Técnica:
Divisão de Desenvolvimento Cultural: Prof. Henrique Moisés Canter (coord); José Abílio Perez Junior; Texto: Dra. Hisako G. Higashi; Dr. Rosalvo R. Guidolin (Divisão de Desenvolvimento tecnológico e Produção).

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Amarelão


A Ancilostomíase (também designada Ancilostomose) e a Necatoríase são duas doenças semelhantes causadas pelos parasitas nemátodes relacionados Ancylostoma duodenale (Velho Mundo) e Necator americanus (Novo Mundo). É conhecida popularmente como amarelão.


Ancilóstoma e Necátor

O Ancylostoma duodenale e o Necator americanus são espécies aparentadas de vermes parasitas nematelmintos, com corpos filiformes e fêmeas (com até um centímetro) maiores que machos. As suas extremidades anteriores têm a forma de um gancho, especialmente nos Necator, e possuem boca armada com placas ou espinhos duros e bastante resistentes.

Ciclo de vida

Os ovos têm 60 micrómetros e são expulsos pelas fezes humanas. Na terra quente e úmida, os ovos chocam libertando larvas que amadurecem em forma livre na terra mas são sensíveis à desidratação, quando eliminados nas fezes são avermelhados por causa da hematofagia e histiofagia que fazem no trato gastrintestinal dos hospedeiros. A larva rabditóide leva por volta de uma semana para tornar-se filarióide, a qual é capaz de viver por mais de um mês, procurando encontrar um hóspedeiro humano. Se conseguirem, elas são capazes de penetrar na pele intacta. Dentro do organismo, invade os vasos linfáticos e depois sangüíneos e migram pelas veias para os pulmões via coração. Permanece nos alvéolos dos pulmões durante algum tempo, e depois sobe (ou é tossida) pelos brônquios até à faringe, onde é deglutida incoscientemente para o esôfago. Após passar pelo estômago (a sua cutícula resistente permite-lhe suportar o ambiente ácido) passa ao duodeno (intestino). É aí que se desenvolvem e acasalam as formas adultas, produzindo mais de 10.000 ovos por dia.

Progressão e sintomas

Assim que penetram na pele do hospedeiro, as larvas de ancilostomideos podem provocar, no local da penetração, lesões traumáticas, seguidas por fenômenos vasculares. Após alguns minutos, aparecem os primeiros sinais e sintomas: uma sensação de picada, hipertermia, prurido e edema resultante do processo inflamatório ou dermatite urticariforme. Pode, no entanto, haver prurido e exantema (pele inflamada). O periodo de incubação até surgirem os sintomas intestinais é de um ou dois meses.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito por exames de fezes, e em casos agudos a infestação pode ser detectada também por exame de sangue. Ambos são feitos através da observação, com auxílio de microscópio, pelos profissionais responsáveis.

Prevenção

  • Utilização de calçados (sapato ou sandália), evitando o contato direto com o solo contaminado;
  • Fornecimento de infra-estrutura básica para a população, proporcionando saneamento básico e condições adequadas de higienização;
  • Ter o máximo de cuidado quanto ao local destinado ao lazer das crianças, pois acabam brincando com terra;
  • Educação da comunidade, bem como o tratamento das pessoas doentes.

Glaucoma


O Glaucoma é a designação genérica de um grupo de doenças que atingem o nervo óptico e envolvem a perda de células ganglionares da retina num padrão característico de neuropatia óptica. A pressão intraocular elevada é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de glaucoma, não existindo contudo uma relação causal direta entre um determinado valor da pressão intraocular e o aparecimento da doença — enquanto uma pessoa pode desenvolver dano no nervo com pressões relativamente baixas outra pode ter pressão intraocular elevada durante anos sem apresentar lesões. Se não for tratado o glaucoma leva ao dano permanente do disco óptico da retina, causando uma atrofia progressiva do campo visual, que pode progredir para visão subnormal ou cegueira.

Tipos

O tipo mais comum é o glaucoma primário de ângulo aberto, freqüentemente assintomático. Uma das causas pode ser uma obstrução do escoamento do humor aquoso do olho. O humor aquoso é produzido no corpo ciliar do olho, fluindo através da pupila para a câmera anterior. A malha trabecular então drena o líquido para o canal de Schlemm e finalmente para o sistema venoso. Todos os olhos possuem alguma pressão intraocular que é causada pela presença de alguma resistência ao fluxo do humor aquoso através da malha trabecular e do canal de Schlemm. Se a pressão intraocular (PIO) for alta demais (maior do que 21,5 mm Hg), a pressão nas paredes do olho resultará na compressão das estruturas oculares. Entretanto, outros fatores, como perturbações no fluxo sangüíneo no nervo óptico podem interagir com a PIO e afetar o nervo óptico. Em um terço dos casos de glaucoma primário de ângulo aberto há PIO estatisticamente normal. Esses casos são chamados de glaucoma de pressão normal. Devido ao fato de exames do nervo óptico nem sempre serem realizados juntamente com medidas de PIO em pacientes de risco, o glaucoma de pressão normal é mais raramente diagnosticado até as condições se apresentarem adiantadas.

Outro tipo, o glaucoma de ângulo fechado, é caracterizado por aumentos súbitos de pressão intraocular. Isto ocorre em olhos susceptíveis quando a pupila dilata e bloqueia o fluxo do fluido através dela, levando à íris bloquear a malha trabecular. Glaucoma de ângulo fechado pode causar dor e reduzir a acuidade visual (visão borrada), e pode levar à perda visual irreversível dentro de um curto período de tempo. É considerada uma situação de emergência oftalmológica e requer tratamento imediato. Muitas pessoas com esse glaucoma podem visualizar um halo em volta de pontos de luz brilhantes, além da perda de visão característica da doença.

Glaucoma congênito é uma doença genética rara que atinge bebês. Recém nascidos com globos oculares aumentados e córneas embaçadas. Se considera que a causa da pressão intraocular elevada nesses casos é causada pela redução da permeabilidade trabecular. O tratamento é a cirurgia.

Glaucoma secundário ocorre como uma complicação de várias condições médicas, como cirurgia ocular, catarata avançada, lesões oculares, uveítes, diabetes ou uso de corticóides.

Sintomas

Enquanto que o glaucoma pode ou não ter sintomas distintos, uma complicação quase inevitável do glaucoma é a perda visual. A perda visual causada por glaucoma atinge primeiro a visão periférica. No começo a perda é sutil, e pode não ser percebida pelo paciente. Perdas moderadas a severas podem ser notadas pelo paciente através de exames atentos da sua visão periférica. Isso pode ser feito fechando um olho e examinando todos os quatro cantos do campo visual notando claridade e acuidade, e então repetindo o processo com o outro olho fechado. Freqüentemente o paciente não nota a perda de visão até vivenciar a "visão tunelada". Se a doença não for tratada, o campo visual se estreita cada vez mais, obscurecendo a visão central e finalmente progredindo para a cegueira do olho afetado.

Esperar pelos sintomas de perda visual não é o ideal. A perda visual causada pelo glaucoma é irreversível, mas pode ser prevenida ou atrasada por tratamento. Um oftalmologista deve ser consultado pelas pessoas com risco de desenvolver glaucoma.

Exemplificando: Aumento da pressão intra ocular

Fatores de risco e diagnóstico

Pessoas com histórico familiar de glaucoma têm cerca de 6% de chance de desenvolver a doença; Diabéticos e negros são mais propensos a desenvolverem glaucoma de ângulo aberto, e asiáticos têm maior tendência a desenvolver glaucoma de ângulo fechado. Idealmente, todas as pessoas devem verificar por glaucoma a partir dos 35 anos, com a freqüência das checagens aumentando com a idade. Metade das pessoas que sofrem de glaucoma não sabem disso.

Verificação de glaucoma normalmente é parte do exame ocular padrão feito por um oftalmologista. A verificação de glaucoma deve incluir medida da pressão intraocular, além do exame do nervo óptico em busca de lesões. Se houver qualquer suspeita de lesão no nervo óptico deve ser feita uma campimetria. A oftalmoscopia a laser também pode ser realizada. Tomografia da cabeça também pode ser feita para buscar outras causas de pressão alta no crânio.

Tratamento

Apesar da pressão intraocular elevada não ser a única causa do glaucoma, até o momento diminuí-la é o principal tratamento.

Drogas

Pressão intraocular pode ser diminuída com medicamentos, em geral, colírios. Há diversas classes diferentes de medicamentos para tratar glaucoma, com diversos medicamentos em cada classe. Antagonistas adrenérgico beta de uso tópico, como o timolol e o betaxolol diminuem a produção de humor aquoso. Medicamentos simpatomiméticos menos seletivos, como a epinefrina, aumentam o fluxo do humor aquoso através da malha trabecular e possivelmente através da via úveo-escleral. Agentes mióticos para-simpatomiméticos como a pilocarpina funcionam pela contração do músculo ciliar, estreitando a malha trabecular e permitindo o aumento do fluxo através das vias tradicionais. Inibidores da anidrase carbônica, como a dorzolamida, diminuem a secreção do humor aquoso pela inibição da anidrase carbônica no corpo ciliar. Análogas da prostaglandina, como o latanoproste, aumentam o escoamento do humor aquoso pela via úveo-escleral.

Todos os medicamentos usados para controlar o glaucoma provocam sérios efeitos colaterais. Uma importante pesquisa de R.S.Hepler e I.M. Frank revelou que apenas a cannabis não provoca tais efeitos. Eles observaram que trinta minutos depois de fumar cannabis a pressão intra-ocular reduzia em aproximadamente 25%, o fluxo lacrimal e a pressão ocular rítmica reduziam em 50%, sem desenvolvimento de tolerância (sem necessidade de aumento da dose para obter o mesmo efeito). Extratos de cannabis administrados oralmente, por via endovenosa ou por aplicação tópica causavam o mesmo efeito.

Fonte: R.S.Hepler e I.M.Frank,1971. Apud Robinson, Rowan, O grande livro da cannabis: guia completo de seu uso industrial, medicinal e ambiental, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1999, p 33.

Cirurgia

Tanto a cirurgia a laser quanto a tradicional podem ser realizadas para o tratamento de glaucoma. A trabeculoplastia laser pode ser utilizada para tratamento de glaucoma de ângulo aberto. Um ponto de laser de argônio é apontado à malha trabecular para estimular a abertura da malha e permitir um aumento no escoamento do humor aquoso.

A cirurgia convencional mais comum realizada para tratamento de glaucoma é a trabeculectomia. Nela, uma câmara (bolha) é feita na parede escleral do olho, e uma abertura é feita abaixo da bolha para remover a porção da malha trabecular. A bolha é então suturada frouxamente de volta. Isso permite o fluido escoar para fora do olho através desta abertura, resultando em diminuição da pressão intraocular.